Através de uma reflexão apoiada em dados etnográficos obtidos do relato de um artista de rua e viajante (aqui denominado Juan) em migração nos anos 2020 pelo sul do Estado do Espírito Santo, Brasil, procurou-se levantar alguns aspectos teóricos de relevância para análise de um modo de vida urbano moderno, notoriamente marcado nas sociedades ocidentais pelo consumo. Por meio de uma etnografia elaborada a partir de entrevistas não estruturadas realizadas em seu ambiente de trabalho e vida (principalmente o centro urbano de Cachoeiro de Itapemirim) e de correspondências eletrônicas demandando informações sobre sua situação durante a pandemia (quando, em quarentena, se estabeleceu na Serra do Caparaó no sul capixaba) Juan expõe sua cosmovisão. Ao tentar se posicionar voluntariamente fora da estrutura social no que tange a família, trabalho, religião, posição social e outras dimensões da existência, ele assume um lugar de fala externo ao padrão cultural de sua época. Seu olhar de outsider foi capaz de contribuir, em perspectiva, na objetivação de certas dimensões da experiência do Homo economicus, revelando o lado exótico deste modo de vida que nos é tão familiar.
Abstract: Through a reflection based on ethnographic data obtained from the report of a street artist and traveler (here called Juan), migrating in the 2020s through the south of the State of Espírito Santo, Brazil, we sought to raise some theoretical aspects of relevance for analysis of a modern urban way of life, notoriously marked in Western societies by consumption. Through ethnography drawn from unstructured interviews carried out in their work and living environments (mainly the urban center of Cachoeiro de Itapemirim) and electronic correspondence demanding information about their situation during the pandemic (when, in quarantine, they established in Serra do Caparaó in the south of Espírito Santo) Juan reveals his worldview. By trying to voluntarily position himself outside the social structure in terms of family, work, religion, social position and other dimensions of existence, he assumes a place of speech outside the cultural standard of his time. His outsider's perspective was able to contribute, in perspective, to the objectification of certain dimensions of the experience of Homo economicus, revealing the exotic side of this way of life that is so familiar to us. Key words: homo economicus, traveler, anti structure, pandemic, ethnography.
Résumé: À travers une réflexion basée sur des données ethnographiques obtenues à partir du récit d'un artiste de rue et voyageur (appelé ici Juan), migrant dans les années 2020 à travers le sud de l'État d'Espírito Santo, au Brésil, nous avons cherché à soulever certains aspects théoriques pertinents pour l'analyse. d'un mode de vie urbain moderne, notoirement marqué dans les sociétés occidentales par la consommation. À travers une ethnographie tirée d'entretiens non structurés réalisés dans leurs milieux de travail et de vie (principalement le centre urbain de Cachoeiro de Itapemirim) et une correspondance électronique exigeant des informations sur leur situation pendant la pandémie (lorsque, en quarantaine, ils se sont établis à Serra do Caparaó, dans le sud du pays). d'Espírito Santo) Juan révèle sa vision du monde. En essayant de se positionner volontairement en dehors de la structure sociale en termes de famille, de travail, de religion, de position sociale et d'autres dimensions de l'existence, il assume un lieu de parole en dehors des normes culturelles de son époque. Son regard extérieur a pu contribuer, en perspective, à l'objectivation de certaines dimensions de l'expérience d'Homo Economicus, révélant le côté exotique de ce mode de vie qui nous est si familier. Mots-clés: Homo economicus, migration, anti structure, pandemie, etnographie.
Resumen: Por una reflexión basada en datos etnográficos obtenidos del relato de un artista callejero y viajero (aquí llamado Juan), que migra en la década de 2020 por el sur del Estado de Espírito Santo, Brasil, buscamos plantear algunos aspectos teóricos de relevancia para el análisis. de un modo de vida urbano moderno, notoriamente marcado, en las sociedades occidentales, por el consumismo. A través de una etnografía extraída de entrevistas no estructuradas realizadas en sus locales de trabajo y vida (en el centro urbano de Cachoeiro de Itapemirim) y correspondencia electrónica para información sobre su situación durante la pandemia (cuando, en cuarentena, se establecieron en la Serra do Caparaó en el sur de Espírito Santo) Juan revela su cosmovisión. Al tratar de posicionarse voluntariamente fuera de la estructura social en términos de familia, trabajo, religión, posición social y otras dimensiones de la existencia, asume un lugar de habla fuera del estándar cultural de su tiempo. Su mirada outsider pudo contribuir, en perspectiva, a la objetivación de ciertas dimensiones de la experiencia del Homo economicus, revelando el lado exótico de esta forma de vida que nos é tan familiar. Palabras clave: homo economicus, migración, antiestructura, pandemia, etnografia.
O objetivo desse trabalho é analisar os sentidos subjetivos da participação, em um programa de voluntariado empresarial, para os profissionais voluntários. Parte-se do pressuposto de que a prática do voluntariado sob as diretrizes de um programa organizacional é incipiente e, nesta perspectiva, torna-se premente uma análise que contemple sua dimensão subjetiva, a partir da participação dos empregados e das interações sociais que se estabelecem. Toma como objeto de estudo a participação dos voluntários no âmbito do Programa de Voluntariado Empresarial "Voluntários Vale" Vitória. A metodologia utilizada teve como suporte a epistemologia qualitativa proposta por González Rey e abrangeu 40 voluntários. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: entrevista, dinâmica de conversação, completamentos de frases e pesquisa documental. A análise desenvolvida trata do desenho institucional do programa, caracterizando seu processo de implantação e gestão, bem como a forma de promoção da participação dos sujeitos. Aborda também os elementos que facilitam e/ou inibem a participação dos voluntários e os sentidos que assume para os mesmos. Os resultados evidenciam as potencialidades e limites da participação no voluntariado, desde a inserção dos voluntários no programa; o compartilhamento da política e das diretrizes; a promoção da participação através dos encontros de voluntariado, Dia V e pelo uso do portal; os desafios da articulação local desempenhados pelo Facilitador do programa e pelos integrantes do comitê, dentre outros fatores relacionados à interação estabelecida nas ações voluntárias. Os sentidos subjetivos da participação no voluntariado perpassam a prática do voluntariado a partir de núcleos de sentido identificados na história de vida de cada voluntário; também se identificam elementos relativos a realização pessoal, necessidade de reconhecimento, sensação de bemestar, ocupação do tempo ocioso, uma forma de extravasar e a presença marcante da religião. Verifica-se ainda sentidos subjetivos ligados à vida profissional, assumindo uma forma de recolocação profissional, a participação a partir da identificação com a empresa e a relação de troca com a mesma e a interação motivada pela aprendizagem e aperfeiçoamento profissional através desta prática. É notória também a fragilidade da atuação voluntária de muitos participantes. A compreensão do programa de voluntariado em si, dos condicionantes que estão colocados à participação e dos sentidos que assume no âmbito organizacional apontam para uma participação solidária, alheia aos pressupostos de um projeto democrático e participativo de sociedade. ; The purpose of this work is to analyze the subjective senses in taking part in a volunteering business program for professional volunteers. By assuming that to practice volunteering under the guidelines of an organizational program is incipient, thus considering this perspective, an analysis that takes into account its subjective dimension becomes urgent, from the employees" participation as well as social interactions that take place in it. The volunteers" participation is taken as an object of study at the extent of the Business Volunteering Program, namely "Vale Volunteers" Vitória, which is part of "Vale Foundation." The methodology used has had as its support the qualitative epistemology proposed by González Rey, and this included 40 volunteers. The instruments used in this research were: interview, conversational dynamics, phrase completion and documentary research. The developed analysis deals with the program corporate framework, thus characterizing its implementation and management process, as well as the way of organizing the citizens" participation. This also approaches the elements that ease and or inhibit the volunteers in engaging in it, and the senses it represents to those ones. The results clearly show the potentialities and limits of taking part in the volunteering program. Since enrolling the volunteers in the program, sharing policies and guidelines, fostering participation through volunteering meetings, Day V and portal use, the challenges of local relationship performed by the program facilitator and committee members, among other factors about interactions that are set up in volunteering actions. The subjective senses taking part in the volunteering program pass by the volunteering practice from nuclei of identified senses in the history of life of each volunteer. Also, some elements about personal accomplishment are identified such as need of acknowledgment, sensation of well-being, occupying the idle time, a way of overflowing feelings and the outstanding presence of religion. Some subjective senses linked to professional life have been verified, assuming a way of job replacement, participation from identifying the company and exchange relationship with it, as well as the interaction motivated by learning and professional improvement through this practice. The fragility of volunteering performance of many participants is also well-known. Understanding the volunteering program itself, the needs that are placed to taking part in it as well, as the senses it represents to the organizational extent, points to a sympathetic participation, which is foreign to assumptions of a democratic and participatory project of society
International audience The relationship of culture and religion is reciprocal. Cultures are under the impact of religions and these also undergo the impact of cultures. So sometimes these are the cultural elements of an ethnic group manifested more prominently in the religion of the latter, and sometimes it is the religious teachings that influence the culture. The right and left sides form an opposition which has repercussions in the two fields of culture and religion. By their existence in religious texts, this couple acquires a fairly strong religious connotation; it also has an important place in different cultures, whether monotheistic or even pagan. In this article, we will try to focus first on the origin and influence of this couple in one or other of the areas of religion and culture where a physical pattern becomes the criterion of Good and Evil. We will question its multidimensional aspect and study the specifics of this couple evoking a strong dualism. Thus we will study the mutual impacts of the religious and cultural connotations of this couple and this through the study of different cultures. In the second time, we will be interested in the sacred texts of different religions in order to identify the evocations to this dualism. We could then take a comparative look at the texts from different religions and we will dwell in particular on the Shiite jurisprudence which turns out to be fertile ground for the existence of this dualism which would serve as a benchmark between Good and Evil . ; La relation de la culture et de la religion est réciproque. Les cultures sont sous l'impact des religions et celles-ci subissent également l'impact des cultures. Ainsi parfois ce sont les éléments culturels d'une ethnie se manifestent de manière plus importante dans la religion de cette dernière, et parfois ce sont les enseignements religieux qui influencent la culture. Les côtés droit et gauche forment une opposition qui a des retentissements dans les deux domaines de la culture et de la religion. De par son ...
