O presente artigo expõe dados de uma pesquisa desenvolvida no curso ministrado a professores da rede pública brasileira, denominado Curso de Aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado para Pessoas Surdas, oferecido na modalidade a distância, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com o Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE). O curso foi desenvolvido integralmente na modalidade de educação à distância, via Web, utilizando o Ambiente Virtual de Aprendizagem MOODLE. Temos como objetivo analisar e discutir as representações sociais dos participantes do Curso de Aperfeiçoamento Educacional Especializado para Alunos Surdos, sobre Educação a Distância (EAD). Assim, apreciamos algumas "falas" dos cursistas nos fóruns realizados em turmas do referido curso. Fundamentando-nos com as orientações e pressupostos das representações sociais na perspectiva moscoviciana. Percebemos que questões sobre autonomia, democratização e espaço geográfico, são apontadas como as principais características da EAD nas representações dos sujeitos pesquisados.
Este artigo discute o corpo, tema atualmente em voga nos meios de comunicação, em duas perspectivas: das representações sociais e do biopoder. O texto aponta que os programas que ensinam como comer, como se exercitar, como perder peso e afins criam uma representação social do corpo como algo que deve ser constantemente cuidado e melhorado. Essa representação tem uma face ingênua, pois assimila passivamente técnicas do biopoder, que objetiva produzir corpos economicamente ativos e politicamente dóceis. O artigo adota técnica interdisciplinar para associar temas da Comunicação Social, da Psicologia Social e da Filosofia.
O objetivo deste artigo é compreender como a cobertura sobre violência urbana na Amazônia Paraense realiza dois movimentos de organização simbólica da experiência e realidade sociais, ou seja, o enquadramento e a produção de representações sociais sobre a violência. Pelas narrativas jornalísticas são realizados esses movimentos, assumindo uma forma específica: a de narrativa policial. Essas narrativas não têm o objetivo só de apresentar relatos sobre fenômenos e acontecimentos, antes, participam de uma relação mediada, em que os sentidos subjetivos e as formas reconhecidas como violência são projetadas e aderem aos conhecimentos já difundidos em sociedade.
Resumo: O texto tinha por objetivo uma pesquisa e se tornou um ensaio. De início, o objetivo era dar continuidade à perspectiva de aproximação da teoria das representações sociais aos fenômenos do cotidiano em estudos pontuais ou preliminares. E o fio condutor escolhido foi um crime bastante noticiado nos meios de comunicação, sendo o ponto de partida, portanto, de uma análise preliminar sobre a representação social do crime hediondo. Assim, a partir de dados veiculados pelos meios eletrônicos de comunicação, em prazo curto e delimitado, foram extraídos elementos que apontassem a possibilidade de uma pesquisa sobre a representação social do crime hediondo. Ainda que em caráter inicial, as análises respaldaram a perspectiva de uma abordagem recortada e bem próxima ao calor dos acontecimentos. Entretanto, de forma fulminante e paradoxal, a pandemia provocada pelo novo coronavírus confirmaria de forma radical a tal hipótese de trabalho, alterando completamente o escopo original do texto: escrever sobre o crime hediondo tornou-se secundário em relação ao caos provocado pelo vírus. O presente ensaio, escrito durante o período crítico da pandemia, expressa essa trajetória.Palavras-chave: Representações sociais. Crime hediondo. Cotidiano. Psicologia Social.Abstract: The text was intended for research and became an experience report. At first, the objective was to continue the perspective of bringing the theory of social representations closer to everyday phenomena in specific or preliminary studies. And the chosen guideline was a crime that was widely reported in the media, being the starting point, therefore, of a preliminary analysis on the social representation of heinous crime. Thus, from data transmitted by electronic means of communication, in a short and limited period, elements were extracted that point to the possibility of research on the social representation of heinous crime. Although in an initial character, the analyzes supported the perspective of a cut approach and very close to the heat of events. However, in a fulminating and paradoxical way, the pandemic caused by the new coronavirus would radically confirm this working hypothesis, completely changing the original scope of the text: writing about the heinous crime has become secondary to the chaos caused by the virus. The present essay, written during the critical period of the pandemic, expresses this trajectory.Keywords: Social representations. Heinous crime. Everyday life. Social psychology.
