In a test of the hypothesis of the existence of a honeymoon period in Brazil after Dilma Rousseff's victory in the 2014 presidential election, a sentiment analysis of a large database composed of newspaper articles published by Brazil's most influential quality newspapers, Folha de S. Paulo, O Globo, and Estado de S. Paulo, from January 2014 to August 2016, showed that negative coverage of her skyrocketed right after she took office and stayed very high until she was removed from power. Also tested was the hypothesis that the bias against Rousseff was simply a general disposition of the media to exert their watchdog function in the public interest through a comparison of her coverage with that received by Senator Aécio Neves, the losing candidate in the election and leader of the main opposition party and the campaign for her impeachment, who was the object of innumerable charges of corruption. This hypothesis was also rejected. A análise de valência de uma grande base de textos publicados pelos quality newspapers mais influentes do Brasil, Folha de São Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo, de janeiro de 2014 a agosto de 2016 demonstra que, após sua vitória na eleição presidencial de 2014, Dilma Rousseff não teve uma Lua de Mel por parte da grande imprensa. Pelo contrário, sua cobertura negativa se intensificou enormemente logo depois de assumir o cargo e ficou muito alta até sua remoção do poder. Também foi testada a hipótese de que o viés contra Rousseff fosse simplesmente uma disposição geral da mídia para exercer sua função de vigilância (watchdog) do interesse público frente aos políticos eleitos por meio da comparação de sua cobertura com aquela recebida por Aécio Neves, senador, candidato derrotado à presidência e líder da oposição e da campanha pelo impeachment de Dilma, e alvo de inúmeras acusações de corrupção. Tal hipótese também foi rejeitada pela análise dos dados.
Os estudos da mídia brasileira em períodos eleitorais têm consistentemente encontrado um viés contrapolíticos e partidos de esquerda, particularmente contra o Partido dos Trabalhadores. O presente trabalhoé uma contribuição a essa literatura. Trata-se de uma comparação entre as coberturas eleitorais do JornalNacional e das capas do jornal impresso O Globo, ambos pertencentes ao Grupo Globo durante o períodoeleitoral de 2014. Queremos, primeiramente, testar a hipótese da continuidade do comportamento dasmídias desta empresa. Uma vez confirmada essa hipótese, partiremos para o exame da hipótese do papelde "cão de guarda". Para tal, comparamos os resultados das análises das eleições de 2014 e de 1998:duas campanhas para reeleição, com os mesmos partidos em competição, PT e PSDB, mas ocupandolugares opostos dos polos situação e oposição. Nossos resultados confirmam a tese da continuidade doviés antipetista e rejeitam o papel de cão de guarda. A metodologia utilizada para a análise das coberturasdas três eleições é a análise de valências das notícias.
RESUMO O artigo traça o perfil autoral, disciplinar, bibliográfico e temático da revista DADOS por meio de uma análise bibliométrica de todos os textos publicados pelo periódico nos seus 50 anos de existência (1966-2015). A composição da base se deu pelo processamento dos textos indexados na plataforma SciELO e da leitura e codificação manual dos volumes mais antigos da revista. Diferentes técnicas para o estudo de corpora linguísticos foram utilizadas para delinear o perfil das bibliografias recorrentes, mormente a Análise de Correspondências Simples, e o perfil temático dos textos, sobretudo a Modelagem de Tópicos. Os resultados sugerem que a revista privilegiou artigos sobre as temáticas públicas prementes de cada momento histórico, aliando rigor metodológico ao compromisso com as questões públicas mais candentes no país e no mundo.
RESUMO Parte da literatura acadêmica brasileira sobre relações raciais tende a agrupar pretos e pardos em uma só categoria. Isso se justifica em virtude da sua semelhança em diversos indicadores socioeconômicos. No entanto, investigações recentes sobre padrões identitários e percepções de discriminação não mostram a mesma convergência entre os dois grupos. O presente artigo contribui para esse debate ao discutir a discriminação percebida por pretos, pardos e brancos a partir dos dados da Pesquisa das Dimensões Sociais da Desigualdade. Nossos resultados apontam que, no Brasil, a raça não pode ser analisada independentemente da dimensão socioeconômica. Mostramos, de forma inédita, que no tocante à percepção da discriminação, pardos de baixo status socioeconômico estão próximos dos pretos de mesma condição, enquanto pardos de status elevado reportam pouca discriminação e nisso se aproximam muito dos brancos.
