Algumas características do filme "O que é isso companheiro?" são analisadas no presente texto. Dado o seu caráter sintétíco, não se pretende aqui uma discussão exaustiva e aprofundada. Nossos objetivos são o de fazer uma contextualização da época, bem como o de situar algumas questões para a reflexão e o debate acerca das concepções sociais e de gênero presentes na obra.
O instagram é um aplicativo de compartilhamento de fotos mundialmente conhecido, sendo uma plataforma de divulgação de fotos de cidades, lugares, rios e suas margens. Este trabalho vem na perspectiva de estudar o hidroterritório do rio Capibaribe na cidade do Recife, vendo este rio do ponto de vista imagético-discursivo e nas relações de poder simbólico. Inicialmente, utilizou-se da análise dos discursos fotográficos dos usuários do instagram promotores do capital imobiliário e turístico, colocando em questão, as implicações desses discursos na publicidade turística e imobiliária que se faz do rio Capibaribe. Logo em seguida, evidenciou como se dão os conflitos simbólicos, originado nas disputas de narrativas imagético-discursivas entre aqueles usuários que estetizam do rio para o capital imobiliário e turístico e aqueles que estetizam o rio visando a denúncia dos conflitos socioambientais.
O presente artigo traz uma reflexão sobre o papel dos movimentos sociais para o impulsionamento da participação dos cidadãos dentro do Estado Democrático de Direito, desde o contexto histórico das consequências culturais, políticas e econômicas vivenciadas a partir da década de 70, até os dias atuais. Diante do histórico desses movimentos, esta reflexão tem como proposta propiciar um debate sobre as possíveis alternativas de participação cidadã na atualidade social e política.
A formação dos Estados latino-americanos não tem origem em uma unidade nacional democraticamente constituída. Da mesma forma, o conhecimento jurídico latino-americano advém de uma construção histórica marcada pela homogeneização cultural e pela exclusão de determinados sujeitos sociais. Em contrapartida, alguns países andinos têm promulgado novas constituições decorrentes de processos marcados por intensa participação popular, com a proposta de remodelação estatal, inaugurando o Novo Constitucionalismo Latino Americano. A Constituição Política da Bolívia de 2009, a partir dos anseios coletivos, apresentou um novo projeto jurídico que, por meio do pluralismo jurídico comunitário participativo, construiu uma nova cultura jurídica, política e social.
Esse texto analisa os resultados parciais de uma pesquisa realizada com mulheres-mães que narram suas experiências nas relações intrafamiliares, detidamente com seus filhos e filhas, mas não somente. O objetivo é trazer à tona as percepções relacionais que tais mulheres possuem de si mesmas em torno das identidades maternas e dos papéis conjugais exercidos no âmbito das relações de poder sociofamiliares, bem como compreender alguns conflitos decorrentes das mesmas - repletas de ambiguidades - e as distintas formas de lidar encontradas por elas. A análise é feita a partir de um olhar que intersecta diversos lugares de pertencimento, problematizando variadas posicionalidades como: distintas localizações de classe, raça, geração, nível de escolaridade, ocupação espacial atual e outros marcadores sociais emergentes na investigação em campo - estruturais ou circunstanciais - como a procedência e origem geográficas, e, assim, desvelar certa pluralidade de experiências e percepções sobre ser mulher-mãe. Para a apreciação e sistematização dos relatos, ancorei-me na análise qualitativa viabilizada através da categorização e análise de conteúdo inspirada em Bardin (1977) e Minayo (2006), além da valoração das subjetividades das falas por meio de estratégias metodológicas com o uso da história oral (Thompson, 1998; Magalhães, 2002).
O processo de colonização e desenvolvimento do Brasil assentado na colonialidade produziu um país extremamente desigual e um complexo quadro de injustiça ambiental. A educação ambiental (EA) como aliada nas lutas por justiça social e proteção ecológica pode ser uma maneira de fortalecer as lutas e a resistências nos oprimidos por este desenvolvimento. O objetivo deste artigo é aumentar a visibilidade de uma comunidade quilombola de Mato Grosso que há mais de um século grita forte por justiça socioambiental, e que, no entanto, têm suas vozes abafadas pelo sistema excludente. A metodologia utilizada foi Mapa Social com técnicas de entrevista e oficinas. Compreendendo que natureza e cultura são dimensões inseparáveis e que nas lutas ambientalistas incluem-se também a luta contra as injustiças ambientais, trilhamos essa caminhada investigativa pelo viés da EA e oferecemos um retrato sobre as violações de direitos e a luta dessa comunidade para permanecer no território.