The freedom of religion enshrined in article 19 of the 1991 Political Constitution, among other reasons, has allowed the presence and action of religious groups and denominations of different orders in the country. One of these many groups are the Israelites of the New Universal Covenant, who with a religious proposal to fulfill the 10 commandments of God's law have managed to consolidate in the country. Organized in the Evangelical Association of the Israelite Mission of the New Universal Pact Aeminpu, born in Peru in the 60s of the last century, but expanded in Latin America, the Israelites, as they are commonly known, have consolidated a dynamic religious group with more than 30 years of presence in Colombia. Initially, the Israelites presented themselves as a traditional, closed religious group, which made access difficult for scholars. Over the years and their own dynamics, the leaders have been opening up the visit of academics, journalists and onlookers. An example of this is the news and reports that have been published about the Israelites in newspapers and magazines with wide circulation in Colombia. But, ¿what does the written media say about the Israelites? ¿What are the images that have been released about this religious group? ¿What are the themes they describe? ¿What characters and places stand out? These questions are answered in the development of this article, which aims to analyze three reports from the newspapers El Colombiano from the city of Medellín, El Espectador and El Tiempo from the city of Bogotá and two reports from the Cromos y Gente magazine. ; La libertad de cultos consagrada en el artículo 19 de la Constitución Política de 1991, entre otras razones, ha permitido la presencia y accionar de grupos y denominaciones religiosas de distinto orden en el país. Uno de estos tantos grupos es los Israelitas del Nuevo Pacto Universal, quienes con una propuesta religiosa de cumplir los diez mandamientos de la ley de Dios han logrado consolidarse en el país. Organizados en la Asociación Evangélica de la Misión Israelita del Nuevo Pacto Universal Aeminpu, nacida en Perú en los años 60 del siglo pasado, pero expandida en Latinoamérica, los israelitas, como comúnmente se les conoce, han consolidado un grupo religioso dinámico con más de treinta años de presencia en Colombia. Teniendo como centro de expansión el Municipio de Santander de Quilichao en el Norte del departamento del Cauca, la iglesia israelita se ha expandido especialmente en la región del suroccidente teniendo entre sus feligreses a indígenas y campesinos desplazados por el conflicto armado que han conformado iglesias locales y municipales. Inicialmente, los israelitas se presentaron como un grupo religioso tradicional, cerrado, que ponía dificultades al acceso de los académicos. Con el paso de los años y las dinámicas propias los líderes han ido dando apertura a la visita de académicos, periodistas y curiosos. Una muestra de ello son las noticias y reportajes que se han publicado sobre los israelitas en periódicos y revistas de amplia circulación en Colombia. Pero ¿qué dicen los medios escritos sobre los Israelitas? ¿Cuáles son las imágenes que se han divulgado sobre este grupo religioso? ¿Cuáles son los temas que describen? ¿Qué personajes y lugares se destacan? Las respuestas a estas preguntas tendrán lugar en el desarrollo de este artículo, que tiene como objetivo analizar tres reportes de los periódicos El Colombiano de la ciudad de Medellín, El Espectador y El Tiempo de la ciudad de Bogotá y dos reportajes de la Revista Cromos y Gente. ; A liberdade de religião consagrada no artigo 19 da Constituição Política de 1991, entre outros motivos, permite a presença e atuação de grupos religiosos e denominações de diversas ordens no país. Um desses tantos grupos são os israelitas da Nova Aliança Universal, que com uma proposta religiosa de cumprir os 10 mandamentos da lei de Deus conseguiram se consolidar no país. Organizados na Associação Evangélica da Missão Israelita da Nova Aliança Universal Aeminpu, nascida no Peru na década de 60 do século passado, mas expandida na América Latina, os israelitas, como são comumente conhecidos, consolidaram um grupo religioso dinâmico com mais de 30 anos de presença na Colômbia. Tendo como centro de expansão o Município de Santander de Quilichao no norte do departamento de Cauca, a igreja israelita se expandiu especialmente na região sudoeste, tendo entre seus paroquianos indígenas e camponeses deslocados pelo conflito armado que formaram igrejas locais e municipal. Inicialmente, os israelitas se apresentaram como um grupo religioso tradicional e fechado, o que dificultou o acesso dos estudiosos. Ao longo dos anos e em sua própria dinâmica, as lideranças vêm abrindo a visita de pessoas acadêmiaos, jornalistas e curiosas. Um exemplo disso são as notícias e reportagens publicadas sobre os israelitas em jornais e revistas de grande circulação na Colômbia. Mas o que a mídia escrita diz sobre os israelitas? Quais são as imagens divulgadas sobre este grupo religioso? Quais são os temas que eles descrevem? Quais personagens e lugares se destacam? Essas perguntas são respondidas no desenvolvimento deste artigo, que tem como objetivo analisar três reportagens dos jornais El Colombiano da cidade de Medellín, El Espectador e El Tiempo da cidade de Bogotá e duas reportagens da revista Cromos y Gente.
Rev.esc.adm.neg The aim of this research is to analyze the cultural features of three indigenous production organizations in the municipality of Toribío, in the department of Cauca, Colombia. The investigation uses a qualitative methodology based on the organizational ethnography and the analysis of emerging cultural categories. The results include points of cultural convergence that have been institutionalized on the basis of the context and characteristics of the environment, which are specific to the communities and the ethnicity to which the three organizations belong. There are cultural features that show similarity among the three units of analysis, such as the language, the legends, the myths, the heroes, the beliefs, the religion, the mingas, the interpersonal relations, the labor relations, the norms, the policies, the rules, the formal organization, the relationship with stakeholders, the customs, and the informal organization. However, there are points of cultural divergence that are related to basic assumptions, values, symbolism, infrastructure, work environment, social projection, and leadership, and which are constituted as the product of the internal characteristics of the organizations and the way they have developed over the years. The study concludes that the way in which the cultural characteristics are materialized, developed, and symbolized differs for each organization, with some being more indigenous-traditional and others more western-modern. ; Rev.esc.adm.neg Esta investigación tiene por objetivo analizar los rasgos culturales de tres organizaciones productivas indígenas del municipio de Toribío, en el departamento del Cauca, Colombia. La investigación se realizó mediante una metodología cualitativa basada en la etnografía organizacional y el análisis de categorías culturales emergentes. Dentro de los resultados se presentan puntos de convergencia cultural que han sido institucionalizados a partir del contexto y las características del entorno, propias de las comunidades y la etnia a la que pertenecen las tres organizaciones. Existen rasgos culturales que presentan similitud entre las tres unidades de análisis, tales como el lenguaje, las leyendas, los mitos, los héroes, las creencias, la religión, las mingas, las relaciones interpersonales, las relaciones laborales, las normas, las políticas, las reglas, la organización formal, la relación con las partes interesadas, las costumbres y la organización informal. Sin embargo, existen puntos de divergencia cultural relacionados con los supuestos básicos, los valores, la simbología, la infraestructura, el ambiente de trabajo, la proyección social y el liderazgo, los cuales se constituyen como el producto de las características internas de las organizaciones y la forma en la que estas se han desarrollado con el paso de los años. El estudio concluye que la manera en la que se materializan, realizan y simbolizan las características culturales difiere para cada organización, al ser unas más indígenas-tradicionales y otras más occidentales-modernas. ; Rev.esc.adm.neg Cette investigation vise à analyser les caractéristiques culturelles de trois organisations productives indigènes de la municipalité de Toribío, dans le département du Cauca, en Colombie. Nous avons utilisé pour cette investigation une méthodologie qualitative basée sur l'ethnographie organisationnelle et l'analyse des catégories culturelles emergentes. Les résultats montrent des points de convergence culturelle institutionnalisés en fonction du contexte et des caractéristiques de l'environnement typiques des communautés et de l'ethnie auxquelles appartiennent les trois organisations. Certaines caractéristiques culturelles présentent des similitudes entre ces trois unités d'analyse: la langue, les légendes, les mythes, les héros, les croyances, la religion, les mingas, les relations interpersonnelles, les relations de travail, les normes, les politiques, les règles, l'organisation formelle, les relations avec les parties prenantes, les coutumes et l'organisation informelle. Il existe néanmoins des points de divergence culturelle liés aux valeurs, à la symbologie, aux infrastructures, l'environnement de travail, la projection sociale et au leadership qui constituent le produit des caractéristiques internes des organisations et la manière dont elles se sont développés au fil des années. L'étude conclut que la manière dont les caractéristiques culturelles se matérialisent, diffère pour chaque organisation, l'une étant plus indigèno-centrée et l' autre davantage occidentalisé et plus moderne. ; Rev.esc.adm.neg Esta pesquisa tem como objetivo analisar as características culturais de três organizações produtivas indígenas no município de Toribío, no departamento de Cauca, Colômbia. A pesquisa foi realizada utilizando uma metodologia qualitativa baseada na etnografia organizacional e na análise de categorias culturais emergentes. Os resultados apresentam pontos de convergência cultural institucionalizados com base no contexto e nas características do ambiente, típicas das comunidades e do grupo étnico ao qual pertencem as três organizações. Existem características culturais que mostram semelhança entre as três unidades de análise, como linguagem, lendas, mitos, heróis, crenças, religião, mingas, relações interpessoais, relações de trabalho, normas, políticas, organização formal, relações com partes interessadas, costumes e organização informal. No entanto, existem pontos de divergência cultural relacionados a premissas, valores, símbolos, infraestrutura, ambiente de trabalho, projeção social e liderança, que se constituem como produto das características internas das organizações e a maneira pela qual elas se desenvolveram ao longo dos anos. O estudo conclui que a maneira pela qual as características culturais são materializadas, desempenhadas e simbolizadas difere para cada organização, pois algumas são mais tradicionais indígenas e outras mais modernas ocidentais.
