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A Universidade assume um papel importante na produção de Ciência e Tecnologia (C&T), e dentre suas missões, está a de construir maneiras de articular a C&T com os atores e atrizes da sociedade. Neste seguimento, as atividades da comunidade científica de ensino, pesquisa e extensão são meios para fazer o estabelecimento desses vínculos. A realização das práticas de ensino envolvem ações extensionistas, sempre de forma indissociável à pesquisa, o que possibilita a abertura da universidade ao processo dialógico com as comunidades, suas demandas, seus saberes e conhecimentos. Com o diálogo entre distintos públicos para responder às dinâmicas institucionais, sociais, políticas, culturais, econômicas e ambientais, é possível elaborar, de forma conjunta, empreendimentos, projetos e trabalhos de C&T orientados aos desenvolvimentos locais, estudos das implicações técnicas e científicas de arranjos. Desta forma, podem ser valorizados os conhecimentos e as tecnologias populares, além daqueles que podem usufruir da tecnociência hegemônica para transformar os modos de produzir, consumir e distribuir as mercadorias. Diante disso, a edição especial tem como objetivo reunir trabalhos que abordem as relações dialógicas entre a academia e a sociedade, considerando as atividades de ensino, pesquisa, extensão e divulgação científica. A Revista Tecnologia e Sociedade (ISSN: 1984-3526) tem como missão contribuir para o entendimento das múltiplas e complexas relações entre a tecnologia e a sociedade, mediante a divulgação de pesquisas e análises teóricas, que possam enriquecer diálogos e debates voltados à promoção da sustentabilidade, da equidade, da justiça, da cidadania e dos direitos.

O artigo analisa a atuação do Movimento Nossa BH (MNBH) na construção de espaços participativos de discussão de políticas públicas na capital mineira, a partir das relações que se estabelecem entre organizações da sociedade civil (OSCs) e governo. Os principais constructos teóricos utilizados são o de participação popular e esfera pública, de modo a se problematizar as formas de participação da sociedade civil em políticas públicas e as dificuldades enfrentadas para que ela se fortaleça na trajetória da cidade de Belo Horizonte. Além disso, pretende-se compreender o contexto do surgimento e a atuação do Movimento Nossa BH, a fim torná-la uma cidade mais justa, democrática e sustentável. A pesquisa tem como fundamento metodológico o chamado Estudo de Caso Estendido, recorrendo a técnicas qualitativas de coleta de dados, tais como entrevistas semiestruturadas em profundidade e observação participante. Os principais resultados obtidos referem-se às tensões estabelecidas entre esses atores para o fortalecimento da democracia participativa e o controle social sobre a gestão pública, denotando um rico mosaico de possibilidades e contradições encontrados pelo MNBH para efetivar sua proposta de criar espaços de interlocução e controle democrático do desenho, implementação e avaliação de políticas públicas na cidade de Belo Horizonte.

Em decorrência da pandemia de COVID-19, a utilização de recursos online fez-se necessária para implantação emergencial de formas alternativas de ensino e aprendizagem remotos pelas instituições de ensino brasileiras, sem preparo prévio. Diante dos enfrentamentos cruciais no ensino superior em contexto pandêmico, pretendeu-se analisar, neste artigo, como o ensino foi impactado pela pandemia, tendo como base a percepção e condições dos alunos de Administração. O intuito foi analisar o cenário, identificando como aprimorar o ensino e aprendizagem remotos, tanto na graduação quanto na pós-graduação. Para isso, desenvolveu-se um estudo com estratégias quali-quantitativas, envolvendo pesquisa documental, observação participante e aplicação de questionários com estudantes de Administração de duas instituições brasileiras, levando em consideração não apenas fatores tecnológicos, mas também sociais, econômicos e emocionais. O resultado apontou uma diferença no impacto sobre alunos de graduação e pós-graduação. Ainda, a pesquisa apontou para como a pandemia de COVID-19 pode ter agido como um potencializador de mazelas sociais e, inevitavelmente, prejudicado os processos de ensino-aprendizagem. Por fim, ações são propostas e implementadas para mitigar os problemas encontrados e oferecer caminhos ao ensino de Administração acompanhado.