Atualmente, há basicamente três termos mais comuns usados para descrever âmbitos da sexualidade humana, que dão origem aos outros: identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. A proposta deste artigo é a de que a identidade de gênero possa ser dividida ainda em duas identidades distintas: a identidade (de gênero) social e a identidade (de gênero) erótico-sexual. A identidade de gênero social estaria mais ligada, como o nome diz, às relações no âmbito social, tal como a laboral, política e familiar, podendo incluir a amorosa, e, em geral, se relaciona com a expressão de gênero que é praticada socialmente, ou seja, compõe a performatividade de gênero. A identidade (de gênero) erótico-sexual teria a ver com a identidade do indivíduo durante o ato sexual, em uma relação específica, em geral privativa, de modo que essa identidade pode ser fixa ou mudar conforme o parceiro ou momento de vida da pessoa. Sendo possivelmente flexível – tanto quanto a identidade de gênero social também pode –, a identidade erótico-sexual pode se expressar, por exemplo, através de zonas erógenas que variam conforme a relação que nasce no encontro com o outro e maneirismos, pode ser expressa através de apetrechos e acessórios que serão usados e que ajudem essa identificação a se manifestar, tais como como lingeries e dildos, que compõem a performatividade erótico-sexual. Algumas abordagens reduziriam essa identificação eróticosexual a um fetiche, e não a uma identidade, ao que proponho, então, que essa classificação de fetiche só fará sentido se também passarmos a considerar a identidade de gênero um fetiche (do português "feitiço", do latim "fictício").
This paper aims at investigating how feminine identities are represented and constituted in advertising discourse (Magalhães, 1995, 2005). The analysis, which adopts the theoretical-methodological principles of Critical Discourse Analysis (Chouliaraki and Fairclough, 1999; Fairclough, 2001) and Systemic-Functional Linguistics (Halliday, 1994), explores actions, feelings, beliefs and values expressed through this discourse, which constitutes social reality and identities.
Resumo Esta pesquisa visa a diagnosticar a discriminação por identidade de gênero, quanto à alteração do registro civil, na prática do Poder Judiciário de São Paulo anteriormente à recente decisão do STF sobre a questão. Foi realizado, pois, um mapeamento dos acórdãos do TJSP relativos a alteração de prenome por um período de 5 anos. A partir dos acórdãos foram comparados o tratamento dado a pessoas trans e o dado a pessoas cisgêneras, concluindo pela identificação da discriminação direta na aplicação do direito.
O autor pretende repensar a teoria interacionista de John Money sobre Identidade de Gênero, a partir dos novos concertos advindos das teo- rias feministas e das teorias da psicossociologia.O autor situa a teoria de Money dentro da doutrina funcionalista, considerando-a, neste sentido, fixa em seus pressupostos, e com objetivos normativos. Considera ainda que a pesquisa original (que deu origem a toda teo- ria interacionista) não possui validade científica capaz de generalização, tal como vem ocorrendo, a partir dela até nossos dias.A proposta final do artigo é sugerir reformulação a complementação aos concertos de identidade de gênero, compatíveis com as nudanças sociais advindas da pós- modernidade.
O texto apresenta uma reflexão crítica sobre algumas teorias de gênero, buscando evidenciar as principais questões referentes às mulheres no mercado de trabalho. Este artigo também discute algumas das limitações de gênero com as quais as mulheres se deparam em sua inserção profissional e no desenvolvimento de suas carreiras.
Resumo: Neste artigo analisamos a construção da identidade de gênero entre meninas adolescentes, a partir da sua dimensão performativa. A pesquisa etnográfica foi realizada em uma escola pública de Ensino Fundamental II, em Salvador. A produção discursiva de diferenças, semelhanças e desigualdades entre categorias de menina é um dos modos pelos quais o gênero vai sendo (re)construído e negociado nas interações cotidianas. Tendo como pano de fundo a regulação moral exercida pelos pares, expõe-se como cada posição de sujeito assimila, contesta e ressignifica comportamentos e características socialmente convencionados como femininos e masculinos. Em um continuum de conformidades e subversões, "normais", "atiradas" e "evoluídas" exibem traços de permanências e mudanças culturais, evidenciando a heterogeneidade marcadamente contraditória da constituição de identidades generificadas.
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as normas e expectativas sociais que permeiam o imaginário do(a) adolescente no tocante à construção de sua identidade de gênero. É um estudo qualitativo realizada com adolescentes de uma escola pública municipal de uma cidade do interior mineiro, que usou como técnica de coleta o grupo focal, e para organização dos dados, a análise de conteúdo temática. Verificou-se 11 categorias entre os (as) adolescentes, das quais sete relativas à identidade positiva e quatro ligadas à identidade negativa. Verificou-se a existência de traços identificatórios constitutivos na formação da sexualidade masculina e feminina, o que indica que estão inseridos dentro de um padrão normativo sexual e social. Uma visão de machismo, possivelmente perpetuado pela família e escola também foi verificado. O papel de cuidadora, de reprodução humana e da busca da beleza a todo custo, se mostrou na fala das meninas. Tais resultados mostram a necessidade de melhor formação aos professores para lidarem com estes conceitos, bem como, a inclusão de ações de educativas com as famílias para a possibilidade de melhores relações entre os gêneros, num grupo em processo de desenvolvimento psicossocial.Descritores: Identidade de gênero; Adolescente; Saúde escolar.