The historic evolution of taxation in Colombia is immersed in a series of events that make part of National history. The domineering Colombian system was implemented by Spain during the colonization following its own model. The increase of taxes to finance its activities and wars held for territories resulted in the uprising of the Colonies inhabitants against the oppressive regime. A clear example is the rebellion of the Communards, which originated due to the tax increase of the Armada de Barlovento. The constant abuse and discrimination by the Spaniards unleashed the events that lead to the Independence. After the installation of the new government, one of the first reforms made was the abolishment some taxed like the Indian Tribute (Tributo de Indios). Knowing the origin and evolution of the current imposing system in Colombia is of great help to make a deeper study of the topic and improve its understanding not only from its political context but also the social and cultural one. From ancient times, taxes have been the main source of the States income. Even in Prehistory, taxes were part of religion and beliefs, which is the evidence to prove that taxes have been part of the evolution process of mankind. ; La evolución histórica de los tributos en Colombia se encuentra inmersa en una serie de acontecimientos que hacen parte de la historia patria. El sistema impositivo colombiano fue implementado por España durante la colonización a semejanza del aplicado en dicho país; el incremento de los impuestos para financiar sus actividades y las guerras que sostenía por la lucha de territorios hizo que los habitantes de las colonias se sublevaran en contra del régimen opresor; un claro ejemplo de ello es la rebelión de los Comuneros, la cual se genero debido al incremento del impuesto de la Armada de Barlovento. Los constantes abusos y la discriminación a la que estaban sometidos por parte de los españoles desencadenaron una serie de hechos que posteriormente llevaron a la independencia; al instalarse el nuevo gobierno una de las primeras reformas realizadas en esta materia fue abolir algunos impuestos, como el Tributo de Indios. Conocer el origen y evolución del sistema impositivo actual en Colombia es de gran utilidad para realizar un estudio más profundo del tema y mejorar la comprensión del mismo, desde un contexto no sólo político y económico sino también social y cultural. Desde épocas antiguas los tributos han constituido la principal fuente de ingresos del Estado, incluso en la prehistoria estos hacían parte de la religión y sus creencias, lo cual permite evidenciar que han hecho parte de los procesos evolutivos del hombre. ; L'évolution historique des impôts en Colombie est plongée dans une série d'événements qui font partie de notre histoire nationale. Le système fiscal colombien a été mis en œuvre par l'Espagne pendant la colonisation. L'augmentation d'impôts pour financer les activités espagnoles et les guerres qu'ils avaient par la lutte des territoires ont fait que les habitants des colonies se révoltent contre le régime oppressif. Un exemple clair, c'est la révolte des communards, qui a été généré en raison de l'augmentation d'impôt du Vent Marine. L'abus et la discrimination constante à laquelle ils ont été soumis par les Espagnols ont déclenché une série d'événements qui ont ensuite conduit à l'indépendance, quand le nouveau gouvernement des premières réformes dans ce domaine a été d'abolir certaines taxes, comme le Tribute des Indiens. Connaitre l'origine et l'évolution du régime fiscal actuel en Colombie est très utile pour réaliser une étude plus approfondie du sujet et améliorer la compréhension de celui-ci, à partir d'un contexte politique non seulement économique mais aussi social et culturel. Depuis les temps anciens, les impôts ont été la principale source de revenus, même dans les temps préhistoriques elles faisaient partie de la religion et les croyances, ce qui permet de montrer qu'ils on fait partie intégrante des processus évolutifs de l'homme. ; A evolução histórica dos tributos na Colômbia se encontra imersa em uma série de acontecimentos que fazem parte da história pátria. O sistema impositivo colombiano foi implementado pela Espanha durante a colonização a semelhança do aplicado em tal país; o incremento dos impostos para financiar suas atividades e as guerras que sustentava pela luta de territórios fez que os habitantes das colônias se insurgiram contra o regime opressor; um claro exemplo disso é a rebelião dos Comuneros, a qual se gerou devido ao aumento do imposto da Armada de Barlovento. Os constantes abusos e a discriminação à que estavan submetidos por parte dos espanhóis desencadearam uma série de feitos que posteriormente levaram à indepêndencia; ao instalar-se o novo governo uma das primeiras reformas realizadas nesta matéria foiu abolir alguno impostos, como o Tributo de Indios. Conhecer a origem e evolução do sistema impositivo atual na Colômbia é de grande utilidade para realizar um estudo mais profundo do tema e melhorar a compreensão do mesmo, desde um contexto não só político e econômico senão também social e cultural. Desde épocas antigas os tributos tem constituído a principal fonte de ingressos do Estado, inclusive na pré-história estes faziam parte da religião e suas crenças, o qual permite evidenciar que tem feito parte dos processos evolutivos do homem.
M¥ss Keta est l'ange « aux lunettes de soir » et au visage voilé. Le fait de cacher son identité lui permet de « dire la vérité par rapport aux contraintes de la société contemporaine. Elle est une performer situationniste, une rapper avec une allure punk, une icône pop. M¥ss Keta habite à Milan, et il ne pourrait en être autrement. Il s'agit d'une artiste capable de s'emparer du phallocentrisme de la musique rap pour en bouleverser la dialectique. Ses chansons se caractérisent par un ludisme exacerbé, qui se prête à plusieurs niveaux de lecture. La façon par laquelle elle se présente au public est très ironique et parfois dérangeante. De cette manière, M¥ss pousse son public à mettre en discussion ses points de repère. Les thématiques qu'elle aborde sont très actuelles ; elle parle de liberté sexuelle, de religion, de politique, et d'autodétermination. L'objectif de cet article est de présenter la prise de parole d'une chanteuse contemporaine contre les stéréotypes de genre associés traditionnellement à la femme. L'argumentation que nous proposons se structure autour de deux parcours différents : l'un concerne le concept d'identité, l'autre aborde l'idée d'autodétermination. Cette démarche nous permettra de synthétiser la lutte de l'artiste contre les clichés qui envisagent encore au XXIe siècle la femme comme faisant partie du « sexe-faible ». ; M¥ss Keta es el ángel "con gafas de noche" y con el rostro tapado. Ocultar su identidad le permite "decir la verdad" sobre las limitaciones de la sociedad que la rodea. Es una intérprete situacionista, una rapera con un look punk, un icono del pop. M¥ss Keta vive, ¡no podría ser de otra manera !, en Milán. Es una artista capaz de hacer suyo el falocentrismo de la música rap para alterar su dialéctica. Sus canciones se caracterizan por un entretenimiento exacerbado, que se presta a varios niveles de lectura. La forma en que se presenta ante el público es muy irónica y a veces perturbadora. De este modo, M¥ss incita a su público a discutir sus visiones. Los temas que aborda son muy actuales ; habla de libertad sexual, religión, política y autodeterminación. El objetivo de este artículo es presentar el discurso de una cantante contemporánea contra los estereotipos de género, tradicionalmente asociados a la mujer. La reflexión que proponemos se estructura en torno a dos aspectos fundamentales : uno se refiere al concepto de identidad y el otro a la idea de autodeterminación. Este enfoque nos permitirá sintetizar la lucha de la artista contra los tópicos que todavía en el siglo XXI conciben a la mujer como parte del "sexo débil". ; M¥ss Keta é um anjo "de óculos escuros", e com o rosto encoberto por um véu. O fato de ocultar a sua identidade lhe permite "dizer a verdade" sobre as tensões que cercam a sociedade. Ela é uma performer situacionista, uma rapper com estilo punk, uma ícone pop. M¥ss Ketta mora em Milão, e não poderia ser diferente. Trata-se de uma artista capaz de assumir o controle do falocentrismo da música rap para virar a sua dialética do avesso. Suas músicas se caracterizam por um ludismo exacerbado, suscetível a inúmeras interpretações. Ela se apresenta ao público de uma forma muito irônica e, às vezes, perturbadora. Dessa maneira, M¥ss leva seus admiradores a discutirem sua própria visão de mundo. As temáticas que ela aborda são extremamente atuais ; ela fala de liberdade sexual, de religião, de política, e de autodeterminação. O objetivo deste artigo é analisar a posição de uma cantora contemporânea contra os estereótipos de gênero tradicionalmente associados à mulher. A argumentação proposta se estrutura em torno de dois eixos : um abrange o conceito de identidade e o outro aborda a ideia de autodeterminação. Esta análise nos permitirá sintetizar a luta da artista contra clichês que, em pleno século XXI, ainda associam a mulher ao "sexo frágil". ; M¥ss Keta is the "night-glasses" angel whose face is in disguise. Her secret identity helps her to tell the truth about modern society's constraints. She is a situationist singer, a punk artist, and a pop icon. M¥ss lives in Milan, which could not be otherwise. She harnesses the phallocentric mentality of rap music in order to upset its dialectics. Her songs are highly ludic and can be interpreted at different levels. Her performance style is sarcastic and perturbing. This approach makes her viewers reshape the borders of their comfort zone. She sings about sexual freedom, spirituality, democracy, and self-determination ; the issues she deals with are address-day. The purpose of this essay is to present this singer's resistance to gender stereotypes. We propose inquiries into the argumentation of two different aspects of this rapper's poetics : first, we take into account the concept of identity, and then we investigate the idea of self-determination. The purpose of this paper is to synthesize the struggle of M¥ss Keta against societal misogynistic clichés. Where women are perceived as a "weaker sex."
É um grande prazer reunir neste dossiê os trabalhos de seis membros do LAGERI que realizaram apresentações em reuniões deste laboratório ao longo dos últimos anos. Apesar de representar apenas alguns dos muitos membros do LAGERI, esses seis artigos apresentados neste dossiê mostram a variedade de pesquisas realizadas, por alunos e ex-alunos meus, embora todos compartilhem um interesse em estudos sobre relações interétnicas. O trabalho de Lidiane da Conceição Alves, que ingressou no mestrado em antropologia da UnB em 2017, e realiza pesquisa sobre o tema de professores indígenas e educação escolar indígena entre o povo indígena Apinajé no Norte do Estado do Tocantins, aborda a relação do povo indígena Panhi (melhor conhecido na literatura como Apinajé) com a instituição escolar. A autora busca uma interpretação da escola como espaço de fronteira simbólica, como espaço privilegiado de diálogo entre os mundos indígena e não indígena.
Alessandro Roberto de Oliveira, ex-aluno do DAN/UnB, e atualmente professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB, defendeu sua dissertação de mestrado "Política e Políticos Indígenas: a experiência Xakriabá" em 2008, e sua tese de doutorado, "Tempo dos netos: Abundância e escassez nas redes de discursos ecológicos entre os Wapichana na fronteira Brasil-Guiana", em 2012. Sua contribuição ao dossiê é um trabalho fundamentado em sua pesquisa realizada para o mestrado entre os Xakriabá, e aborda o impacto da mistura nas concepções interétnicas acerca da indianidade, a partir de um foco etnográfico que é um episódio de interpelação à identidade de um lavrador Xakriabá. A partir da noção de "colonialidade do poder" do sociólogo peruano, Aníbal Quijano, o autor examina um momento em que o movimento indígena começou a desestabilizar a colonialidade do poder no município de São João das Missões, no norte do estado de Minas Gerais. O autor descreve a experiência da etnicidade Xakriabá como um microcosmo da crise do colonialismo interno, em que um movimento de descolonização das relações de poder visa eliminar a exploração e a servidão afirmando que uma perspectiva decolonial está sendo inscrita e vivida pelos jovens Xakriabá.
O artigo de Jurema Machado de Andrade Souza, que ingressou no doutorado em antropologia da UnB em 2015, sobre o tema dos indígenas da Reserva Caramuru-Paraguassu e o Estado Brasileiro, busca demonstrar os arranjos étnicos concernentes à coletividade autodenominada Pataxó Hãhãhãi, na Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, no sul do estado da Bahia. O foco deste artigo, fruto de muitos anos de pesquisa junto a esses indígenas, está nas implicações políticas e territoriais, procurando discutir de que maneira as distintas percepções sobre as histórias de cada grupo/família e etnia produziram uma narrativa de luta que possibilitou a retomada integral do território indígena ao longo das três últimas décadas. A autora ressalta que a escassez de terra e a desterritorialização imputaram a esses indígenas novos reordenamentos de ocupação a partir de novas alianças e denominações étnicas em uma situação atual em que a tensão em torno das chamadas origens e etnias está ficando ainda mais evidente.
