(Con)figurações do historiador em um tempo marcado pela disrupção tecnológica
In: Esboços: revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, Band 27, Heft 45, S. 170-186
ISSN: 2175-7976
O presente artigo tem por objetivo observar algumas das práticas que podem ser incorporadas pelos historiadores ante as possibilidades da chamada "era digital". Analisamos, em parte, a relação das ciências humanas com os computadores, entendendo-a como um exercício de entusiasmo e de conservação, na medida em que as tecnologias são tomadas ora como uma potência de futuro, ora como a responsável pela dissolução do nosso campo profissional. Trabalhamos, também, com certas pressões sofridas pela disciplina histórica e o consequente anseio por se atualizar, tendo em vista o recente estudo de Valdei Araujo e Mateus Pereira acerca do "atualismo". A disrupção tecnológica parece estar formando novas identidades para a história e para os historiadores, sendo capaz de alargar as suas fronteiras e reinventar as suas tradições. Projetos criados para a internet, por exemplo, de canais no YouTube a podcasts, surgem como novas formas de atuação, e representam as (con)figurações do historiador em um tempo marcado pela inovação. Por fim, discutimos brevemente a disciplinação de novos campos ou movimentos teóricos, como são os casos das humanidades digitais e da história digital. Há razão em circunscrever o digital em limites disciplinares? Argumentamos que as recriações digitais do passado, estimuladas pelo que há de mais sofisticado no universo das novas tecnologias, devem inspirar a imaginação histórica, estando sempre desprendidas dos imperativos da disciplina.