RESUMOO presente texto chama a atenção para a importância de se construir basesepistêmicas necessárias para superar as amarras da colonialidade do saber.Mostra, também, como essas bases estão sendo construídas no diálogo entre pesquisadores indígenas e não indígenas situados no Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Goiás. Esta é a construção da pedagogia da retomada, que traz para o debate os saberes indígenas silenciados, colocando-os em movimentos em articulações intra e interculturais.Palavras-chave: Retomada. Epistemologia. Indígenas. Temas Contextuais.
Resumo Este trabalho traz a proposta da indignação epistêmica como caminho crítico e decolonizador para refletir sobre a construção do conceito de minorias no Direito moderno. A partir de pesquisa bibliográfica e de análise da construção histórico-social do conceito de minorias, buscamos demonstrar sua ambigüidade latente: ao mesmo tempo em que reconhece direitos, oculta relações de poder que criam, reforçam e atualizam injustiças sociais, econômicas e epistêmicas.
O Transtorno do Espectro Autista caracteriza-se como transtorno do neurodesenvolvimento, cuja incidência na população mundial é crescente, dado que demanda a contribuição de diversas áreas do conhecimento, especialmente da Psicologia e da Educação. Este estudo teórico objetiva problematizar o papel da Psicologia nas práticas dirigidas ao autismo, considerando as discussões atuais sobre decolonização. Para fundamentar a reflexão sobre a Psicologia, são abordados elementos de sua história e da perspectiva crítica, com enfoque na Teoria Histórico-Cultural e na Psicologia da Libertação. Frente a isso, emerge a celeuma relacionada ao Behaviorismo, suas críticas, metacríticas e novos direcionamentos para o autismo. É abordada a articulação entre decolonização e Psicologia e suas implicações em termos de ensino, pesquisa e intervenções psicológicas e educacionais sobre o tema em questão. Espera-se que as ideias apresentadas provoquem inquietações acadêmicas que, de alguma maneira, impulsionem e embasem teoricamente diferentes rumos às práticas dirigidas ao autismo.
Resumo A partir dos marcos teóricos da linha de pensamento jurídico crítico "O Direito achado na rua" apresenta-se uma perspectiva de possibilidades e desafios na construção de um constitucionalismo que inclua na sua pauta uma transformação no modelo de organização estatal moderno de modo a decolonizá-lo e despatriarcalizá-lo, abrindo-o para o reconhecimento de suas mobilizações jurídicas emancipatórias.
O pensamento decolonial desafia paradigmas e questiona o legado do colonialismo global. Neste artigo, são exploradas obras que investem no desenvolvimento deste debate, apoiado na interdisciplinaridade em prol de investigações sociais mais sensíveis que valorizem as vozes das pessoas. Portanto, a presente pesquisa de cunho epistemológico propõe abordagens que valorizam a ciência popular e a práxis territorial num percurso metodológico sustentado por teóricos que contribuíram para a construção de territorialidades inclusivas. As considerações que centralizaram esta reflexão apontam para um ponto essencial: o desafio de emergir para uma nova compreensão, superando a influência eurocêntrica enraizada, para atingir uma compreensão mais autêntica e contextualizada da realidade latino-americana.
O presente artigo busca entender as condições objetivas nas quais a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro Saúde) se insere na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Inicia-se o artigo por conceituar o ativismo religioso como uma atividade histórica e transcontinental. Problematiza-se a relação desse ativismo com as Ciências Sociais frente aos temas e métodos para se compreender a gênese do ativismo afrorreligioso. Aprofunda-se o tema por demonstrar que o campo conhecido como "sociologia das religiões de matriz africana" demanda uma metodologia própria diferente da utilizada para estudar outras formas de ativismo. O artigo conclui que as religiões de matriz africana alteraram a PNSIPN através de sua militância (Renafro Saúde) e pela introdução de um conceito alheio ao paradigma da saúde pública: a afrocentricidade.
Refletindo sobre a complexidade do movimento de interpenetração das culturas, em Portugal e em Moçambique, que vai de obras literárias e de produções cinematográficas a manuais escolares e a museus, as travessias identitárias e os imaginários do passado e do presente a que esta obra se refere manifestam um compromisso com o presente. Porque, é um facto, trabalham no sentido da decolonização da língua, das culturas e das artes, o que também quer dizer, no sentido da decolonização do pensamento e do conhecimento.
