O objetivo central deste artigo é mostrar que a questão de gênero, levantada no cenário internacional nas últimas duas décadas pelo movimento subnacional, transpassa a visão tradicional das relações internacionais. Através de um movimento transnacional, as cidades vêm elaborando políticas públicas e iniciativas em um espaço internacional de representação dos movimentos e preocupações de gênero. A metodologia aqui aplicada consiste em analisar o conteúdo dos documentos produzidos e disponibilizados, de 2000 até 2011, pela Unidade Temática de Gênero e Município da Rede Municipal de Mercocidades, de forma a identificar as atuais políticas internacionais, bem como estabelecer uma relação entre a representação feminina e a atuação transnacional dos governos locais. A base teórica apoia-se no efeito bumerangue construtivista, elaborado por Martha Finnemore e Kathryn Sikkink, que buscam explicar a atuação transnacional dos novos atores internacionais, bem como dos estudos feministas de Marisa Zalewski, Cynthia Enloe, Christine Sylvester e Spike Peterson que norteiam a pesquisa qualitativa sobre a representação e ação de gênero na documentação analisada. As análises demonstraram que a cooperação descentralizada das cidades não apenas ampliou o número de atores porta-vozes dessa temática nas relações internacionais, como também contribuíram para construir definições sobre a questão de gênero no Cone Sul-Americano.
Entrevista da Revista Gênero com Regina Navarro Lins, Psicanalista, autora do livro A cama na varanda, acerca do tema meios de comunicação e sexualidade.
A análise de vários livros didáticos de História nos mostra que, nos últimos anos, tornou-se mais frequente a presença de personagens e representações históricas de mulheres. De modo particular, os livros apresentam imagens e ilustrações de figuras femininas. Foi a partir desta constatação, ou seja, a marcante utilização da imagem nos livros didáticos publicados nos últimos anos, que foi construído o tema e o problema do presente artigo. Os ivros didáticos abriram maiores espaços para ilustrações mostrando figuras femininas; mas isso significaalguma mudança na maneira como as práicas e representações de gênero são reproduzidas na sociedade e no cotidiano escolar? Para realizar esse incursão, as imagens aqui analisadas são aquelas encontradas nos livros didáticos e que se referem à temática da família patriarcal durante o período de colonização do Brasi.Palavras-chave: livros didáticos de história; gênero; imagens
O artigo propõe uma leitura das teorias de dois importantes pensadores sociais contenporâneos-JUrgen Habermas e Anthony Giddeeeens-desde o ponto de vista de alguns dos problemas colocados pela teoria feminista. O texto se centra, particularmente, no questionamento desta última à distinção público/privado e à consequente relegação das relações de gênero ao âmbito do não político, do "privado". A autora sugere que o conceito de reflexividade proposto por cada um dos autores, Habermas e Giddens, pode contribuir para uma melhor compreensão deste aspecto da problemática feminista. As duas versões do conceito, eaboradas em momentos diferentes e desde perspectivas teóricas distintas, são examinadas desde esta perspectiva ao longo do trabalhoPalavras-chave:Teoria Social; Teoria feminista; Gênero
Este artigo, excerto de minha pesquisa de dissertação de mestrado que investiga a escritura do travestimento homoerótico como representação identitária na literatura brasileira, discorre sobre o conceito de travestimento, utilizado denotativa e metaforicamente na literatura. A roupa e a escrita são tecnologias clássicas, daí nossa abordagem sobre o travestimento físico e literário. Tal conceito é desenvolvido na abordagem das profícuas relações entre literatura, gênero e escritura. Tal como a tecnologia, o gênero é fruto das relações sociais e, portanto, insere-se no contexto da performatividade. Neste sentido, a literatura, tal qual outras artes como o cinema, a teledramaturgia, o teatro e a pintura, podem ser considerados ricos recursos oriundos das mais diversas tecnologias da comunicação, questionando as construções sociais e a normatividade imposta.
A partir de uma observação feita pelo naturalista alemão Robert Schomburgk sobre as mulheres indígenas, esse artigo discute alguns aspectos relativos ao gênero e a agência feminina, considerando experiências recentes entre as mulheres Makuxi de Roraima; pretende-se mostrar que as mulheres são agentes ativos, particularmente no âmbito da comunidade e nos movimentos sociopolíticos, além de sugerir que a situação histórica a qual se instalou no Brasil nas últimas décadas não apenas ampliou os espaços para a ação feminina, como também inovou aqueles já ocupados por elas. Palavras-chave Gênero; agência;Makuxi.
O tema deste estudo é a participação da mulher no trabalho informal ou em posições ocupacionais que podem ser consideradas precárias, assim como a discussão sobre a assimetria ou viés informacional que acompanha o trabalho feminino. Microdados da PNA/IBGE/2001 foram utilizados no estudo. A consideração simultânea de gênero e da posição do indivíduo na família é adotada para v´rios tipos de análises aqui desenvolvidas, como, por exemplo, a observação de como a educação e a idade dos diferentes membros da família estão relacionados à participação no trabalho informal e nas ocupações precárias.
Será que as novas famílias que temos estudado ultimamente são tão "novas" assim? Alguns exemplos sobre a história contada por alguns intelectuais ingleses, ou americanos na Europa, ou sobre eles, sugere que arranjos os mais variados são testados há muito tempo por casais ou grupos sociais que, no entanto, ainda se apresentam como "famílias" – e também registram suas genealogias na sua forma mais tradicional, "esquecendo" relações que não tenham dado origem a descendentes, ou, que ainda que o tenham, são relações pouco convencionais. Também vale a pena perguntarmos se a nossa forma tradicional de apresentar genealogias não induz, pela própria estrutura formal por nós aprendida, a esses apagamentos da história.