O artigo trata da correspondência entre as políticas de cultura e a museologia social no Brasil. Situa essa perspectiva de museologia e contextualiza como a função social dos museus foi incorporada na elaboração de marcos políticos e legais, desde a Política Nacional de Museus em 2003. Destaca o Programa Pontos de Memória como uma ação concreta correspondente à museologia social, que oportuniza o desenvolvimento de redes. Insere nesse panorama a trajetória da Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro e considera que a participação da sociedade civil foi um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento das políticas públicas nos últimos 13 anos.
Ao direcionarmos o olhar para as décadas de 1920 e 1930, podemos verificar os diferentes projetos, apresentados por parte da intelectualidade brasileira, para a área do patrimônio e dos museus. Esta assertiva poder ser confirmada por meio da análise dos diversos projetos e anteprojetos que buscavam normalizá-la. Nesse período, é posta em curso a ideia da construção de um Estado onde as elites têm papel de destaque no encaminhamento da questão política e cultural. Assim, são criados importantes instituições e órgãos, tais como o Museu Histórico Nacional (1922), o Curso de Museus (1932) e a Inspetoria de Monumentos Nacionais (1934). Tanto o Curso de Museus como a Inspetoria de Monumentos Nacionais são considerados marcos. O primeiro na institucionalização da Museologia e dos estudos de museus no Brasil. O segundo foi um dos principais antecedentes do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), criado em 1937. O presente artigo pretende lançar luzes nessa discussão ao analisar e problematizar o papel desempenhado por diferentes atores no processo de formação e configuração das áreas da Museologia e do Patrimônio, enfatizando as convergências e divergências existentes em suas trajetórias.
O artigo focaliza um recorte da pesquisa "Termos e Conceitos da Museologia", âmbito da Linguagem de Especialidade, representando teoria e prática de um conhecimento que se expressa sob a forma de comunicação científica (contexto informacional/comunicacional). Sob perspectiva histórica, enfoca o entrelace Museologia-Museu e Patrimônio a partir dos fundamentos da formação do Museu, campo museológico e Patrimônio. Destaca processos de institucionalização de bens culturais (bens simbólicos), isto é, Patrimonialização e Musealização, e as significações construídas, ao longo do tempo, legitimando ações de 'apropriação' por instâncias culturais. O respaldo teórico envolveu estudos da Museologia, teoria comunicativa da terminologia, socioterminologia, teoria da economia dos campos e poder simbólico, Direito e Ciência da Informação. Os objetivos incluíram a identificação e análise das dinâmicas de criação, ressignificação, variação de termos/conceitos, com resultados que também servem à linguagem documentária. A metodologia desenvolveu análise comparada de fontes ligadas às representações e práticas dos cenários museológico, patrimonial e terminológico. Os resultados apontaram uma base comum para a interação entre Museologia e Patrimônio: a imagem divulgando a necessidade de salvaguardar os bens para transmissão às gerações futuras - preservação, consubstanciada no sentido emprestado de ato social ligado à questão das identidades, mas cuja face real é a prática do poder simbólico.
Depois de explicitar o que se entende pelas noções de "arqueologia industrial" e de "nova museologia", procura demonstrar-se a relevância de ambas enquanto áreas de conhecimento e tecnologias culturais. Caracteriza-se, em seguida, de forma sumária, o universo português da mineração do volfrâmio e defende-se a importância de assegurar a preservação, estudo, revivenciação e análise crítica daquela realidade social global. Propõem-se, para o efeito, diversas estratégias conjugadas: salvaguarda de documentação escrita não-impressa, gráfica e material, recolha de testemunhos orais; criação de estruturas museológicas e dinamização do turismo cultural; recuperação ambiental e revitalização/diversificação económica das zanas mineiras.