This text analyses the routes to develop decolonial academic studies of religions and theologies. Based on a literature review of the subject, the text discusses the following questions: What does it mean to advance decolonial academic studies of religions and theologies? To what extent is it possible for the academic study of religion and theology to go beyond the dominant colonial matrix of power? What specific challenges are faced by scholars interested in developing decolonial discussions of religions and theologies?
RESUMO A presença da residência em saúde no território pode contribuir para decolonizar a Academia? Este artigo visa refletir sobre a possibilidade de decolonização dos processos de construção do conhecimento nas instituições de ensino, pesquisa e extensão por meio da presença de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase em Saúde da População do Campo no território. Trata-se de um relato de experiência, com base epistemológica das teorias pós-coloniais e decoloniais, em especial, a Pedagogia do Território. O estudo refere-se à intersecção da formação interdisciplinar e multiprofissional na ótica da relação território e saúde a partir da realidade da comunidade quilombola de Estivas, localizada na zona rural do município de Garanhuns, região agreste de Pernambuco. Conclui-se que a residência multiprofissional como instituidora de espaços coletivos possibilita um novo olhar para o território, a comunidade e o profissional da saúde, a fim de desenvolver suas ações pautadas na interdisciplinaridade e na educação popular como uma práxis. Permite ainda compreender outros modos de produzir saúde, estimulando não só a transformação na comunidade e do profissional de saúde, mas sobretudo da sociedade, sendo, portanto, um espaço potente no contributo para a decolonização da Academia.
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma trajetória da legitimação da dominação e do racismo nos países que tiveram uma colonização europeia. Para isto, primeiro abordamos o racismo colonizador e a lei, posteriormente tratamos a dominação colonizadora e a luta pela decolonização e, por último, ressaltamos a necessidade da procura pela identidade mestiça. A metodologia é bilbiográfica, com uma abordagem da antropologia filosófica, que acreditamos nos ajudará a vislumbrar nossa origem colonial e a mestizagem da identidade latino-americana.
O trabalho da artista paraense Naiara Jinknss serve como ponto de partida para elaborar possíveis narrativas imagéticas para a decolonização dos corpos marcados pela colonialidade. Jinknss, através das imagens captadas pelo celular, fotografa corpos no famoso mercado a céu aberto de Belém do Pará, o Ver-O-Peso. Ao observar a sua obra – pensando forma e conteúdo – pretendemos, em diálogo com os estudos decoloniais, analisar a contribuição artística e social das imagens produzidas por Naiara Jinknss.
This article consists of a theoretical framework linked to a photography experience in the field of photography and aims to reflect and provoke a Brazilian indigenous woman and her contemporary representation. Investigating their fight guidelines during the 1st Indigenous Women March Territory: our body, our spirit, held in Brasília - DF on August 13, 2019. We question the colonizing gaze on their bodies and identities, their worldview, their way of life. It seeks to reflect on important agendas in the political, economic, and social spheres which constitute the practice and organization of these women, which coexist with emergencies of new constructions in the core of power. Who are these cosmological and original women, who return to their sacred sites and have resisted for more than centuries in Brazil? The experience is part of an observation and photo collection field that is part of the master's thesis, which studies a representation of contemporary Brazilian indigenous women, seeking an understanding and translation of their strength and tradition, in addition to the material visibility provided by photography and consistent photographic analysis methods, which consider covering all the complexity that can exist in an indigenous woman. ; El artículo se compone de un marco teórico unido al relato de una experiencia en el campo de la fotografía, y tiene como objetivo reflexionar y provocar sobre la mujer indígena brasileña y su representación contemporánea. Investigando sus pautas de lucha durante la 1ª Marcha de las Mujeres Indígenas Territorio: nuestro cuerpo, nuestro espíritu, celebrada en Brasilia - Distrito Federal el 13 de agosto de 2019. Cuestionamos la mirada colonizadora sobre sus cuerpos e identidades, su visión del mundo, su forma de vida. Buscamos reflexionar sobre pautas importantes en las esferas política, económica y social y de qué forma la práctica y organización de estas mujeres coinciden con la emergencia de nuevas construcciones en el ámbito del poder. ¿Quiénes son estas mujeres cosmológicas y originarias, que regresan a sus lugares sagrados y han resistido durante más de cinco siglos en Brasil? La experiencia