O artigo de João Francisco Kleba Lisboa, que defendeu sua tese de doutorado no DAN/UnB, "Acadêmicos Indígenas em Roraima e a Construção da Interculturalidade Indígena na Universidade: entre a formação e a transformação", em 2017, retoma o debate em torno da noção de etnogênese, estendendo-o ao contexto histórico da América Latina e do Caribe e relacionando-o à categoria de Povos Indígenas, utilizada por movimentos indígenas de cunho étnico-político em diversas partes do mundo.
Walison Vasconcelos Pascoal defendeu sua dissertação de mestrado no DAN/UnB, intitulada, "Imagens da Sociopolítica Borum e suas Transformações" em 2010, e atualmente é doutorando em antropologia social da Universidade Federal de Minas Gerais, onde continua sua pesquisa junto aos Borun/Krenak. Seu artigo neste dossiê aborda a experiência histórica de resistência do povo Krenak a uma longa trajetória de violências estatais, presente em suas narrativas na palavra luta. O artigo aborda os diferentes significados de luta para o povo Krenak, dando ênfase à luta que está ancorada em uma consciência histórica, em que os jovens que passam a assumir a função de líderes buscam desenvolver projetos culturais focados nos conhecimentos tradicionais, fenômeno que chamam "ressurgência cultural". Os projetos são pensados enquanto lutas que se orientam para o futuro, focado em aspectos culturais como a língua e a religião. O artigo é fundamentado na pesquisa colaborativa que está sendo realizada pelo autor para o registro dos conhecimentos associados à estátua sagrada do povo Krenak.
Lediane Fani Felske defendeu sua tese de doutorado intitulada, "Dança e imortalidade. Igreja, festa e xamanismo entre os Ikólóéhj Gavião de Rondônia", no DAN/UnB, em 2017. O artigo, que versa sobre esse povo indígena, visa compreender, após uma convivência com missionários da Missão Novas Tribos do Brasil desde 1965, e uma decisão tomada por eles em 2006 de levar as danças para a igreja durante os cultos festivos, os múltiplos significados das festas da igreja para os Ikólóéhj. A autora sugere que as festas da igreja constituam uma forma atualizada das festas tradicionais que estão em constante transformação, onde a igreja se tornou um dos principais instrumentos para que os Ikólóéhj exerçam sua criatividade.
Estes seis trabalhos, dentro muitos outros, impossíveis de ser inseridos nesse dossiê, são exemplos da riqueza de produção acadêmica que resulta do LAGERI e contribuem para os estudos sobre relações interétnicas.
The historic evolution of taxation in Colombia is immersed in a series of events that make part of National history. The domineering Colombian system was implemented by Spain during the colonization following its own model. The increase of taxes to finance its activities and wars held for territories resulted in the uprising of the Colonies inhabitants against the oppressive regime. A clear example is the rebellion of the Communards, which originated due to the tax increase of the Armada de Barlovento. The constant abuse and discrimination by the Spaniards unleashed the events that lead to the Independence. After the installation of the new government, one of the first reforms made was the abolishment some taxed like the Indian Tribute (Tributo de Indios). Knowing the origin and evolution of the current imposing system in Colombia is of great help to make a deeper study of the topic and improve its understanding not only from its political context but also the social and cultural one. From ancient times, taxes have been the main source of the States income. Even in Prehistory, taxes were part of religion and beliefs, which is the evidence to prove that taxes have been part of the evolution process of mankind. ; La evolución histórica de los tributos en Colombia se encuentra inmersa en una serie de acontecimientos que hacen parte de la historia patria. El sistema impositivo colombiano fue implementado por España durante la colonización a semejanza del aplicado en dicho país; el incremento de los impuestos para financiar sus actividades y las guerras que sostenía por la lucha de territorios hizo que los habitantes de las colonias se sublevaran en contra del régimen opresor; un claro ejemplo de ello es la rebelión de los Comuneros, la cual se genero debido al incremento del impuesto de la Armada de Barlovento. Los constantes abusos y la discriminación a la que estaban sometidos por parte de los españoles desencadenaron una serie de hechos que posteriormente llevaron a la independencia; al instalarse el nuevo gobierno una de las primeras reformas realizadas en esta materia fue abolir algunos impuestos, como el Tributo de Indios. Conocer el origen y evolución del sistema impositivo actual en Colombia es de gran utilidad para realizar un estudio más profundo del tema y mejorar la comprensión del mismo, desde un contexto no sólo político y económico sino también social y cultural. Desde épocas antiguas los tributos han constituido la principal fuente de ingresos del Estado, incluso en la prehistoria estos hacían parte de la religión y sus creencias, lo cual permite evidenciar que han hecho parte de los procesos evolutivos del hombre. ; L'évolution historique des impôts en Colombie est plongée dans une série d'événements qui font partie de notre histoire nationale. Le système fiscal colombien a été mis en œuvre par l'Espagne pendant la colonisation. L'augmentation d'impôts pour financer les activités espagnoles et les guerres qu'ils avaient par la lutte des territoires ont fait que les habitants des colonies se révoltent contre le régime oppressif. Un exemple clair, c'est la révolte des communards, qui a été généré en raison de l'augmentation d'impôt du Vent Marine. L'abus et la discrimination constante à laquelle ils ont été soumis par les Espagnols ont déclenché une série d'événements qui ont ensuite conduit à l'indépendance, quand le nouveau gouvernement des premières réformes dans ce domaine a été d'abolir certaines taxes, comme le Tribute des Indiens. Connaitre l'origine et l'évolution du régime fiscal actuel en Colombie est très utile pour réaliser une étude plus approfondie du sujet et améliorer la compréhension de celui-ci, à partir d'un contexte politique non seulement économique mais aussi social et culturel. Depuis les temps anciens, les impôts ont été la principale source de revenus, même dans les temps préhistoriques elles faisaient partie de la religion et les croyances, ce qui permet de montrer qu'ils on fait partie intégrante des processus évolutifs de l'homme. ; A evolução histórica dos tributos na Colômbia se encontra imersa em uma série de acontecimentos que fazem parte da história pátria. O sistema impositivo colombiano foi implementado pela Espanha durante a colonização a semelhança do aplicado em tal país; o incremento dos impostos para financiar suas atividades e as guerras que sustentava pela luta de territórios fez que os habitantes das colônias se insurgiram contra o regime opressor; um claro exemplo disso é a rebelião dos Comuneros, a qual se gerou devido ao aumento do imposto da Armada de Barlovento. Os constantes abusos e a discriminação à que estavan submetidos por parte dos espanhóis desencadearam uma série de feitos que posteriormente levaram à indepêndencia; ao instalar-se o novo governo uma das primeiras reformas realizadas nesta matéria foiu abolir alguno impostos, como o Tributo de Indios. Conhecer a origem e evolução do sistema impositivo atual na Colômbia é de grande utilidade para realizar um estudo mais profundo do tema e melhorar a compreensão do mesmo, desde um contexto não só político e econômico senão também social e cultural. Desde épocas antigas os tributos tem constituído a principal fonte de ingressos do Estado, inclusive na pré-história estes faziam parte da religião e suas crenças, o qual permite evidenciar que tem feito parte dos processos evolutivos do homem.
Apresentação ao dossiê:Gênero e números: estudos sobre as mulheres em diferentes tempos e espaços Profª. Drª. Ana Silvia Volpi Scott (UNICAMP)Profª. Drª. Denize Terezinha Leal Freitas (UNIPAMPA/SEDUC-RS)Organizadoras Em um país profundamente desigual como o Brasil, historicamente marcado pelas diferenças que separaram os distintos segmentos populacionais, é mais do que oportuna a publicação do Dossiê Gênero e Números. De fato, trata-se, mais do que nunca, de uma obrigação das historiadoras, dos historiadores, dos e das cientistas sociais refletir sobre a sociedade brasileira, do passado e do presente. Aliás, diga-se de passagem, estes pesquisadores e pesquisadoras, abraçaram com muita disposição, nestes tempos recentes e sombrios, o desafio de discutir questões candentesque atravessam e dividem o nosso país.Especificamente, em relação ao tema do dossiê, pelo menos, desde a década de 1990, os estudos sobre as mulheres e as relações de gênero têm reveladosituações em que elas aparecemcomo sujeitos ativos, contrariando as imagens e as representações,teimosamente atreladas a elas,como a passividade, a ociosidade, o confinamento ao lar, sobretudo vinculadas ao nosso passado. Desde então, através do uso de conceitos caros à história e às ciências sociais em geral,as estudiosas e os estudiososvem debatendoa questão da diferença sexual, colocando em evidência as construções sociais sobre os papéis, que se esperava,fossemdesempenhados por homens e por mulheres.A pertinência e a necessidade dessas análises mantêm-se, ainda no final da segunda década do século XXI, uma vez que os indicadores apontam que profundas diferenças persistem entre nós. Para ilustrar a recorrência das desigualdades que caracterizam a nossa sociedade, podemos trazer dados da Síntese dos Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para o ano de 2019 (SIS)[1].Alguns indicadores do SIS 2019 revelam o persistente quadro das