Apresentação – possibilidades de travessias (Ed. 77 – Dossiê Migração, sexualidade e identidade de gênero)
Vivendo em liberdade? Homossexualidade, diferenças e desigualdades entre brasileiros na Espanha
Migrações internas e internacionais motivadas por orientação sexual e identidade de gênero
Refugiados LGBTI no Brasil
Apresentação – A importância da categoria "gênero" nos novos estudos migratórios
"Refugiados LGBTI": gênero e sexualidade na articulação com refúgio no contexto internacional de direitos
Esse artigo apresenta o que o autor entende ser uma limitação injustificada da maneira como as questões de gênero têm sido postuladas, isto é, como questões essencialmente políticas. Para isso, se lança mão da noção de sistema técnico-democrático que afirma a implicação necessária entre o mundo humano e o mundo natural. As questões de gênero permitem visualizar nitidamente essa implicação e, simultaneamente, permitem uma melhor compreensão da identidade originária entre democracia e tecnologia.
Este texto resulta de uma pesquisa qualitativa com suporte na análise de depoimentos de mulheres brasileiras, na faixa etária de 15 a 29 anos, atletas de alto rendimento, nas modalidades de atletismo e natação, acerca de violências por elas vivenciadas em suas carreiras, nas relações com os seus técnicos.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero. Violência. Mulheres Atletas.
Resumo: Neste artigo, apresento uma revisão teórica do conceito de gênero à luz dos estudos raciais. Isto significa que os preceitos que estabeleceram importantes teorias feministas são conjugados às perspectivas raciais para entender a dupla alteridade da mulher negra. Este texto busca dar visibilidade às análises históricas e filosóficas construídas por feministas pioneiras no Brasil e nos Estados Unidos.
Esse artigo tem como objetivo promover uma aproximação à discussão da violência contra as mulheres, como uma das expressões das desigualdades sociais, que, articuladas na relação entre classe, gênero e raça, repercutem diretamente na saúde e no cotidiano de vida das mulheres pobres da periferia.
O artigo se propõe a analisar as relações culturais existentes entre o Cristianismo e as questões de gênero no ambiente contemporâneo. Para isso, sua perspectiva se desgarra de pontos de vista religiosos e teológicos, considerando a dinâmica cultural dessa religião no ocidente. O que se verifica, então, é que não há incompatibilidade entre o dispositivo cristão da integração subordinada da pessoa com a ampliação da liberdade ao âmbito da sexualidade. Mais precisamente, a liberdade sexual contemporânea adquire seu sentido como um caso particular da liberdade cristã. A liberdade sexual é completamente cristã.
As conseqüências sociais e psicológicas da violência urbana sobre os parentes e amigos de pessoas vitimadas por mortes violentas (homicídio, suicídio ou acidentes) são analisadas à luz das diferenças de gênero. A literatura especializada nesta área propõe que mulheres e homens vivenciam experiências traumáticas de forma peculiar. Porém, os traumas típicos são diferentes em cada gênero, deixando em aberto a questão sobre quanto das diferenças entre as respostas se devem a gênero e quanto se devem ao tipo de trauma. Testamos a hipótese de que as mulheres são mais suscetíveis à desordem de estresse pós-trauma (DEPT) numa situação traumática comum, usando dados qualitativos e quantitativos. Comparamos os sintomas do trauma e as percepções sobre o significado da perda de seus entes queridos. A amostra, de 425 mulheres (62%) e 265 homens (38%), foi retirada de uma lista de parentes de pessoas que sofreram morte violenta na cidade do Rio de Janeiro. Incluímos trinta relatos de parentes e amigos próximos das vítimas diretas. Os resultados revelaram que 54% das mulheres e 41% dos homens tiveram o cotidiano alterado depois da morte de um parente/amigo. Há diferenças estatisticamente significativas nos problemas de saúde e na diversão. Essa área foi a mais afetada, atingindo metade dos entrevistados. Uma variável intimamente correlacionada com os sintomas da DEPT é o contato com o corpo: controlando a extensão do contato (fez o reconhecimento do corpo; viu, mas não reconheceu e nem viu nem reconheceu). Em cada uma dessas categorias, as mulheres foram mais afetadas do que os homens. O artigo conclui que as mulheres sentem mais as perdas do que os homens, mas que parte das diferenças não são internas aos gêneros, mas externas a eles, dependendo das interações e dos contatos pessoais.
