Um novo elemento marca as ações dos movimentos sociais na contemporaneidade: o uso da Internet e das redes sociais para a convocação de ativistas, divulgação de manifestações e acompanhamento em tempo real do que acontece nas ruas. Essa nova estratégia de ação é denominada de ciberativismo, levando ao empoderamento de grupos de ativistas ao ampliar o alcance das reivindicações assumidas como direitos coletivos.
Abordo aqui duas culturas juvenis transterritoriais – Punk e Hip-Hop –, problematizando a possibilidade de considerá-las como novos sujeitos políticos, territorializados no lugar. Inicio o texto situando o conjunto de preocupações, que tem direcionado minha atenção: as relações entre sociabilidade e cidade, no espaço-tempo. Punk e Hip-Hop colocam-se como possibilidades de identificação para jovens, situados em diversos lugares da cidade, construírem suas redes de sociabilidade e territorializarem-se na cidade. Uma territorialização que não é indiferente à cidade concreta em que se realiza. Assim, argumento que a consideração do Punk e do Hip-Hop como movimentos sociais só pode se dar a partir de parâmetros muito precisos. Para referendar o argumento, reconstruo a trajetória histórica de ambas as culturas juvenis, do mundo ao lugar, tomando como referência uma cidade média paranaense. Para finalizar, apresento uma reflexão, ainda preliminar, sobre a dialética socioespacial, tema para o qual estudos dessa natureza podem trazer alguma contribuição.
In: Ciências sociais UNISINOS: revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Band 46, Heft 1, S. 47-52
Em face da tensão latente entre pesquisador e seu 'objeto' de estudo, antropólogos e historiadores têm trabalhado buscando o verdadeiro sentido contido nas ações de seus informantes. Ao fazê-lo, em geral, negligenciam o mundo possível que emerge das categorias 'nativas'. Observando a continuidade da igreja kimbanguista, quase um século depois do movimento que lhe deu início, constatamos o quanto sua história é permeada pelo diálogo com os Scholars e, como a academia buscou o sentido por trás desse movimento religioso. Ao analisar, através de trabalho etnográfico, que relações sociais emergiam dos conceitos formulados pelos kimbanguistas, encontramos nova forma para explicar antigos sistemas de clivagem.
A democracia evoluiu historicamente através de intensas lutas sociais e, com frequência, também foi sacrificada em muitas dessas lutas. Nem sempre os movimentos sociais promovem a democracia, mas há uma tendência contemporânea a que muitos deles incorporem uma dimensão renovada de luta democrática, contribuindo para a ressignificação das práticas e teorias democráticas no começo deste século. Este artigo pretende ir além das análises unidirecionais com que foram tratadas as relações entre movimentos sociais e democracia nas transições democráticas, com o objetivo de questionar e ampliar as articulações teóricas possíveis entre democracia e sujeitos sociais, tomando como referência a existência de quatro "fronteiras" que muitas vezes não são superadas: a da ciência, a do Estado-nação, a da instituição e a do momento histórico. PALAVRAS-CHAVE: movimentos sociais, democracia, espacialidade da política, escalas, fronteiras. SOCIAL MOVEMENTS AND DEMOCRACY : the two sides of the "borders" Breno Bringel Enara Echart Democracy has evolved historically through intense social struggles and, frequently, it was also sacrificed in many of those struggles. Not always social movements promote democracy, but there is a contemporary tendency that many of them incorporate a renewed dimension of the democratic struggle, contributing to the ressignification of the practices and democratic theories at the beginning of this century. This paper intends to go beyond the unidirectional analyses with which the relations between social movements and democracy were treated in the democratic transitions, with the objective of questioning and enlarging the possible theoretical articulations between democracy and social subjects, taking as reference the existence of four "borders" that a lot of times are not overcome: the science one, the Nation-state one, the institutional one and the historical moment one. KEYWORDS: social movements, democracy, spaciality of politics, scales, borders. MOUVEMENTS SOCIAUX ET DEMOCRATIE: les deux cotés des "frontières" Breno Bringel Enara Echart Tout au long de l'histoire la démocratie a évolué grâce à des luttes sociales intenses, mais aussi, elle a souvent été sacrifiée au cours de ces nombreuses luttes. Les mouvements sociaux n'ont pas toujours été favorables à la démocratie, il existe cependant une tendance contemporaine qui fait que nombreux sont ceux qui lui donnent une dimension renouvelée de lutte démocratique, permettant de re-signifier les pratiques et les théories démocratiques du début de ce siècle. Cet article se veut d'aller au-delà des analyses unidirectionnelles qui ont servi à l'étude des relations existantes entre les mouvements sociaux et la démocratie au cours des transitions démocratiques. Ceci permet de remettre en question et d'amplifier les articulations théoriques possibles entre démocratie et sujets sociaux. La référence utilisée est celle de l'existence de quatre "frontières" qui souvent ne sont pas dépassées: la frontières de la science, celle de l'Etat - Nation, celle de l'institution et celle du moment historique. MOTS-CLÉS: mouvements sociaux, démocratie, spatialité de la politique, échelles, frontières Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br
O presente artigo analisa algumas das críticas feitas às teorias deliberativas da democracia, de forma a resgatar o conflito como componente determinante para o desenvolvimento das democracias contemporâneas. Esta paisagem teórica permitiu um avanço em relação às questões da inclusão política, ao reconhecer a importância da autonomia política e ampliação da igualdade formal. Apesar destes avanços, as teorias deliberativas da democracia passaram a ser objeto de críticas em relação à excessiva ênfase no consenso, o que acabou por eclipsar outras formas de ação política, tais como as ações coletivas de conflito. Neste artigo, busco reforçar a importância da ênfase no conflito como elemento determinante para o desenvolvimento de nossas democracias. Para tanto, promovo um diálogo entre a teoria deliberativa da democracia e a teoria dos processos políticos, que tem como foco central a análise da relação entre os atores coletivos, suas políticas de conflito e o contexto político.
Pensar alguns elementos que fazem parte da dinâmica e dos processos existentes nos movimentos sociais dos anos 90 é um dos objetivos centrais do trabalho. A valorização dos componentes micro sociais, subjetivos e do senso comum, coloca às Ciências Sociais, um desafio instigante, de aproximar a reflexão teórica com o que ocorre no plano do cotidiano.
Prezados(as) leitores e leitoras, convidamos para adentrar nas discussões apresentadas no Dossiê Movimentos Sociais e Direitos e a se beneficiar de leituras com discussões profícuas e repletas de excelente conteúdo.
Partidos e eleições em Belo Horizonte / Otavio Soares Dulci -- Política e administração em Belo Horizonte / Patrus Ananias de Souza -- Movimento reivindicatório urbano e política em Belo Horizonte / Mercês Somarriba -- Belo horizonte: trabalho e sindicato, cidade e cidadania (1897-1990) / Michel Marie Le Ven, Magda de Almeida Neves -- Crime e segurança pública / Antônio Luiz Paixão, Luciana Teixeira de Andrade.