The Ethnographic Museum "Juan B. Ambrosetti" was affected by the interventions of the national universities of the dictatorial governments between 1930 and 1983. After the democratic return, the Directorate of JA Pérez Gollán and M. Dujovne began an institutional transformation in light of debates about the role of anthropology museums. His project spread twenty-four years ago in Runa influences, even today, the development of various lines of work. The exhibition "Challenging silence: indigenous peoples and dictatorship", inaugurated forty years after the last coup d'état, is the result of this process of change.As part of the work team that developed it, we propose to reflect on this exhibition in light of the conceptual and museum transformations proposed in that Project. And we ask ourselves how to reflect on state violence, resistance, absences, silences and demands for justice in a university museum of anthropology? ; El Museo Etnográfico "Juan B. Ambrosetti" fue afectado por las intervenciones de las universidades nacionales de los gobiernos dictatoriales entre 1930 y 1983. Tras el retorno democrático, la Dirección de J. A. Pérez Gollán y M. Dujovne inició una transformación institucional a la luz de los debates sobre el rol de los museos de antropología. Su Proyecto difundido hace veinticuatro años en la Revista Runa influye, aún hoy, en el desarrollo de diversas líneas de trabajo. La exhibición "Desafiando al silencio: pueblos indígenas y dictadura", inaugurada a cuarenta años del último golpe de estado, es resultado de este proceso de cambios.Como parte del equipo que la llevó adelante, nos proponemos reflexionar sobre esta exhibición a la luz de las transformaciones conceptuales y museográficas propuestas en aquel Proyecto. Y nos preguntamos ¿cómo reflexionar sobre la violencia del estado, las resistencias, las ausencias, los silencios y las demandas de justicia en un museo universitario de antropología? ; O Museu Etnográfico "Juan B. Ambrosetti" foi afetado pelas intervenções das universidades nacionais dos governos ditatoriais entre 1930 e 1983. Após o retorno democrático, a Diretoria de JA Pérez Gollán e M. Dujovne iniciaram uma transformação institucional à luz dos debates sobre o papel dos museus de antropologia. Seu projeto difundido há vinte e quatro anos na Revista Runa influencia, ainda hoje, o desenvolvimento de diversas linhas de trabalho. A exposição "Silêncio desafiador: povos indígenas e ditadura", inaugurada quarenta anos após o último golpe, é o resultado desse processo de mudança.Como parte da time que a realizou, propomos-nos a refletir sobre esta exposição à luz das transformações conceituais e museográficas propostas naquele Projeto. E nos perguntamos como refletir sobre a violência do Estado, as resistências, as ausências, os silêncios e as demandas por justiça em um museu universitário de antropologia?
Resumo As pesquisas em Paleogenômica têm encontrado nos acervos de Antropologia e História uma riquíssima fonte de material para análise do genoma de organismos que já não existem mais. Com objetos de museus, essa nova área científica tem conseguido interpretar as relações entre espécies extintas e atuais e dar evidências à ação antrópica em processos de extinção. Ao reforçar o paradoxo do Antropoceno – uma nova época geológica em que se destrói para prosperar –, os museus se inserem na discussão sobre correr riscos de danificar ou perder acervos museológicos em prol do desenvolvimento científico. Assim, este artigo visa contribuir com o debate sob a perspectiva museológica, analisando aspectos relacionados à responsabilidade e ao compromisso com a preservação e a pesquisa nos museus, com atenção especial à 'aura' do objeto. Para a construção dos argumentos, enfoca-se o caso de uma das maiores coleções de cornos adornados do mundo, do Museu Nacional da Dinamarca, útil para a interpretação do processo de extinção dos auroques. Ao final, reconhecendo os museus como aliados ao paradoxo do Antropoceno, considera-se a Museologia a área mais afetada pelo dilema e recomenda-se atenção a oito conjuntos de perguntas que surgem sempre que a questão se estabelecer em um museu.
O objetivo deste trabalho é refletir sobre as interfaces entre Comunicação e Museologia. Propõe-se a ideia do museu como medium, considerando-o como ambiente de comunicação. De cunho teórico, o artigo parte das ponderações de literaturas dos campos da Comunicação e da Museologia a fim de compreender melhor os modos pelos quais a comunicação nos museus vem sendo abordada e reafirmar a postura democratizante dessa instituição perante a sociedade. Nesse cenário, os recursos tecnológicos destacam-se no processo de ressignificação das informações circuladas na sociedade. Conclui-se que, no desafio imposto pela conjugação de lazer e educação, as tecnologias de informação e comunicação contribuem para a disseminação, o conhecimento e ampliação do acesso aos acervos da instituição, permitindo a reconfiguração das relações entre museu e sociedade, além das potencialidades de preservação dos acervos e de interatividade com públicos distintos.
Musint 2 is a text to be read, accompanying the new MUSINT II website, following and innovating the general features of the previous MUSINT. But, as the two on-line projects differ in both technical aspects and content while maintaining similar principles and purposes, so the new volume takes on a role that makes it a novelty more suited to the progress that characterises the archaeological disciplines under a scientific and didactic perspective. The division into three sections is still maintained. The first section contains a series of works directly related to the MUSINT II site. There is an increase in the number of presentations relating to technical and educational aspects, which are considered an innovation of the new site, compared with scientific contributions intended in a more traditional sense. The second section presents an array of significant works of virtual musealisation, specifically chosen from the most varied areas, and tries to underline their educational approach. The third section is developed in continuity with the previous edition, although it presents new features in the choice of the selected research works: in fact, it selects topics which were already proposed in their experimental phase, as well as new research that have been identified over the years through the wider knowledge on the possibilities of a digital and interactive museology.