desigualdades estruturais que marcam nossa sociedade, e que atingem mais duramenteos grupos populacionais considerados mais vulneráveis, como pretos ou pardos, mulheres e jovens. Através desses indicadores fica evidenciada a desigualdade,mostrando que ela podevariar muito (para pior, muitas vezes) dependendo da região brasileira a que se refere. Nesse quadro, as diferenças em relação às mulheres aparecem com muita intensidade, ainda nos tempos presentes.Apesar disso, esses mesmos indicadores revelam que alguns avanços foram alcançados, especialmente no que diz respeito ao papel cada vez mais proeminente que as mulheres ocupam na atualidade, bastando lembrar, entre outros exemplos, sua inserção no mercado de trabalho, maior acesso à educação e, principalmente o fato de terem aumentado sua participação como "principais provedoras", ao contribuírem com mais de 50% da renda familiar. Portanto, estudar o lugar das mulheres na sociedade brasileira, no presente e no passado, deve continuar a ser objeto de atenção dos estudiosos e das estudiosas.Quando a chamada desse dossiê foi lançada, o objetivo era agregar estudos que tivessem como foco as relações de gênero e os novos (ou antigos) papéis assumidos pelas mulheres, em diferentes tempos e espaços, privilegiando a perspectiva quantitativa, por meio de análise de dados seriais no âmbito da história e das ciências sociais. A ideia central era dar uma contribuição para a discussão sobre a atuação e a inserção das mulheres na sociedade, explorando aportes teóricos, fontes e metodologias variadasque pudessem dar elementos para a discussão da temática. O desafio proposto era problematizar as tendências, as mudanças e, (por que não?), as permanências que os indicadores revelavam.As expectativas das organizadoras foram contempladas. Os artigos que compõem o dossiê atingiram esses objetivos de maneira plena por diversas razões. Inicialmente, pela abrangência temporal e espacial dos trabalhos que integram o volume, acrescido do texto da sessão acadêmicos e pesquisa, que abordam distintas regiões, de norte a sul do país, no arco temporal que vai do século XVIII ao século XXI. De outra parte, a riqueza e diversidade dos temas e perspectivas teóricas para o estudo das mulheres e das relações de gênero no âmbito da política, da religião, da moda, debruçando-se sobre a participação das mulheres em partidos políticos, trajetórias e representações, mulheres que vivenciaram a prostituição, a escravidão e a liberdade, mulheres que no passado, como muitas que vivem no século XXI, estavam à cabeça e na chefia de seus domicílios. Valoriza ainda esse dossiê, o fato que muitos desses aportes foram trazidos por jovens investigadores/as, comprometidos/as com o uso de um aparato teórico-metodológico variado e que oferece evidências para uma estimulante reflexão.Os artigos foram organizados considerando, inicialmente, o âmbito de cobertura espacial, secundado pelo recorte temporal. De fato, pode-se dizer que há dois conjuntos de trabalhos, que se organizaram em torno desses eixos. O primeiro conjunto integra textos que analisam o Brasil e/ou as regiões norte (Amazonas) e nordeste (Pernambuco). O segundo conjunto contempla os demais artigos que versam sobre o espaço meridional brasileiro, em momentos diferentes do tempo.Assim, o primeiro conjunto composto por três trabalhos, dá uma ideia da amplitude das abordagens, da participação das mulheres na política, aos estudos relativos à prostituição, passando pela análise, através da religião, das relações de gênero. O primeiro texto, Notas sobre a participação partidária das comunistas no Brasil, de Theófilo Machado Rodrigues, discute as mulheres na política, através da inserção das mulheres no Partido Comunista do Brasil, que recentemente, segundo o autor tem sido identificado como o "partido das mulheres". Enfocando a história do partido, dividida em quatro momentos, (dos anos 1920 à segunda década do século XXI), através de um conjunto muito rico e diverso de fontes, o autor analisa a participação das mulheres. Entre vários dados interessantes, revela que, desde o final da década de 1990 até o presente, o PC do B mantém uma bancada formada por mulheres que ultrapassa os 30%, se destacando assim de todo os demais partidos.O texto seguinte, de Paulo Marreiro dos Santos Júnior, desloca o foco para o Amazonas, especificamente para a cidade de Manaus, nas duas primeiras décadas do século XX, analisando tema de grande interesse: a prostituição no período áureo da borracha. O artigo, intitulado, sugestivamente de Das 'polacas' e 'francesinhas' às 'regateiras' e 'decantadas'. Crítica ao imaginário e historiografia da prostituição da Manaus da borracha, tem como fonte as ocorrências policiais, registradas no Jornal do Comércio, em um contexto de transformações várias na cidade, analisando a esquecida vida das prostitutas, no tempo em que a capital do Amazonas era conhecida como a 'Paris dos Trópicos'.O terceiro estudo, que fecha que o conjunto inicial de textos que compõem o Dossiê, é da autoria de Rogério de Carvalho Veras e de Loyde Anne Carreiro Silva Veras. O artigo Castelos de Orquídeas: Rena Butler, as relações de gênero e a presença protestante no espaço público, analisa a trajetória de uma mulher, que viveu em Pernambuco, até meados do século XX. A experiência de vida de Mary Rena HumphreyButler, que foi empresária e missionária, casada com um médico e missionário protestante, coloca em evidência o papel desempenhado por ela no processo de consolidação do protestantismo no espaço público brasileiro. Sua trajetória lança luz sobre a, frequentemente, obscurecida participação de mulheres na missionação, abrindo perspectivas renovadas de interpretação para o campo de estudo das religiões no Brasil.Os artigos que completam a segunda parte do dossiê têm como foco de estudo o Rio Grande do Sul e abrangem o arco temporal entre o período colonial e o século XXI. Formam um conjunto interessante,que reúne mulheres de condições muito variadas que viveram e vivem na região mais meridional do Brasil.O artigo de Denize Terezinha Leal Freitas, Uma análise populacional dos domicílios no extremo sul da América portuguesa: mulheres chefes de fogos (Porto Alegre, século XVIII-XIX), analisa a atual capital gaúcha nos primeiros 50 anos de sua existência (1772-1822), quando a localidade ainda misturava elementos de caráter urbano e rural. A partir do uso de uma fonte muito preciosa, os Róis de Confessados e Comungados, elaborados pela Igreja Católica para controlar o sacramento da confissão/comunhão, a autora examina a presença das mulheres, colocando em evidência o protagonismo que elas tiveram, como chefes dos seus domicílios, posição desfrutada por não poucas mulheres, de várias 'qualidades', desde as mulheres livres e brancas, passando pelas pardas e pretas, livres ou libertas, pelas ricas e pobres, em uma localidade em que havia mais homens que mulheres.Do século XIX para o XXI. Esse é o salto temporal que o leitor fará, ao ler o artigo quetrata de tema atual e instigante, ligado ao estudo das indústrias criativas no segmento da moda. O foco é a região metropolitana de Porto Alegre, entre os anos de 2008 e 2017. Interessa ao trio de autores, Margarete PaneraiAraujo, Moisés Waismann e Judite Sanson de Bem, evidenciar a presença feminina nesse segmento profissional, analisando a pertinente questão das disparidades variadas que atravessam esse ramo de atividades, analisando o percentual de mulheres envolvidas, sua formação e escolaridade. Através do texto Indústria criativas no segmento da moda: distribuição dos vínculos por sexo e escolaridade na região metropolitana de Porto Alegre em 2008 e 2017, é interessante notar que, entre os resultados apresentados, embora as mulheres trabalhadoras sejam maioria no setor, são menos escolarizadas que os homens que dividem com elas esse segmento das indústrias criativas. Os dados utilizados são do Ministério da Economia, RAIS.Também vinculado a esse dossiê, mas na sessão Acadêmicos e pesquisa o texto de Marina Haack, nos brinda com um estudo sobre Cachoeira do Sul, na segunda metade do século XIX, entre os anos de 1850 e 1888. A partir do aporte teórico da interseccionalidade, o artigoPensando mulheres escravizadas e libertas: um olhar interseccional para as cartas de Alforria de Cachoeira do Sul busca explorar as experiências femininas, privilegiando o segmento das escravizadas e libertas, que tinham sua vivência marcada não apenas pelo viés da cor, da idade e da naturalidade, mas, sobretudo por sua condição jurídica. A partir das fontes selecionadas, as cartas de liberdade, a autora adentra em temas fundamentais para essas mulheres, como o trabalho e a maternidade, lançando luzes sobre as diferenças que perpassam a experiência de escravidão que marcaram a vida daquelas mulheres.O elenco dos textos que integram o dossiê, certamente,estimulará as leitoras e os leitores a desvendar e trilhar alguns dos instigantes caminhos de pesquisa que estão sendo explorados em nosso país e em nossas universidades. Trabalhos realizados com o esforço e a dedicação deinvestigadoras e investigadores, ainda que as condições de produção estejam prejudicadas com o contingenciamento/corte de verbas,e que esteja em causa o valor e a importância de suas contribuições, diante dos ataques perpetrados àqueles que dedicam sua vida e seu trabalho à produção de conhecimento de qualidade,a partir de bases científicas. Boa leitura![1]Essa publicação do IBGE foi lançada, pela primeira vez, em 1999, com o objetivo de traçar um quadro sintético das condições de vida da população brasileira e, desde então, dá subsídios para a construção de políticas públicas em todos os níveis do governo (SIS, 2019, p.9).Acesso em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101678.pdf, janeiro de 2020.
