A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL E A ACIRRADA DIALÉTICA INTELECTUAL EM TORNO DO FASCISMO
In: Revista de Políticas Públicas, Band 24, S. 45-69
Abstract
Falando de fascismo, muitas vezes, encontramos leituras bastante superficiais que atribuem essa definição para qualquer movimento conservador ou fenômeno autoritário. Na realidade, o fascismo tem suas próprias características, que precisam ser conhecidas. Estudar todo o conjunto complexo e articulado de contradições que, de forma direta ou indireta, caracterizaram a história da civilização ocidental fica essencial para compreender umas das épocas mais dramáticas na história da humanidade contemporânea. O fascismo é o produto das contradições objetivas e subjetivas das sociedades liberais em crise, mas também um desenvolvimento político e cultural não alheio à brutal civilização europeia que submeteu e escravizou os chamados "povos primitivos". Não reconhecer esses elos orgânicos, recusando-se a historicizar e enquadrar filosoficamente premissas e causas racionais desse fenômeno, leva, inevitavelmente, à utilização das categorias anti-históricas da teratologia, que pretendem representar a realidade como resultado inexplicável da loucura, da monstruosidade e da deformidade.
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