No presente artigo revisitamos os estudos da Teoria do Processo Político e da Teoria da Mobilização Legal, apontando os esquemas analíticos promissores dessas duas abordagens, mas também observando os problemas e ausências dessas teorias frente às observações que temos apreendido do nosso trabalho de campo em conflitos ambientais. Assim, propomos a introdução da perspectiva pragmatista de John Dewey e do aprofundamento do conceito de performance para compreender como ocorrem as interações entre atores nesses conflitos e como elas podem criar coalizões de enfrentamento. Pensar as interações de litigância a partir da formação de performances coordenadas constituídas por experiências compartilhadas do problema pode ser útil para entendermos a realização do confronto através de mecanismos relacionais que criam processos de contestação importantes no Brasil das últimas décadas.
As eleições de 2002 confirmaram o fortalecimento da presença evangélica na disputa por cargos políticos no Estado do Rio de Janeiro, e revelaram um deslocamento de vários setores dessa tradição religiosa em direção aos partidos de esquerda. Embora a crescente participação dos evangélicos na política brasileira já tenha despertado muita atenção dos cientistas sociais, há relativamente poucos estudos sobre a reação de outros grupos religiosos e/ou políticos a esse fenômeno. Um dos objetivos do presente artigo é analisar especialmente a reação católica. A análise de declarações de políticos em geral, mas especialmente de políticos católicos, sobre essa força eleitoral evangélica, bem como a análise das propagandas eleitorais de candidatos que se identificavam como católicos revelaram uma variedade de discursos reativos. A reação variava desde um questionamento genérico da legitimidade de envolver religião com política, até críticas e confrontos especificamente voltados à atuação da IURD.
O artigo analisa um conjunto de performances contemporâneas que compõem o repertório discursivo de confronto político hoje. Argumenta‑se que tais práticas permitem vislumbrar características fundamentais da comunicação política hodierna e que a arena dos conflitos sociais existe em permanente transfiguração, sendo impossível compreender os conflitos e seus atores sem um conhecimento adequado dessas próprias transfigurações.
Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão crítica sobre uma experiência vivenciada com os agricultores da Quarta Colônia/RS que possuem agroindústrias familiares rurais vinculadas à Rede da Casa. O artigo analisa a experiência que conduz na tentativa de solucionar um problema, ou seja, a adequação dos empreendimentos familiares à legislação. Nesse viés, procura-se pontuar como foi realizada a estratégia de intervenção dos técnicos da universidade. Assim, poder-se-á entender que o problema ambiental, antes de tudo, era um problema localizado e individual e que o pressuposto que conduzia as ações do grupo de agricultores eram conflituosos, ou seja, os objetivos dos integrantes eram diferentes. Essa experiência de condução participativa, com suas limitações, vem no sentido de entender as concepções do grupo de agricultores que se formou na tentativa de qualificar suas práticas, a fim de buscar em conjunto a legalização. Por ora, percebeu-selimitações tanto do grupo interventor quanto do grupo de agricultores e dos atores sociais envolvidos.
O presente artigo tem como objetivo compreender o poder dos movimentos sociais globais na democracia participativa na sociedade internacional contemporânea. Os movimentos sociais globais são atores coletivos que exercem poder sem intermediários por conta de seu relevante potencial reformador, uma vez que, por meio de suas lutas, protestos, manifestações e mobilizações, pressionam e participam de forma direta das decisões dos Estados. Com isso, constituem a expressão da democracia participativa, que configura a forma mais autêntica de democracia do século XXI. A metodologia utilizada tem por base a abordagem qualitativa e o método dedutivo, adotando-se a técnica de pesquisa bibliográfica.
John Borrows é titular da Cátedra de Pesquisa em Direito Indígena no Canadá. Ele é professor de direito na Universidade de Victoria (Columbia Britânica). O professor John Borrows é um dos principais especialistas em Direito Indígena e um renomado pesquisador e jurista no Canadá. Ele tem sido citado, de modo recorrente, pela Suprema Corte do Canadá e recebeu inúmeros prêmios e títulos honorários. Em 2018, ele foi apontado como um dos vinte e cinco advogados mais influentes do Canadá e, em 2017, foi nomeado o vencedor do Prêmio Killam em Ciências Sociais pelo Conselho Canadense de Artes. Borrows é indígena Anishinabe / Ojibway e membro da Primeira Nação Chippewa de Nawash em Ontário, Canadá. O professor Borrows é autor de numerosas publicações nas áreas de Direito Indígena, Tradições Jurídicas Indígenas, Direito Constitucional e Direito Ambiental. Entre seus livros publicados, destacam-se "A ética indígena do Direito" (2019), "Recuperando o Canadá: O ressurgimento do direito indígena" (2017) e "Liberdade e Constitucionalismo Indígena" (2016).