Desde 2014, a Em Tese, revista editada pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política (PPGSP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vem passando por uma série de reformulações estruturais. A definição de critérios mais altos na seleção de avaliadores, a introdução de um formulário de avaliação dos artigos para guiar os pareceristas sobre os aspectos que devem ser avaliados e a manutenção da periodicidade na publicação das edições levaram à incorporação da revista em vários indexadores nacionais e internacionais de prestígio. A presença nesses indexadores e a utilização de outras plataformas virtuais, como o facebook, no qual o periódico recentemente atingiu a marca de mil curtidores, por sua vez, ampliou a divulgação das atividades editoriais da revista como as chamadas de artigos e expandiu largamente o número de acessos, que ultrapassam uma centena de milhares de acessos por ano.Os avanços nessa edição ficam por conta da incorporação da revista a mais um indexador importante, o Directory of Open Access Journals (DOAJ). Além disso, houve o acréscimo de importantes ferramentas internas que melhoram os processos de edição do periódico, tal como o desenvolvimento [ainda em construção] de um manual de "passo a passo" indicando cada etapa de edição da Em Tese, bem como, um guia de orientações de posturas éticas para nortear e sistematizar o trabalho dos membros do corpo editorial. Iniciativas como essas, visam conferir maior profissionalismo à revista e, consequentemente, maior segurança a seus colaboradores e leitores. A crescente respeitabilidade da revista no meio acadêmico, medida principalmente pela diversificação e amplitude nacional dos artigos recebidos, é prova do acerto dessa estratégia. Neste tocante em particular, a presente edição da revista traz pela primeira vez um artigo assinado por um pesquisador estrangeiro – no caso, Jorge Botelho Muniz, da Universidade Nova de Lisboa.Em suma, frutos de uma clara política editorial levada a cabo pelos editores da revista, resultaram em avanços significativos na qualidade dos artigos recebidos e publicados. A edição do primeiro semestre de 2016 não fica atrás, como o leitor poderá apreciar por si mesmo nesta breve apresentação sinóptica de cada texto.Contudo, por razões que fogem ao controle dos editores, o dossiê Sociologia política da corrupção planejado para esta edição infelizmente teve de ser cancelado. Em comparação com outros dossiês, o deste semestre foi prejudicado pelas poucas contribuições e pelo relativamente alto número de rejeições dos trabalhos submetidos à avaliação dos pareceristas dos periódicos. Isso permite avaliar em certa medida o estado da arte das pesquisas acerca deste tema no Brasil e sugere a necessidade de uma concentração de esforços a fim de preencher essa lacuna, tanto mais por causa da sensibilidade e importância do problema da corrupção para o atual momento que vive o país. De qualquer maneira, os artigos enviados e aprovados para o dossiê foram publicados normalmente nesta edição, e os que ainda estão em processo de análise e que forem eventualmente aprovados serão também publicados em edições futuras.Esta edição abre-se com os três artigos aprovados para o dossiê. O primeiro deles, intitulado 'O discurso da "mudança" de Aécio Neves e Dilma Rousseff: uma análise da prática retórica entre diferentes, no retorno para o segundo turno às eleições de 2014' de Sandra Regina Barbosa Parzianello, procura analisar a batalha discursiva entre os dois candidatos à Presidência da República que disputaram o segundo turno das eleições de 2014. Com base em categorias analíticas desenvolvidas pela teoria do discurso de Ernesto Laclau, a autora analisa, de um lado, o discurso da "mudança" da coligação "Muda Brasil", contrário ao governo petista e, de outro lado, o discurso também da "mudança" manifestado pelo partido da situação. Nas palavras da própria autora, a forma como a política está organizada é momentânea e contingente, pois depende de um universo de sentidos fundado na forma e em como o campo discursivo está estruturado.O segundo artigo, 'Como os partidos de esquerda se posicionam em relação ao governo Lula?', de Pedro Gustavo de Sousa Silva, objetiva sistematizar as posições assumidas pelos partidos de esquerda em relação ao governo Lula (2003-2006). Segundo o autor, os partidos de esquerda dividiram-se em dois blocos diante do governo Lula: 1) um deles apoiou a gestão, mesmo tendo conflitos com o governo; 2) o outro assumiu a postura de oposição, acusando o governo de traidor. A partir dos discursos externados por integrantes do campo político da esquerda, o autor busca explicar porque uma parte das esquerdas apoio o governo e outra parte não, assim como as razões dessa ruptura.No próximo artigo, 'A análise neo-institucional da corrupção: corrupção e reformas', Luis Fernando Miranda sugere melhores formas de gestão da máquina pública, de modo a combater a corrupção de forma mais eficiente através de reformas. Baseado principalmente no trabalho de Susan Rose-Ackerman, o autor mostra que as propinas são o elo entre quem corrompe e quem é corrompido e que esta, funciona como uma espécie de serviço prestado. Sua conclusão é que a longo prazo a corrupção gera um ambiente de incerteza, seja para os negócios, seja para a política. Por fim, ele argumenta que as reformas podem ser um mecanismo eficiente no combate à corrupção, e apresentada seis tipos de reforma que podem avançar nesse sentido.Em 'As Mulheres Dirigentes do Partido dos Trabalhadores: Perfil e Desafios à Representação Substantiva', Tássia Rabelo de Pinho analisa a participação política das mulheres no interior do Partido dos Trabalhadores, primeiro partido da América Latina a adotar cotas de gênero e a aprovar a paridade na composição das suas direções. Empregando uma série de técnicas de pesquisa diferentes na produção de dados, a autora conclui que mecanismos intrapartidários de reserva de vagas impactam de maneira rápida e assertiva a composição das direções partidárias, mas isolados não resolvem o problema da representação substantiva, pois há elementos de natureza simbólica e relacionados à divisão sexual do trabalho, que atuam como barreiras à atuação política das mulheres.Espraiando-se pela linha de estudos sobre diferenças e discriminação, Bruno Gontyjo de Couto publica 'O debate sobre meio e raça na geração intelectual de 1870: a construção de um projeto de civilização para o Brasil'. Nesse texto, ele analisa desestruturas materiais e simbólicas erigidas no contexto do império do Brasil e a concomitante emersão da chamada geração intelectual de 1870 que assume a missão de formular análises e perspectivas sobre o país com intuito de se desenhar um caminho que constituiria o Brasil como um país civilizado. Em suas análises, esse grupo intelectual, encabeçado por Tobias Barreto, professor da escola de direito do Recife, descobre o "problema" da indefinição racial e da falta de integração nacional como obstáculos a serem superados nesse sentido, propondo uma série de projetos de intervenção.Escrito a quatro mãos, 'Transexualidades: os rostos do estigma e da exclusão social', resulta da pesquisa elabora por Jaime Alonso Caravaca Morera e Maria Itayra Padilha. Os autores fazem uma análise das diferentes manifestações do estigma e da exclusão social entre a população transexual. Munidos da noção de controle heterocisnormativo de orientação no patriacarcalismo, expõe os estigmas e exclusão no âmbito transexual derivados de aspectos pessoais, cognitivos, emocionais, estruturais e comportamentais que emergem como consequência direta da implantação da ideologia psiquiatrizante e patologizante da condição transexual e das outras manifestações da corporeidade e sexualidade relativas à concepção ontológica dos sujeitos.Em um texto originalmente enviado para o dossiê sobre o ensino da sociologia publicado na última edição da Em Tese, Erika Kulessa de Souza, agracia os leitores com 'Linguagem e ensino de sociologia: reflexões sobre a apropriação da linguagem'. Nesta produção, a autora propõe uma reflexão sobre o aprendizado da sociologia no ensino médio, considerando aspectos da dimensão linguística como pedra de toque para o desenvolvimento de um olhar sociológico. Ancorando-se em Wittgenstein e Vigotsky, estabelece relações entre o pensamento linguagem e conhecimento, que, mesmo ante oposições epistemológicas em ambos autores, é possível o vislumbre de perspectivas sobre a apropriação da linguagem sociológica.Na mesma linha da sociologia da educação, em 'O que se entende por educação: as abordagens da sociologia clássica de Durkheim, Weber e Marx', Fabiane Medina Cruz evidencia a educação como temática chave do processo de consolidação da assim chamada 'tirania' de colonização e controle hegemônico desfraldado através da modernidade. Ao servir-se dos sociólogos clássicos – Marx, Durkheim e Weber – a autora reflete sobre paradigmas acerca de temas recorrentes e cotidianos, tal como cidadania, desenvolvimento econômico e identidade nacional, entre outros. Ora, visando fugir de padrões normativos engendrados pela educação, a autora, através das teorias sociológicas clássicas, apresenta possibilidades autônomas para se pensar projetos educacionais.Jorge Botelho Moniz traz uma discussão sobre secularização. Marcadamente situado no campo da Sociologia da Religião, o texto intitulado como 'A secularização na ultramodernidade católica europeia: uma proposta de análise contextual e multidimensional do fenômeno da secularização'; permite a análise plural sobre a noção de secularização num contexto europeu. Notadamente uma construção teórico-conceitual, o artigo permite a compreensão do deslocamento e recomposição do fenômeno do religioso em países do continente europeu compreendido através das dimensões sociocultural, político-histórica e jurídica; colocadas como critérios de pesquisa em vista da reflexão mais acurada acerca dos contornos modernos que a religião vem desenhando na Europa na atualidadeEm sua segunda contribuição para este periódico, Jeferson Bertolini traz 'A racionalização da notícia: uma consequência não premeditada da internet'. Neste artigo, o conceito de racionalização em Max Weber é mobilizado para se pensar a produção da notícia na internet. Como efeito da racionalização das esferas sociais, no campo do jornalismo, os valores da tradição e o ideal de informar opõem-se a critérios de eficiência do mundo capitalista, superado pela produção de conteúdo em escala industrial. Nestes termos, a notícia, além de convertida à condição de mercadoria, o processo de racionalização impacta nas rotinas do jornalista no que tange sua relação com as fontes e o conteúdo produzido.Nesta edição, Flávio de Lima Queiroz publica a resenha da obra 'As raízes da corrupção no Brasil', lançado pela Editora Fórum em 2015. A obra, escrita pelo professor de Direito Lucas Rocha Furtado e também subprocurador-geral do Ministério Público do Tribunal de Contas da União. A partir de um estudo sobre os casos escandalosos de corrupção na recente história da política brasileira, como a exemplo do caso "PC Farias" e do "Mensalão", Furtado (2015) defende a tese de que as razões para o surgimento de comportamentos tidos como corruptos pelos agentes públicos estariam na deficiência das instituições políticas do Estado, vem como na impunidade dos agentes praticantes de corrupção, por assim dizer. O autor opõe-se à tese defendida por Sergio Buarque de Holanda, quando atribui à cultura patrimonialista a causa geradora de falhas na condução do Estado pelos agentes públicos. Para Furtado (2015), as lacunas legais contidas e regras institucionais frouxas estariam como causa para corrupção, mais do que fatores histórico-culturais.A edição encerra com uma entrevista do professor e pesquisador Francisco Cabral Alambert Júnior do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). Em uma interessante conversa com o doutorando em sociologia política da UFSC, Josnei Di Carlo, suas falas versam sobre elementos analíticos que permitem a triangulação crítica entre história, política e o campo das artes. Tendo como importante eixo A história da das bienais em São Paulo, professor Alambert dialoga com abordagens políticas que vieram pari passu tangenciando o espectro da modernidade no Brasil. Orbitando sobre diferentes temáticas no campo das artes, cultura e literatura, a entrevista permite uma reflexão hodierna inaugural acerca da imprensa enquanto fonte e tema de pesquisa além das artes e suas articulações com a política.