Resumo: Este estudo teórico-reflexivo se propõe a explorar a transmasculinidade na perspectiva da teoria de Paul B. Preciado, a partir da abordagem das concepções de identidade que a atravessam e de suas repercussões na categoria gênero. O desenvolvimento das identidades transmasculinas perpassa a desidentificação com a cisheteronormatividade para subsequente identificação como sujeitos masculinos baseando-se, muitas vezes, nos efeitos plástico-prostéticos do consumo de hormônios sintéticos, que lhes possibilitam a externalização de suas subjetividades e identidades masculinas a partir das modificações do relevo corporal e de seu reconhecimento social e validação enquanto tais.
RESUMOPreconceitos relacionados a sexo e gênero são ligados à prática da dominação, discriminação, a comportamentos violentos e estigmas. Visões estereotipadas e sexistas a respeito da população transgênero irão desempenhar importante papel na ocorrência de atitudes de abuso e violência. Esta pesquisa teve por objetivo compreender a LGBTfobia e realizar uma análise crítica das evidências do machismo e sexismo, sob a ótica da constelação familiar, com o intuito de visibilizar os desafios que se apresentam a estigmas, trajetórias e a identidade de gênero, como forma de alicerçar a aceitabilidade às orientações sexuais de cada ser. Nesse sentido, para entender esses fenômenos, buscou-se estudá-los através de abordagens sociais e de gênero. Com o intuito de contribuir nesse aspecto, a presente pesquisa é de caráter qualitativo, exploratório e descritivo, desenvolvida através de uma revisão narrativa de literatura. Buscou-se reunir em uma base de dados pré-definida, referências que discutissem a constelação familiar bem como violências dirigidas à população LGBT. O termo sexo reserva-se às características biológicas predeterminadas do homem e da mulher, enquanto gênero é utilizado para assinalar as características socialmente construídas, que constituem a definição do masculino e do feminino em diferentes culturas. Nos resultados, detectou-se a presença de estereótipos de gênero. O sexismo, também presente, apresentou-se significativamente mais benévolo que hostil. Os achados corroboram a existência de estereótipos de gênero e sexismo ambivalente e a necessidade de desenvolvimento de ações e políticas para sua erradicação.Gênero. Constelação familiar. Direitos humanos. ABSTRACT Prejudices related to sex and gender are linked to the practice of domination, discrimination, violent behaviour and stigma. Stereotyped and sexist views about the transgender population will play an essential role in the occurrence of attitudes of abuse and violence. This research aimed to understand LGBTphobia and carry out a critical analysis of the evidence of machismo and sexism, from the perspective of the family constellation, to visualize the challenges that are presented to stigmas, trajectories and gender identity as a way of ground acceptability to the sexual orientations of each being. In this sense, to understand these phenomena, we sought to study them through social and gender approaches. In order to contribute to this aspect, this research is qualitative, exploratory and descriptive, developed through a narrative literature review. We sought to gather in a pre-defined database references that discussed the family constellation and violence directed at the LGBT population. The term sex is reserved for the predetermined biological characteristics of men and women. At the same time, gender is used to indicate the socially constructed factors that constitute males and females in different cultures. In the results, the presence of gender stereotypes was detected. Sexism, also present, was significantly more benevolent than hostile. The findings corroborate gender stereotypes and ambivalent sexism and the need to develop actions and policies to eradicate them.Gender. Family constellation. Human rights. RESUMEN Los prejuicios relacionados con el sexo y el género están vinculados a la práctica de la dominación, la discriminación, los comportamientos violentos y el estigma. Las opiniones estereotipadas y sexistas sobre la población transgénero jugarán un papel importante en la aparición de actitudes de abuso y violencia. Esta investigación tuvo como objetivo comprender la LGBTfobia y realizar un análisis crítico de las evidencias del machismo y el sexismo, desde la perspectiva de la constelación familiar, con el fin de visualizar los desafíos que se presentan a los estigmas, trayectorias e identidad de género, como una forma de aceptabilidad fundamental a las orientaciones sexuales de cada ser. En este sentido, para comprender estos fenómenos, se buscó estudiarlos a través de enfoques sociales y de género. Para contribuir en este aspecto, esta investigación es cualitativa, exploratoria y descriptiva, desarrollada a través de una revisión narrativa de la literatura. Buscamos recopilar en una base de datos predefinida, referencias que discutieran la constelación familiar, así como la violencia dirigida a la población LGBT. El término sexo se reserva para las características biológicas predeterminadas de hombres y mujeres, mientras que género se utiliza para indicar las características construidas socialmente que constituyen la definición de hombre y mujer en diferentes culturas. En los resultados se detectó la presencia de estereotipos de género. El sexismo, también presente, fue significativamente más benévolo que hostil. Los hallazgos corroboran la existencia de estereotipos de género y sexismo ambivalente y la necesidad de desarrollar acciones y políticas para erradicarlos.Género. Constelación familiar. Derechos humanos.