RESUMO Este artigo objetivou compreender a identidade ego-ecológica da pessoa vivendo com HIV e analisar as influências exercidas pelo profissional de saúde sobre esses indivíduos. A pesquisa é de abordagem qualitativa, com base teórico-metodológica na Teoria das Representações Sociais. Foram realizadas entrevistas com complementação de frases com 20 pessoas vivendo com HIV que recebem atendimento no laboratório de imunologia de um hospital universitário. O perfil populacional do estudo influenciou positivamente no lidar com o agravo, dada a maior idade e tempo de tratamento. Apesar disso, os estigmas sociais negativos ainda se fizeram presentes. Enfatizou-se o profissional de saúde com potencial de transformação, sendo este vinculado à oferta qualificada de cuidado. Por fim, concluiu-se que ainda há preconceitos e tabus direcionados a pessoas vivendo com HIV, indicando assim a necessidade de um olhar atencioso às vulnerabilidades biopsicossociais dessa população.
O presente trabalho analisa as representações sociais sobre a violência de educandos do curso de Licenciatura em Educação do Campo de uma instituição pública do estado de Minas Gerais. Para tanto foram realizadas 17 entrevistas com alunos desta formação que apresentam vinculação com o campo. Uma análise de conteúdo conjugada com análise léxica com o software IRAMUTEQ ® revelou cinco classes de conteúdo representacional, cada uma delas ligada à um aspecto descritivo ou interventivo sobre a violência no campo. A representação social sobre a violência para o grupo de educandos se organiza em torno da descrição/vivência e da intervenção/ação coletiva que reproduz as tensões entre agronegócio e agricultura e entre os movimentos sociais do campo e latifundiários. Foi possível verificar que trata-se de uma representação social complexa já que envolve outras representações, que ao ancorar em discursos de resistência ou assistencialismo podem representar um avanço ou retrocesso no que diz respeito à Educação do Campo.
In: Revista Alcance: revista científica do Programa de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Univali, Band 25, Heft 3(Set/Dez), S. 349
O objetivo deste artigo é identificar, a partir da perspectiva dos homens executivos, as representações sociais sobre a mulher executiva quanto à sua atuação no ambiente de trabalho. A metodologia tem abordagem qualitativa; quanto aos objetivos, é descritiva; e o método adotado foi o estudo de casos múltiplos. Foram analisadas três empresas de grande porte do Brasil. A amostra foi composta por 31 executivos com posições de alto nível estratégico. A partir da análise de dados emergiram cinco categorias: esforço e comprometimento; lealdade à empresa; disposição para assumir riscos; capacidade de tomar decisões; e capacidade de negociação. A maioria dos entrevistados acredita que as mulheres são mais comprometidas e se esforçam mais; que são menos leais à empresa; que são menos centralizadoras e possuem menor poder de decisão; que são emocionalmente frágeis e passivas; e que precisam adotar uma postura mais agressiva para negociar. Estes dados indicam uma manutenção das representações sociais tradicionais de gênero, em que são atribuídas às mulheres traços de submissão, dependência, fragilidade, emotividade e responsabilidade pelas tarefas domésticas e cuidados relativos aos filhos.