With the economic, political and social changes during the colonial period in New Spain, the indigenous populationwas introduced to a system of slavery, economic and social exploitation by the Spanish, who controlled production based on mercantilism, consumer demand, to the new ideologies introduced and to the control of a new mode of production. At thistime new trades were expanded in New Spain, with this the Indian learned to develop a new production, techniques and different styles, but continued with his ideology in the production of certain objects such as: ceramics, rattle figures, paintings inthe churches, christs of cane, christs of butterfly buds, etc., that reflected these two cultures and the acculturation and Europeanization that was being generated. In pre-Hispanic times the Indians related feathers with their gods, with wars, in commerce and tribute. Feather objects were used by women of a certain social rank in the huipiles, the rulers and the military in their attire and in their parties. The pens were considered for society as a luxury object. The distribution of feathers by the trade ranged from the northern area of Mexico to Tenochtitlán. For the dominated indigenous society, the use of the pen continued with its cultural significance and became a fundamental part of its communication codes. In this sense the use of the pen in the paintings and clothing became a form of cultural resistance against the social imposition given in the colony. In colonial times there was a change since feather art was elaborated to represent Catholic religious images such as: Christs, the Virgin Mary andthe Saints. It was not the same meaning for these two societies, for the Indians the use of feathers was linked to the gods while the Spaniards related it to the Catholic religion and to their own ideology. ; Con los cambios económicos, políticos y sociales durante la época colonial en la Nueva España, el indígena se introduce a un sistema de esclavitud, explotación económica y social por parte del español, quien controlaba la producción en base al mercantilismo, a la demanda de consumo, a las nuevas ideologías introducidas y al control de un nuevo modo de producción. En este momento se ampliaron nuevos oficios en la Nueva España, con ello el indígena aprendió a elaborar una nueva producción, técnicas y estilos diferentes, pero continuó con su ideología en la producción de ciertos objetos como: cerámica, figurillas sonaja, pinturas en las iglesias, cristos de caña, cristos de capullos de mariposa, etc., que reflejaban a estas dos culturas y la aculturación y europeización que se estaba generando. En la época prehispánica los indígenas relacionaban las plumas con sus dioses, con las guerras, el comercio y el tributo. Los objetos de plumas los utilizaban las mujeres de cierto rango social en los huipiles, los gobernantes y los militares en su atuendo y en sus fiestas. Las plumas eran consideradas para la sociedad como un objeto de posición social, ideológica y política. La distribución de plumas por parte del comercio abarcaba desde el área norte de México hasta llegar a Tenochtitlán. En la época colonial se dio un cambio ya que se elaboraba el arte plumario para representar a imágenes religiosas católicas como: Cristo, la Virgen María y los Santos. No era el mismo significado para estas dos sociedades; para los indígenas el uso de las plumas estaba vinculado con los dioses y formas de conducta establecidas en la época prehispánica, mientras que para los españoles lo relacionaban con la religión católica y con su propia ideología. Para la sociedad indígena dominada, el uso de la pluma continuó con su significado cultural y se volvió parte fundamental de sus códigos de comunicación. En este sentido el uso de la pluma en los cuadros y la vestimenta se convirtió en una forma de resistencia cultural contra la imposición social dada en la colonia. ; Com as mudanças econômicas, políticas e sociais durante a era colonial na Nova Espanha, indígena a um sistema de escravidão, exploração econômica e social é introduzido pelos espanhóis, que controlava a produção com base no mercantilismo, a demanda do consumidor, às novas ideologias introduzidas e ao controle de um novo modo de produção. cerâmica, estatuetas sonaja, pinturas nas igrejas: Neste momento novos escritórios em Nova Espanha, assim indígenas aprenderam a desenvolver novas técnicas de produção e estilos diferentes, mas continuou sua ideologia na produção de determinados itens, comoexpandida , cristos cana, cristos de casulos de borboleta, etc., que reflectem estas duas culturas e acculturation e europeização que foi gerado. Nos tempos pré-hispânicos, os índios relacionavam penas com seus deuses, com guerras, comércio e tributo.Objetos de penas usado deles mulheres de uma certa posição social na huipil, os governantes e os militares em seus trajes e seus partidos. As canetas foram consideradas pela sociedade como um objeto de luxo. A distribuição de penas pelo comércio variou da zona norte do México a Tenochtitlán.Nos tempos coloniais, houve uma mudança, uma vez que a arte das penas foi elaborada para representar imagens religiosas católicas como: cristos, a virgem Maria e os santos. Não era o mesmo significado para estas duas sociedades, para uso indígena de penas estava ligada aos deuses enquanto os espanhóis relacionados com a religião católicae sua própria ideologia. Para a sociedade indígena dominada, o uso da caneta continuou com seu significado cultural e tornou-se parte fundamental de seus códigos de comunicação. Nesse sentido, o uso da caneta nas pinturas e roupas tornou-se uma forma de resistência cultural contra a imposição social dada na colônia
The study aims to critically analyze the EU's political identity and how the migrant crisis embodies the most challenging political issue facing the E.U., implicating growing xenophobia and questioning European multiculturalism. Moreover, the author provides insight into the migrant crisis's socio-political and security challenges, followed by ethnographic research of the migrant's religious identity within the Balkan route. Migrations are a central issue for Europe's future, security, and identity. The EU's cultural integrity remains unclear, and the migrant crisis opens up a multiculturalism discourse. The nation-state model has undergone significant globalized world changes, becoming less sustainable and less critical for cultural, political, and economic processes. Due to the growing economic insecurity and the fear of losing national identities in an environment of globalized culture, some have perceived multiculturalism as a threat. The humanitarian and security discourse reflects the micro-level of the situation on the ground and the mass media's macro levels and political action. Acceptance of ethnoreligious or political diversity does not relieve immigrants of the duty to recognize all the rules necessary to conduct productive coexistence. Migrants' participation in socio-economic and political systems means realizing the preconditions for the beginning of cultural integration. The crisis triggered an avalanche of anti-Islam sentiments that became a reference matrix for radical populism. The sense of identification with the housing society-Bosniaks, where Islamic regulations on the matrix are legitimized by recognizing a universal theological pattern, is a symbolic moment and a participative approach to understanding both religion and integration. Constructing immigrants as a group, whether they are migrants, refugees, or asylum seekers, tends to encourage the perception that "their "interests, values, and traditions are competing with "ours, "stimulating negative emotions in the form of prejudice. ; El estudio analiza críticamente la identidad política de la U.E. y cómo la crisis migratoria encarna el problema político más desafiante que enfrenta la U.E., implicando una creciente xenofobia y cuestionando el multiculturalismo Europeo. Además, el autor ofrece información sobre los desafíos sociopolíticos y de seguridad de la crisis migratoria, seguido de una investigación etnográfica de la identidad religiosa del migrante dentro de la ruta de los Balcanes. Las migraciones son un tema central para el futuro, la seguridad y la identidad de Europa. La integridad cultural de la UE sigue sin estar clara y la crisis de los inmigrantes abre un discurso de multiculturalismo. El modelo de Estado-nación ha experimentado importantes cambios mundiales globalizados, volviéndose menos sostenible y menos crítico para los procesos culturales, políticos y económicos. Debido a la creciente inseguridad económica y al miedo a perder las identidades nacionales en un entorno de cultura globalizada, algunos han percibido el multiculturalismo como siendo una amenaza. El discurso humanitario y de seguridad refleja el nivel micro de la situación sobre el terreno y los niveles macro y la acción política de los medios de comunicación. La aceptación de la diversidad étnico-religiosa o política no exime a los inmigrantes del deber de reconocer todas las reglas necesarias para llevar a cabo una convivencia productiva. La participación de los migrantes en los sistemas socio-económicos y políticos significa conocer las condiciones previas para el comienzo de la integración cultural. La crisis desencadenó una avalancha de sentimientos antiislámicos que se convirtió en una matriz de referencia para el populismo radical. El sentido de identificación con la sociedad de la vivienda-Bosnias, donde las regulaciones islámicas en la matriz se legitiman al reconocer un patrón teológico universal, es un momento simbólico y un enfoque participativo para entender tanto la religión como la integración. Construir a los inmigrantes como un grupo, ya sean migrantes, refugiados o solicitantes de asilo, tiende a fomentar la percepción de que "sus" intereses, valores y tradiciones compiten con "los nuestros", estimulando emociones negativas en forma de prejuicio. ; O estudo analisa criticamente a identidade política da U.E. e, como a crise dos migrantes incorpora a questão política mais desafiadora que a U.E. enfrenta, implicando uma xenofobia crescente e questionando o multiculturalismo Europeu. Além disso, o autor fornece uma visão sobre os desafios sociopolíticos e de segurança da crise dos migrantes, seguido por uma pesquisa etnográfica da identidade religiosa do migrante dentro da rota dos Balcãs. As migrações são uma questão central para o futuro, a segurança e a identidade da Europa. A integridade cultural da U.E. permanece obscura e a crise dos migrantes abre um discurso multicultural. O modelo de Estado-nação passou por significativas mudanças mundiais globalizadas, tornando-se menos sustentável e menos crítico para os processos culturais, políticos e econômicos. Devido à crescente insegurança econômica e, ao medo de perder identidades nacionais em um ambiente de cultura globalizada, alguns perceberam o multiculturalismo como sendo uma ameaça. O discurso humanitário e de segurança reflete o nível micro da situação no terreno e os macro níveis e, ação política dos meios de comunicação. A aceitação da diversidade etno-religiosa ou política não exime os imigrantes do dever de reconhecer todas as regras necessárias para conduzir uma convivência produtiva. A participação dos migrantes nos sistemas socioeconômicos e políticos significa a realização das pré-condições para o início da integração cultural. A crise desencadeou uma avalanche de sentimentos anti-islâmicos que se tornaram uma matriz de referência para o populismo radical. O sentido de identificação com a sociedade habitacional-Bósnias, nas quais os regulamentos islâmicos na matriz são legitimados pelo reconhecimento de um padrão teológico universal, é um momento simbólico e, uma abordagem participativa para compreender a religião e a integração. A construção dos imigrantes como um grupo, sejam eles migrantes, refugiados ou requerentes de asilo, tende a estimular a percepção de que "seus" interesses, valores e tradições competem com os "nossos", estimulando emoções negativas na forma de preconceito.