Nos últimos tempos, assiste-se ao aparecimento de novas realidades no interior do coletivo trans*, a dar visibilidade a situações ou circunstâncias que, até há poucos anos, eram completamente invisíveis e absolutamente silenciadas. Esse é o caso, sem ir muito além, da questão da transexualidade na infância e na adolescência. Parece que vive-se os momentos iniciais daquilo que se está chamando de uma mudança de paradigma: o deixar de entender a experiência das crianças e adolescentes trans* como uma desordem identitária ou um problema e passar a considerá-la como um conjunto de construções e eleições de caráter personalíssimo, de trajetórias heterogêneas, fluidas e mutáveis, às quais a lei não deve nem pode dar as costas. É por isso que, no presente artigo, se analisará o contexto social e legal que rodeia a vida das crianças e dos adolescentes trans* no Chile atual, incidindo particularmente naqueles aspectos que caracterizam o direito à identidade (de gênero) naqueles casos em que sua titularidade recai sobre uma pessoa menor de idade.
Apesar das migrações internas e internacionais motivadas por orientação sexual e identidade de gênero serem antigas e ainda hoje muito recorrentes, a reflexão teórica especificamente sobre esses deslocamentos se iniciou somente nos anos 2000. O objetivo deste texto é evidenciar que identidade de gênero e orientação sexual são categorias analíticas importantes para os estudos de mobilidade humana. Para tanto, inicialmente discorrer-se-á acerca de migrações internas – isto é, dentro de um mesmo território nacional – motivadas por orientação sexual. Na sequência, discutir-se-á as migrações internacionais envolvendo pessoas não-heterossexuais. Por fim, uma atenção especial será dada a um tipo específico de migração internacional: o refúgio baseado em perseguição ou temor de perseguição por orientação sexual e identidade de gênero.
O artigo tem como objetivo refletir acerca das condições de inserção e permanência de homens transexuais no mercado de trabalho. As trajetórias de trabalho analisadas demonstram que inúmeras são as situações de violações dos direitos mais elementares vivenciadas por homens trans no acesso do direito ao trabalho, o que evidencia que o mundo do trabalho não é alheio às relações sociais pautadas na cisnormatividade e na heteronormatividade, pelo contrário, é uma esfera que atua na (re) produção das relações de opressão. A condição de trabalhador trans impacta diretamente nas condições de sobrevivência material e também subjetiva desses sujeitos.
The gender identity subject has been the focus of several social and political debates in which: there are individuals who try to eliminate social inequalities regarding gender; and, on the other hand, there are those who seek for visibility, fighting for their rights to be validated. Both of the groups constitute part of the LGBTTQI+ community. Thus, the present study refers to a research carried out at a university in the interior of São Paulo, whose corpus consists of statements made by undergraduate students that discuss the themes of identity, gender, prejudice and discrimination. Once it is a multifaceted theme, in which the phenomena of intolerance, hatred and fear emerge – in addition to discussions and positions that involve political, religious and ideological issues – the present work draws on the French discursive semiotics, by Algirdas Julien Greimas and collaborators. In conclusion, in their discourses, it was observed the identity transformation through the subjective confrontation of some malevolent passions, such as hatred and intolerance. ; RESUMO: O tema identidade de gênero tem sido pauta de diversos debates sociais e políticos em que, de um lado, se apresenta sujeitos que procuram combater e excluir padrões que fogem ao que prevê o estatuto heteronormativo presente em âmbito social. De outro, aqueles que se lançam em busca de visibilidade e reconhecimento de direitos, que se constitui como um grupo que viveu historicamente segregado e que agora pode presentificar sua existência nas ruas por meio da ascensão de movimentos identitários que a comunidade LGBTTQI+ performatiza. Dessa forma, o presente trabalho refere-se ao recorte de uma pesquisa realizada em uma universidade do interior paulista, cujo corpus consiste em depoimentos consentidos de acadêmicos que discorrem sobre os temas da identidade, alteridade, gênero, preconceito e discriminação. Por se tratar de um tema multifacetado, no qual emergem, em seus diversos desdobramentos, os fenômenos da intolerância, ódio e medo, além de discussões e posicionamentos que envolvem questões políticas, religiosas e ideológicas, o presente trabalho recorre à semiótica discursiva de linha francesa, de Algirdas Julien Greimas e colaboradores, para fundamentar a análise da significação produzida por uma das depoentes da pesquisa mencionada. Desse modo, observou-se, em seu discurso, entre outros efeitos, a sua transformação identitária a partir do enfrentamento subjetivo de algumas paixões malevolentes, como o ódio e a intolerância.