O sindicato dos trabalhadores é uma entidade que defende os direitos e os interesses dos trabalhadores. O sindicalismo brasileiro esteve presente em momentos históricos importantes do país, como por exemplo, no golpe a Vargas, no golpe militar de 1964 e no movimento de redemocratização e das Diretas Já (BOITO JR, 2005). Assim, torna-se fundamental analisar o contexto histórico, social, político e econômico em toda a sua amplitude para compreender as transformações das relações trabalhistas e do movimento sindical brasileiro. São diversos os sentidos do sindicalismo que circulam dentro de uma organização e, da mesma forma, na sociedade brasileira. Ademais, a mídia, integrada e atenta ao contexto político, social e econômico, também constrói e põe a circular sentidos e valores sobre o sindicalismo. Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os sentidos sobre o sindicalismo disseminados na Revista Veja, nos seguintes períodos históricos: Ditadura Militar (1968 a 1985); 4ª República ou redemocratização (1985 a 1990); Globalização e Neoliberalismo (1990 a 2002); Era Lula e atualidade (2003 a 2013). Justifica-se a escolha da Revista Veja como fonte de pesquisa devido a sua permanência, continuidade e representatividade no contexto brasileiro. A Teoria das Representações Sociais foi adotada como base para as análises realizadas. O delineamento metodológico utilizado foi o da abordagem qualitativa. Foi realizada uma pesquisa documental, cuja estratégia de coleta de dados foi a consulta a textos jornalísticos. Foram pesquisadas 161 edições da Revista Veja e 331 artigos foram selecionados para análise. A partir dos dados coletados foram construídas 46 categorias de análise, que posteriormente foram organizadas em 12 eixos temáticos. Os resultados indicaram uma pluralidade de sentidos disseminados pela Revista Veja sobre o sindicalismo. No período da ditadura militar, as relações de trabalho da época foram consideradas como um fator para o ressurgimento da luta sindical e para o fortalecimento do sindicalismo, e em contrapartida, ocasionaram os conflitos entre governo e sindicatos. O novo sindicalismo surgiu durante a ditadura militar com uma postura radical e esquerdista e foi fortemente combatido pelo governo ditatorial, no entanto, foram inseridos positivamente num conjunto de entidades e sujeitos importantes para a reabertura política e a implantação e desenvolvimento da democracia no Brasil. Com o movimento neoliberal, as relações trabalhistas foram relatadas como fator da crise do sindicalismo. Os sindicatos, em alguns casos, tiveram que aceitar a redução salarial para a manutenção do emprego. A partir disso, constatou-se uma intensificação dos sentidos negativos atribuídos ao sindicalismo na atualidade, como o peleguismo, apoio sindical ao governo, abandono dos interesses da base, financiamento ilegal de candidaturas políticas, corrupção e corporativismo. A disseminação do novo sindicalismo e do sindicalismo na atualidade foi associada principalmente à figura de Luiz Inácio Lula da Silva. Por fim, acredita-se que a análise dos dados, por meio do uso do quadro teórico das RS e, especificamente dos conceitos de ancoragem e objetivação, proporcionou um aprofundamento na história do sindicalismo e em suas significações e sentidos. ; Trade union is an organization, which defends the rights and interests of workers. Unionism in Brazil was present at important historical moments of the country, such as in the Vargas coup, the military coup of 1964 and the movement of democratization and the so-called Diretas já (Direct Elections Now) movement. (BOITO JR, 2005). Thus, it is essential to analyze the historical, social, political and economic context in all its magnitude to understand the transformations of labor relations and the Brazilian trade union movement. There are several ways of unionism circulating within an organization and, similarly, in Brazilian society. Moreover, the media, integrated and attentive to the political, social and economic context, also builds and spreads meanings and values of trade unionism. Therefore, the present study aims to analyze the senses about the disseminated unionism in Veja magazine, the following historical periods: military dictatorship (1968-1985); 4th Republic or re-democratization (1985-1990); Globalization and Neoliberalism (1990- 2002); the Lula era and the present time (2003-2013). The choice of Veja magazine as a source of research is justified by its permanence, continuity and representation in the Brazilian context. The Theory of Social Representations was adopted as the basis for analysis. The methodological design was a qualitative approach. Desk research was carried out, where data collection strategy was used to consult the journalistic texts. 161 editions of Veja magazine were surveyed and 331 articles were selected for analysis. The collected data was sorted into 46 categories of analysis, which were later organized into 12 themes. The results indicated a plurality of senses disseminated by Veja magazine on trade unionism. During the military dictatorship, the labor relations of the time were considered as a factor in the resurgence of trade union struggle and the strengthening of trade unionism, and in turn, led to conflicts between the government and unions. The new unionism emerged during the military dictatorship with a radical and leftist stance and was strongly opposed by the dictatorial government, however, were inserted positively in a number of important entities and subject to political reopening and the implementation and development of democracy in Brazil. With the neoliberal movement, labor relations have been reported as a factor of union crisis. The unions, in some cases, had to accept the salary reduction for maintenance of employment. From that period on, there was an intensification of negative meanings attributed to labor unions nowadays, as peleguismo, union support for the government, abandoning the interests of the base, illegal funding of political candidates, corruption and corporatism. The spread of the new unionism and unionism today was mainly associated with the figure of Luiz Inacio Lula da Silva. Finally, it is believed that the analysis of the data, by using the theoretical framework of the RS and specifically the anchoring concepts and objectification, brought and insight into the history of trade unionism and in its meanings and senses.