<div class="trans-abstract"><p>Em que medida o Sistema de Justiça exerce protagonismo no atual processo de conflito institucional do Brasil? A partir de uma análise crítica do conceito de Judicialização da Megapolítica, proposto por Ran Hirschl, discutimos o papel das instituições do Sistema de Justiça na atual crise política brasileira. Mostramos que Hirschl é impreciso acerca do problema da legitimidade no conflito entre poderes e omisso acerca da função que a grande mídia tem de deslocar a legitimidade dos poderes eleitos para as instituições do Sistema de Justiça. Para testar nossa hipótese, comparamos a evolução da aprovação popular dos poderes de Estado com a cobertura que os jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e o Globo, além do Jornal Nacional dedicaram a elas, de 2014 até 2018, usando os dados da pesquisa do Manchetômetro. Concluímos sugerindo aprimoramentos ao estudo da judicialização e particularmente ao conceito de judicialização da megapolítica.</p><p><strong>Palavras-Chave: </strong>Judicialização da política; Sistema de justiça; Mídia; Opinião pública; Ministério Público</p></div><div class="trans-abstract"><p class="sec"><strong>THE JUDICIALIZATION WAS BROADCAST: the relationship between the media and the system of justice in Brazil</strong></p><p class="sec">ABSTRACT</p><p>What is the role of the Justice System in the current process of institutional conflict in Brazil? Through a critical analysis of the concept of the judicialization of megapolitics, proposed by Ran Hirschl, we discuss the role of the Judiciary and Public Prosecutor's Office in the current Brazilian political crisis. We call attention to the lack of clarity in Hirschl's analysis about the fundamental problem of legitimacy in the conflict between governmental branches, and then we show how there is strong evidence in the Brazilian case that the mainstream media had the function of shifting legitimacy from the elected powers to the institutions of the System of Justice. To test our hypothesis, we compare the evolution of the popular approval of the main institutions of Brazilian democracy with the coverage that the quality newspapers Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo and Globo, and the television news program Jornal Nacional have dedicated to them from the beginning of 2014 until now, using data from the Manchetometro project. We conclude by suggesting improvements to the study of judicialization and particularly to the concept of the judicialization of the megapolitics.</p><p><strong>Key words: </strong>Judicialization of politics; System of justice; Media; Public opinion; Attorney general</p></div><div class="trans-abstract"><p class="sec"><strong>LA JUDICIALISATION A ÉTÉ DIFFUSÉE: la relation entre les médias et le système de justice</strong></p><p class="sec">ABSTRACT</p><p>Dans quelle mesure le système de justice joue-t-il un rôle de premier plan dans le processus actuel de conflit institutionnel au Brésil? À partir d'une analyse critique du concept de Judicialisation Megapolitique, proposée par Ran Hirschl, nous avons discuté du rôle du pouvoir judiciaire et du ministère public dans la crise politique brésilienne actuelle. Nous attirons l'attention sur le manque de clarté dans l'analyse de Hirschl sur le problème fondamental de la légitimité dans le conflit entre les pouvoirs, puis nous montrons comment il existe de fortes preuves dans l'affaire brésilienne selon laquelle les médias traditionnels ont pour fonction de transformer la légitimité des pouvoirs élus en institutions des Système de justice. Afin de prouver notre hypothèse, nous comparons l'évolution de l'approbation populaire des principales institutions de la démocratie brésilienne avec la couverture que les journaux Folha de S. Paulo, État de S. Paulo et Globo et le journal Jornal Nacional leur ont consacré dès le début de 2014 jusqu'à présent, en utilisant les données d'enquête du Manchetomètre. Nous concluons en suggérant quelques améliorations à l'étude de la judiciarisation et en particulier à la notion de judiciatisation de la mégapolitique.</p><p><strong>Key words: </strong>Judicialisation de la politique; Système de justice; Médias; Opinion publique; Analyse d'évaluation</p></div>
O trabalho analisa a estratégia editorial do jornal O Globo no tratamento da questão das cotas raciais a partir do exame dos textos publicados pelo periódico sobre o tema entre 2001 e 2008. Focamos os textos de caráter opinativo para testar a hipótese de que há um controle editorial estrito na maneira como a questão das cotas raciais é apresentada no jornal na forma de controvérsia. Denominamos tal estratégia de "administração do espaço do debate". A análise temporal dos dados mostra que (1) O Globo mantém uma razão constante entre o número de textos opinativos e o de reportagens publicadas sobre o tema; e (2) entre os textos opinativos o jornal mantém uma razão constante entre textos contrários e favoráveis, com expressiva vantagem para os primeiros. A partir do cruzamento dos diferentes formatos e autorias dos textos publicados com sua valência descobrimos que, enquanto editoriais e cartas de leitores são dominantemente contrários, acadêmicos e colunistas do jornal se dividem entre prós e contras, e militantes, políticos e burocratas são apresentados como dominantemente favoráveis. Em suma, nossa análise permite mostrar que O Globo consegue ao mesmo tempo apresentar uma aparência de imparcialidade e controlar o espaço de debate de modo a passar uma posição dominantemente negativa das ações afirmativas para negros na universidade brasileira.
Resumo O paradigma de protesto é um conceito amplamente utilizado pela literatura internacional nos estudos do tratamento dispensado pela grande mídia a manifestações políticas e sociais. Há três explicações para sua ocorrência: (1) varia com a orientação ideológica do meio (quanto mais conservador, maior a probabilidade de adotar o paradigma de protesto); (2) varia com a posição do protesto em relação ao status quo ; e (3) nem sempre ocorre. Neste artigo analisamos a cobertura que a grande mídia brasileira dispensou às greves gerais de 2017 contra as reformas trabalhista e previdenciária, examinando os discursos e imagens associados aos grupos envolvidos nas greves gerais no Jornal Nacional e nos impressos Folha de S. Paulo , O Estado de S. Paulo e O Globo . Para tal utilizamos as metodologias da análise de enquadramento, interpretação de imagens e nuvens de palavras. Os resultados encontrados confirmam a ocorrência de paradigma de protesto nesses casos e revelam cinco modos predominantes de enquadrar as greves: (1) violência e vandalismo, (2) ação egoísta e desorganizada, (3) transtorno ao espaço público, (4) fonte de prejuízo à economia e (5) ausência de legitimidade popular. Na conclusão refletimos sobre a contribuição do presente artigo para o debate internacional sobre o assunto.
RESUMO Neste artigo, testamos a hipótese de que a cobertura recebida pela presidente Dilma Rousseff nos jornais 'Folha de São Paulo', 'O Globo' e 'O Estado de São Paulo' tornou-se ainda mais negativa após sua vitória eleitoral em outubro de 2014. Também comparamos a cobertura de Dilma àquela dedicada a Aécio Neves, seu principal adversário e líder da oposição, alvo de inúmeras denúncias de corrupção no período pós-eleitoral. O teste não deixa dúvidas acerca do caráter altamente politizado da mídia brasileira. Concluímos refletindo sobre a importância da mídia para o futuro da democracia no Brasil.