O brincar em narrativas autobiográficas: um estudo intergeracional
In: ETD - Educação Temática Digital, Band 12, Heft 2, S. 107-123
Este trabalho de pesquisa pretendeu, a partir de narrativas autobiográficas de jovens em processo de formação para a docência, fazer um levantamento comparativo das condições em que se desenvolveram as práticas lúdicas de três gerações de brincantes: estudantes do curso de pedagogia da Universidade Federal do Ceará, seus pais e avós. A pesquisa assenta sobre duas ordens de inquietações: a interrogação acerca do papel das práticas lúdicas na constituição da infância e, por consequência, nas práticas educativas; e o papel do discurso autobiográfico na formação docente. As referências teóricas da socioantropologia do jogo; da sociologia da infância, da abordagem historiográfica do brinquedo e da pesquisa autobiográfica, fazendo dialogar objeto e método, apontam para a indissociável relação entre pesquisa e formação. O procedimento metodológico prevê o resgate das experiências lúdicas do passado, por uma turma de alunos da disciplina de Práticas Lúdicas, Identidade Cultural e Educação da Criança, do curso de Pedagogia da UFC, através da elaboração escrita de narrativas autobiográficas sobre suas memórias de infância, de seus pais e de seus avós. Os resultados sinalizam para um intenso envolvimento dos sujeitos no processo de construção das narrativas que não apenas deu visibilidade à relatividade histórica das formas de brincar, mas também possibilitou uma reconfiguração do passado em relação a si mesmo e, sobretudo, uma leitura objetiva dos vínculos sociais que o engendram, possibilitando um percurso formativo autorreferenciado.