Lusíada. Direito. - ISSN 2182-4118. - S. 2, n. 19 (2018). - p. 57-67 ; In the global arena where we live, we, citizens of the world, with different nationalities, backgrounds, creeds and cultures, share the same space nevertheless maintaining our identity and cultural heritage. A new concept of citizenship is laid on multiculturalist societies, without, in many cases, engagements of cultural fusion with the host country and, those particular values, creeds and cultural manifestations, that we inherit and cherish, are being maintained abroad. Tolerance and respect for others are the main principles to accomplish and protect, in this cultural patchwork. Distinguishing the individuality and autonomy of each human being and, therefore, his cultural background, his religion, his creeds, in his new home, the country he chose as his own, aiming, in each case, and for all, the intrinsic values universally recognized to man based on the human dignity. Although today we can recognize hostile indicators to globalization, such as some actual protectionist policies mainly dealing with terrorism or the migrant crisis, however, the fact is that itinerant movements around the world have made countries a true cultural mosaic and, in many cases, for that, challenges are modelled, especially legal ones dealing with controversial relations. In this context, the year of 2018 ended with a decision of the European Court of Human Rights (ECtHR), whose critical analysis we propose to engage. The matter is related on the applicability of the Sharia law – the Islamic religious law –, and the Mufti jurisdiction, opposing the applicability of the national law of the State in which the case was judged, in casu, the Greek Law. The Hellenic Court admitted the applicability of the Sharia law and accordingly, the material solution of this Islamic rule in opposition to the Greek Civil Code. The case brought to the ECtHR has also the peculiarity of being, first, a question of international private law considering a multiple localization of the lex rei sitae and, for that fact, the merit of the same case is still being judged, at the present moment, in another country (Turkey). Considering historical reasons and international obligations, the Hellenic Republic allows Greek citizens, of the religious Muslim minority and residents in Western Thrace, to use, in their disputes, the Sharia law and the Mufti jurisdiction. There is, in these cases a real parallel legal system and the Sharia Law can prevail, even if in conflicted solutions. The Court, sitting as a Grand Chamber delivered, on 19 December 2018, the judgment on the case of Molla Sali v. Greece (Application no. 20452/14). Nevertheless, curiously, the Strasburg Court, in this most expected judgment, at the end decided, "not to decide". However, the controversy has been launched and the case raises interesting questions mainly whether, or not, the applicability of national legislation can be excluded and accepted the solution of the Sharia law and the Mufti jurisdiction in the European Space. ; Na aldeia global em que vivemos, nós, cidadãos do mundo, com diferentes cidadanias, credos e acervos culturais, partilhamos o mesmo espaço físico, mas mantendo a nossa identidade e herança culturais. Um novo conceito de cidadania emergiu, assente no multiculturalismo, muitas vezes, sem que haja homogeneização cultural com o país que nos acolhe e, por isso, valores, credos e manifestações culturais próprias do estrangeiro são acarinhadas e mantidas. A tolerância e respeito pelos outros são princípios a cumprir e proteger, nesta manta de retalhos cultural. Distinguindo a individualidade e autonomia de cada ser humano e, por isso, a sua herança cultural, a sua religião, os seus credos, na sua nova casa, aquela que escolheu como sua, mas, em todo o caso, e para qualquer uma das posições em que nos encontremos, dentro dos valores intrínsecos universalmente reconhecidos assentes na dignidade humana. Ainda que hoje se possam identificar manifestações adversas a movimentos de globalização, como em políticas protecionistas muitas relacionadas com o terrorismo ou a gestão da crise migratória, é reconhecido que a itinerância de pessoas à volta do mundo tornou os países verdadeiros mosaicos culturais e, em muitos casos, por isso, desafios são lançados mormente ao nível legal na gestão de relações de conflito. Neste contexto, o ano de 2018 terminou com uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), cuja análise critica nos propomos fazer. O busílis da questão está relacionado com a aplicabilidade da lei da Sharia – a lei religiosa Islâmica – e a jurisdição Mufti, em detrimento da aplicabilidade da lei do Estado onde o caso foi julgado, in casu, na Grécia. A decisão helénica trazida perante o TEDH está relacionada com a aplicabilidade da lei da Sharia, no Espaço Europeu, que o Estado admitiu e, para além disso, com solução material conflituante com a que resulta do Código Civil Grego. O processo trazido perante o TEDH tem a particularidade de se tratar, primeiro, de um caso de direito internacional privado, uma vez que o conflito é plurilocalizado dando-se cumprimento ao princípio da lex rei sitae e, por isso, o mérito da questão está também (e ainda) a ser julgado noutro país (Turquia). Por razões históricas e consequentes obrigações internacionais o sistema legal grego moldou-se e permite que cidadãos nacionais, da minoria religiosa muçulmana e residentes em Trácia possam, nas suas relações controvertidas, ver aplicadas as soluções da lei Islâmica, sob a jurisdição Mufti. Há, nestes casos, um verdadeiro sistema legal paralelo em que, em caso de conflito, a lei da Sharia pode prevalecer. O Tribunal decidiu a 19 de dezembro de 2018 o caso Molla Sali vs. Grécia (Processo n.º 20452/14). Não obstante, curiosamente, o Tribunal de Estrasburgo, nesta muito aguardada decisão, acabou por "não decidir". Mas, a controvérsia está lançada e o caso suscita interessantes questões sobretudo relacionadas com a aplicabilidade da lei da Sharia, e da jurisdição Mufti, com eventuais soluções díspares com a lei nacional do Estado.
Lilia Schwarcz é doutora em antropologia e professora titular da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Seu último livro foi lançado em 2019 "Sobre o autoritarismo brasileiro" pela editora companhia das letras.Nesta obra, Lilia Schwarcz propõe o exercício de "lembrar" a história social e política do Brasil "essa é a melhor maneira de repensar o presente e não 'esquecer' de projetar o futuro" (p.20). Os pontos apresentados neste livro servem para entendermos o contexto político social e político que o Brasil vive hoje.No primeiro capítulo, Escravidão e racismo, Lilia Schwarcz apresenta dados e explica que a escravidão no Brasil não fomentou apenas um sistema econômico, mas moldou condutas e definiu desigualdades sociais. Entendendo que "enquanto persistir o racismo, não poderemos falar de uma democracia consolidada" (p. 39). A autora considera o passado nacional como um fantasma histórico e o atual movimento político conservador como uma peça na desvalorização de pautas e lutas em prol de uma sociedade democrática.No segundo capítulo, Mandonismo, o leitor é apresentado ao debate que explica traços do mandonismo patriarcal da colônia à república. Desde a lealdade aos senhores até a corrupção como "curral eleitoral" e "voto de cabresto" momentos em que o sistema coronelista estruturou-se como dominante na época. Lilia Schwarcz afirma que a política brasileira herdou o mandonismo do passado. E hoje, essa linguagem, é compartilhada e perpetuada por mídias digitais e ação segregacionista.O terceiro capítulo apresenta a discussão sobre Patrimonialismo. Lilia Schwarcz defende que "o certo é que persistirá no Brasil um sério déficit republicano enquanto práticas patrimoniais e clientelistas continuarem a imperar no interior do nosso sistema político e no coração de nossas instituições públicas" (p. 64). Movimento que torna a república frágil e vulnerável ao ataque das práticas patrimonialistas e de corrupção.O patrimonialismo sempre esteve presente na história do Brasil criando uma relação viciada entre estruturas públicas e privada. Fato que se apresenta hoje na política brasileira, como por exemplo, quando servidores públicos utilizam transportes do Estado para eventos pessoais; chefe do executivo ao indicar o próprio filho para ser embaixador; manipulação de leis para interesses pessoais. O que mostra a permanência da forma autoritária e personalista de lidar com a política. No quarto capítulo, o leitor é apresentado ao debate sobre Corrupção, onde é possível observar que a corrupção já estava presente desde a administração colonial. Lilia Schwarcz explica que a distância da administração lusitana e a colônia ter sido observada como terra de oportunidades contribuiu para o desenvolvimento da corrupção. Importante ressaltar que foi a estabilidade de um Estado democrático que possibilitou denúncias públicas de esquemas de corrupção. Porém, em governos autoritários a possibilidade de investigações é reduzida ou acobertada por seus próprios membros.No quarto capítulo, Desigualdade social, o leitor tem a oportunidade de conhecer dados referentes à desigualdade no Brasil, como por exemplo, "Segundo relatório da Oxfam Brasil de 2018, se em 2016 ocupávamos a 10° posição no ranking global de desigualdade de renda, em 2017 passamos para o 9° lugar, com o problema se aguçando em vez de melhorar" (p. 126). A desigualdade se apresenta de diferentes formas: desigualdade de gênero, raça, geração, desigualdade regional, econômica e de renda. Dificultando o acesso da população à saúde, transporte, lazer, moradia e outros direitos básicos que deveriam ser assegurados.Sexto capítulo, Violência, a autora apresenta informações preocupantes sobre a Violência urbana e segurança e Violência no campo. Demonstrando que a disputa pela posse de terras no campo é um dos maiores causadores de morte no Brasil, tendo como vítimas as populações indígenas. "Em razão do elevado de mortes de índios, resultado de disputas históricas em todo o território, em 2016 a UNU emitiu um alerta para o governo brasileiro, o qual, no entanto, não surtiu grande efeito" (p. 170).Raça e gênero é o título do sétimo capítulo. Lilia Schwarcz explana sobre os marcadores sociais da diferença, utilizando diferentes fontes para demonstrar as inúmeras formas de hierarquias e subordinações. Ao mostrar índices referentes às mulheres e a população negra, entende a intolerância racial como um dos principais fatores para a desigualdade no Brasil. Discorrendo também sobre Violência e desigualdade de gênero e sexo, onde mostra que "mulheres correspondem a 89% das vítimas de violência sexual no Brasil. Entre 2001 e 2011, 50 mil mulheres foram assassinadas, de acordo com dados do instituto de pesquisa econômica aplicada (Iepa)" (p. 184). Já o Mapa da violência de 2015 registrou que em 2013 a cada dia 15 mulheres morreram vítimas de feminicídio e que 30% foram cometidos pelos próprios maridos. Outro marcador importante para questões de gênero na sociedade brasileira é a figura da mulher na vida política, nas eleições de 2018 tivemos 77 mulheres eleitas para 513 homens, equivalendo a apenas 15% das cadeiras, em um país onde 51,5 % da população é feminina. A autora leva o leitor a uma discussão sobre Cultura do estupro ao mostrar que 88% das vítimas de assédio são do sexo feminino, 70% são crianças ou adolescentes, 51% são de cor parda ou preta. 24% das notificações apontam como agressores o próprio pai ou padrasto.A autora levanta dados sobre Feminicidio e a história da luta para criminalização da violência contra a mulher. Nesse mesmo capítulo, Lilia Schwarcz divaga sobre: Pessoas lgbttq alvos diretos da política autoritária, ao apresentar dados sobre violência cometida contra a comunidade LGBTTQ, como por exemplo, o registro de 445 mortes desse grupo no ano de 2017, ou os 486 assassinatos de travestis e transexuais entre 2008 e 2013. Dados que desenham uma sociedade patriarcal, machista e autoritária. Ao apresentar diferentes índices, a autora ressalta que "O empenho da sociedade civil, cidadã, é o único que pode ajudar a romper um ciclo que herdamos dos tempos coloniais, mas aprimoramos na contemporaneidade" (p. 197).Como oitavo capítulo, é apresentado um diálogo sobre Intolerância. Onde mostra como a intolerância fragiliza um Estado democrático. Ressaltando o momento em que entramos em um projeto político que desvaloriza a luta de grupos excluídos fomentando o discurso de ódio e a desigualdade entre os indivíduos. Diante de uma crise política, moral, ética, econômica, social e cultural em que paramos, resta resistir e combater modelos políticos autoritários, lutando por um projeto político ais inclusivo e igualitário. A autora defende a ideia de que o investimento em uma formação educacional de qualidade pode animar um futuro em que os sujeitos sejam mais informados, leitores críticos e capazes de dialogar.Para fechar a obra, Lilia Schwarcz apresenta o capítulo Quando o fim é também o começo: nossos fantasmas do presente, recapitulando o momento político em que vivemos, lembrando que as diferentes formas de violências que vivemos hoje foram herdadas de nosso passado. A autora comenta sobre pessoas e partidos que se consideram novos, mas vivem de política há muito tempo, apoiando-se em discurso moralista e em conceitos de "família, religião e nação" fomentando preconceitos, desigualdades e violências. Com essas considerações, Lilia Schwarcz, termina seu livro deixando um punhado de esperança para o leitor ao mencionar que "[...] toda crise é capaz de abrir uma fresta, pequena que seja de esperanças." (p. 237).