O gênero é uma maneira primária de classificar relações de poder", afirmou Joan Scott. Trazido à teoria política e social nos anos 1970, com o intuito de diferenciar construções sociais de condicionamentos biológicos, o termo expressa a urgência atual de compreender e contornar os obstáculos materiais e simbólicos que afastam as mulheres e outras minorias dos espaços decisórios.
Neste trabalho me proponho a tecer algumas considerações sobre os determinantes de gênero na dinâmica das relações sociais a partir de uma perspectiva feminista. Entendo, porém, que, nas sociedades contemporâneas, capitalismo, sexismo, racismo, etarismo, e lesbo/homofobia, dentre outras matrizes de opressão, não agem independentemente. Estão imbricadas ou em "simbiose", constituindo-se como matrizes de opressão que se entrelaçam e se reforçam, forjando sistemas de estratificação e opressão interseccionados. Da mesma forma, gênero, raça e classe e demais marcadores de diferença e elementos constitutivos das relações sociais não atuam separadamente. Esses elementos se intersectam e recortam uns aos outros, modificando, mutuamente, uns aos outros. Isso implica dizer que as respectivas categorias de gênero, raça, classe e outras categorias sociais similares não são categorias autônomas. Daí porque precisamos pensar em instrumentos conceituais que nos permitam identificar e analisar como estruturas de privilégio e opressão se intercruzam em diferentes níveis e se manifestam na vida cotidiana das mulheres e na construção de suas identidades. Nesse intuito, baseio-me aqui na noção de "caleidoscópios de gênero" que, acredito, nos permite melhor dar conta desses processos.
O objetivo central deste artigo é mostrar que a questão de gênero, levantada no cenário internacional nas últimas duas décadas pelo movimento subnacional, transpassa a visão tradicional das relações internacionais. Através de um movimento transnacional, as cidades vêm elaborando políticas públicas e iniciativas em um espaço internacional de representação dos movimentos e preocupações de gênero. A metodologia aqui aplicada consiste em analisar o conteúdo dos documentos produzidos e disponibilizados, de 2000 até 2011, pela Unidade Temática de Gênero e Município da Rede Municipal de Mercocidades, de forma a identificar as atuais políticas internacionais, bem como estabelecer uma relação entre a representação feminina e a atuação transnacional dos governos locais. A base teórica apoia-se no efeito bumerangue construtivista, elaborado por Martha Finnemore e Kathryn Sikkink, que buscam explicar a atuação transnacional dos novos atores internacionais, bem como dos estudos feministas de Marisa Zalewski, Cynthia Enloe, Christine Sylvester e Spike Peterson que norteiam a pesquisa qualitativa sobre a representação e ação de gênero na documentação analisada. As análises demonstraram que a cooperação descentralizada das cidades não apenas ampliou o número de atores porta-vozes dessa temática nas relações internacionais, como também contribuíram para construir definições sobre a questão de gênero no Cone Sul-Americano.
O que esse artigo propõe é olhar para os marcos de debate teórico de gênero e colonialidade a partir das contribuições de intelectuais indígenas latino-americanas, em especial brasileiras e bolivianas. Apresentando reflexões a partir de conceitos formulados por intelectuais indígenas como corpo-território e amansamento, além de observar o que essas autoras redefinem como espaço político (repolitizando o ambiente doméstico sem abrir mão de sua atuação em ambientes públicos), o presente artigo busca demarcar essas intelectuais indígenas latino-americanas como autoras de importante produção teórica acerca da temática de gênero e colonialidade na América Latina.