forma parte de un campo de observación y recogida de fotos que constituye el Trabajo Fin de Máster que estudia la representación de mujeres indígenas brasileñas contemporáneas, buscando la comprensión y traducción de su fuerza y tradición a través de la visibilidad material proporcionada por la fotografía y métodos consistentes de análisis fotográfico, que cubren toda la complejidad que puede existir en la traducción de una mujer indígena. ; O artigo é composto por um arcabouço teórico unido à um relato de experiência no campo da fotografia, e tem como objetivo refletir e provocar sobre a mulher indígena brasileira e sua representação contemporânea. Investigando suas pautas de luta durante a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas Território: nosso corpo, nosso espírito, realizada em Brasília - Distrito Federal no dia 13 de agosto de 2019. Questionamos o olhar colonizador sobre seus corpos e identidades, sua cosmovisão, seu modo de vida. Busca refletir sobre pautas importantes no âmbito político, econômico e social e de que forma prática e organização destas mulheres, coincidem com emergências de novas construções no cerne do núcleo do poder. Quem são essas mulheres cosmológica e originária, que retomam seus locais sagrados e resistem há mais de cindo séculos no Brasil. A experiência faz parte de um campo de observação e coleta fotográfica que compõem parte da dissertação de Mestrado, que estuda a representação da mulher indígena contemporânea brasileira, buscando a compreensão e tradução de sua força e tradição, através da visibilidade material proporcionada pela Fotografia e métodos de análises fotográficos consistentes, que deem conta de abarcar toda a complexidade que pode existir na tradução de uma mulher indígena.
El artículo reflexiona sobre las dimensiones ontológica, epistemológica, teórica y política que mantienen a la comunicación y a su campo de estudio, la Comunicación, en situación de colonialidad. Frente a ello, a partir de una crítica de la Comunicación "Occidental" y de la reinterpretación y de la complementación de elementos de la crítica-utópica que fue desplegada por comunicólogos militantes de América Latina, se examina la necesidad de promover, en este ámbito, una ruptura decolonizadora con el "centro universalista" que impuso la Modernidad. ; The article reflects on the ontological, epistemological, theoretical and political dimensions that maintain communication and its field of study, Communication, in a situation of coloniality. Against this, from a critique of the "Western" Communication and the reinterpretation and complementation of elements of the utopian critique deployed by militant communicators from Latin America, it examines the need to promote in this field a decolonizing rupture with the "universalist center" that Modernity imposed. ; O artigo reflete sobre as dimensões ontológica, epistemológica, teórica e política que fazem com que a comunicação e seu campo de estudo, a Comunicação, estejam numa situação de colonialidade. Contra isso, a partir de uma crítica da Comunicação "Ocidental" e da reinterpretação e acréscimo de elementos da crítica utópica desenvolvida pelos comunicólogos militantes da América Latina, examina a necessidade de promover neste campo uma ruptura decolonial com o "centro universalista" que a Modernidade impôs.
Resumo: Da experiência espiritual da mulher negra em diáspora, surge um pensamento fronteiriço como resposta bíblico-teológica à experiência histórica do racismo. Trata-se de um exercício hermenêutico que assume o imperativo ético e epistemológico da decolonização da teologia e da Bíblia, visto que ambas serviram como "ferro em brasa" para subjugar e desumanizar os povos de origem africana. De um exercício interpretativo a partir do subalterno, desvela-se o protagonismo espiritual da mulher negra no mundo bíblico a fim de revelar as matrizes africanas da fé judaico-cristã. Com isso, anseia-se contribuir para a desconstrução do imaginário eurocêntrico que segue legitimando a dominação e o aniquilamento do outro e, assim, cooperar para a reconstrução de um imaginário despatriarcalizado e antirracista.
Resumo: Este texto aborda a decolonialidade do saber, utilizando como recorte espacial os estudos pós-coloniais a partir de uma concepção do Sul Global. Por meio de uma pesquisa bibliográfica amparada sob método dialético, propõe-se repensar como as Ecologias de Saberes que nascem das lutas sociais se constituem enquanto entes de produção de conhecimento e saberes locais que nascem desde um Sul Epistemológico e não mais geográfico. Como referencial teórico utiliza-se o pensamento fronteiriço-abissal proposto por Boaventura de Sousa Santos (2010) enquanto via de decolonização epistêmica que permite-nos romper com os nós-estruturais e epistemológicos da modernidade ocidental. Ademais, como subsídio de análise, recorre-se ao pensamento de Walter Mignolo (2008, 2017) e Maldonado-Torres (2010) numa crítica às concepções dominantes da modernidade ligadas às experiências coloniais e seus marcadores da diferenciação.