A juventude esteve muito presente nas notícias veiculadas a respeito do novo coronavírus. Nesse sentido, o artigo se propôs a analisar as representações sociais dos juízos divulgados pela mídia a respeito dos jovens, tendo como objeto 1.167 comentários gerados por usuários da rede social Instagram, a partir de uma notícia, sobre o tema em questão, do Jornal O Globo. Tratou-se de um estudo documental, cujos dados foram analisados pelo software IRAMUTEQ. Os resultados obtidos apontaram a prevalência de muitas representações, mesmo que os argumentos digam respeito a uma mesma realidade social.
Este artigo se propõe a identificar e analisar as representações sociais de masculinidades de jogadores de rugby a partir do filme Invictus, de Clint Eastwood. Em termos estruturais, faz-se, em um primeiro momento, uma aproximação com o corpus de estudo. Em seguida, realiza-se, à luz da Teoria das Representações Sociais, a exposição das representações sociais de masculinidade de jogadores de rugby recorrentes no filme, especialmente quanto a corpo, gênero e sexualidade. As representações sociais dos jogadores estão relacionadas a um padrão tradicional de masculinidade marcado pela força, coragem, potência, agressividade, virilidade e resistência à dor. Mas também houve momentos de ruptura, de contraposição a essa representação de masculinidade tradicional. Observaram-se momentos de fragilidade, sensibilidade, companheirismo, respeito e solidariedade. As representações sociais têm influência sobre as relações de gênero, haja vista serem um conjunto de valores, interpretações e conceitos sobre determinado objeto em dado momento histórico, social e cultural. O "ser homem" ontem não é o mesmo de hoje, nem o será amanhã.
O artigo constata, nas ciências sociais, um retorno à noção de sujeito capaz de inspirar uma nova abordagem da subjetividade no campo de estudo das representações sociais. Após um exame dos momentos que significaram a morte e a ressurreição da noção de sujeito, são abordados os principais temas que caracterizaram a sua reintegração na História, na Sociologia e na Antropologia. Esses temas permitem descartar o risco de uma visão solipsista no exame da parte subjetiva das representações sociais. Para esse fim, um esquema tripartite é proposto, relacionando a gênese e as funções das representações sociais a três esferas (subjetiva, intersubjetiva e transubjetiva) e ilustrado por uma análise dos debates relativos ao célebre episódio das caricaturas de Maomé. As reflexões finais propõem que o estudo das representações sociais se oriente para as relações entre pensamento e mudança social.
Objetiva-se com este trabalho analisar as representações sociais no ciberespaço da Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil (REGA Brasil), considerando as informações sobre os movimentos de agroecologia brasileira entre jovens acadêmicos, a partir da Teoria das Representações Sociais e da articulação de redes e/ou grupos de agroecologia nas universidades. Para tanto, realizou-se análise netnográfica no site da Rede, análise de conteúdo das cartas agroecológicas redigidas nos encontros nacionais dos grupos de agroecologia (ENGAs) e uma breve discussão das campanhas de comunicação digital. Do ponto de vista representativo, apresentam-se muitos significados ancorados em uma base definida entre o sujeito (agroecologia) e o objeto (juventude). Observaram-se indícios representativos fundamentados na agricultura familiar, trabalho coletivo, gênero, universidades, ações extensionistas e recursos midiáticos. Os resultados demonstraram que para a juventude o uso das representações sociais é importante, sendo uma formação alternativa em favor da sustentabilidade, cooptando grupos universitários de agroecologia e outros setores sociais a aderirem à causa.
A qualidade de vida é um dos grandes temas discutidos na contemporaneidade, praticamente em todas as áreas do conhecimento. Inúmeras são as dificuldades metodológicas inerentes aos estudos sobre o tema. Assim, apresento uma discussão sobre representações sociais, etnografia e cultura, os primeiros enquanto métodos, e o último como indicador adequado aos estudos sobre qualidade de vida de famílias agricultoras.