A ideia que motiva este artigo é refletir sobre a comunicação política do segundo mandato da presidenta Dilma, no contexto de um Brasil em crescente processo de midiatização. As interações que se dão nas sociedades em processo de midiatização são por vezes surpreendentes. Após o fenômeno que ficou conhecido como "panelaço", em sua fala no Dia das Mulheres (8 de março de 2015), a Presidência da República mudou meio e formato de comunicação, chegando à decisão de comunicar sua mensagem no dia 1o de maio, Dia do Trabalho, somente nas mídias sociais, e não pela televisão e pelo rádio, como em anos anteriores
O artigo tem como objetivo analisar a representação da criança carente e/ou em situação de rua da cidade de São Paulo na revista Veja São Paulo. Para atingir o objetivo realizamos uma análise do discurso jornalístico nos textos da revista, entre os anos de 2005 e 2012, relacionando-os aos conceitos de biopolítica, cunhado por Michel Foucault, às teorias sociocognitivas sobre o discurso de Teun Van Dijk e às metáforas como ferramentas sociocognitivas de George Lakoff e Mark Johnson. Como resultados, identificamos que a representação das crianças na revista é regida por dinâmicas de exclusão e marginalização, por meio de um discurso baseado em moralização, ideologia do consenso (FOWLER, 1991), criminalização e exclusão.
Since the 1980s of the 20th century the relationship between media literacy and citizenship has been included in political and academic discourses. In a simplistic way, bureaucrats and researchers have long recognized that with basic media literacy skills and competencies, individuals will change their citizenship practices: they will be better citizens. This paper summarizes some results of research developed between 2009 and 2013 in cies-iul, and show that the relationship between media literacy competencies and citizenship practices was insipid - or even non-existent.
O artigo apresenta um desenredar do conceito de hibridização cultural e sua relação intersticial com a mídia, sobretudo em um contexto de nação, no caso, o Brasil. Todavia, por compreender que há uma complexidade e abrangência semântica, social e histórica acerca dos termos cultura e hibridismo (quiçá hibridismo cultural) é que se propõe apresentar as acepções dos termos, fazendo um recorte, no qual se reporta às ideias centrais dos mesmos dentro de uma perspectiva dos estudos pós-coloniais imbuída das teorias da comunicação, para então deslindar a participação da mídia tanto como elemento constituinte desta realidade social como o que 'ancora' essa construção de hibridismos culturais.
No início dos anos 2010, uma onda de manifestações sociais irrompeu em diferentes países. Por meio do uso de performances alinhadas com os gêneros virais das mídias sociais, essas manifestações consolidaram a estética Carnavalesca que caracteriza as narrativas políticas produzidas e distribuídas em rede por ativistas. Assim, este artigo reflete sobre o fenômeno das mobilizações globais a partir de seis vídeos que apresentam performances ativistas inspiradas no universo de Guerras nas Estrelas. Produzidos em mobilizações distintas entre os anos de 2010 e 2014, os vídeos foram coletados manualmente na plataforma YouTube e contextualizados sob a perspectiva dos Estudos de Mídia.
O trabalho visa compreender os discursos empregados sobre os haitianos nos jornais impressos de três municípios do estado do Rio Grande do Sul. Mapeando as cidades que mais receberam haitianos nos últimos três anos: Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Lajeado. Para a coleta das informações elegemos um jornal impresso de cada cidade durante o ano de 2014. Esses dados se articulam com os conceitos de imigração, sociabilidade e mídia. Inferimos que os discursos podem interferir nas vivências e nos processos de sociabilidades dos imigrantes haitianos. Evidenciamos que em alguns momentos as informações noticiadas atuam como promotores de informações assistencialistas aos imigrantes e em outras matérias reforçam o discurso de negação do sujeito por parte dos leitores sem manifestações positivas aos imigrantes.
Estudos recentes têm enfocado a cultura juvenil, entretanto há lacunas quanto aos desejos dos jovens. O presente estudo registra resultados de pesquisas do Observatório de Juventudes, Cultura de Paz e Violências na Escola – OBJUVE da Universidade Federal do Piauí, especificamente sobre as práticas dos grupos de Hip Hop Vida na Periferia "Vida P" e Movimento pela Paz na Periferia "MP 3" e outra pesquisa sobre "Juventudes, Mídias e Violências", objetivando compreender as mediações formativas na construção das identidades das/os jovens envolvidas/os em práticas em tais práticas de sociabilidades. São referências teóricas desse trabalho os estudos de Adad (2004), Fischer (2008), Catani e Gilioli (2008), Bomfim (2006), Sposito (2003) dentre outras, que foi operacionalizado por meio de observação nos espaços onde se encontravam os sujeitos dessas pesquisas e de aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas. Como resultados podemos registrar que as identidades dos/as jovens da periferia de Teresina são construídas em meio a grupos de amigos, dos movimentos de que participam e de colegas do espaço escolar através de atividades culturais específicas (cine-periferia, teatro, danças etc.) mediadas por ações formativas planejadas. Não obstante essa formação, os/as jovens sofrem forte influência de atrativos para consumo mercadológico via instituições midiáticas, além de reforçarem práticas de violência.
Este trabalho busca identificar os estilos de abordagem publicitária das marcas no Instagram. Para tanto, adota-se como aporte teórico os conceitos de mobilidade, espaços intersticiais, visibilidade e marketing 3.0, apoiados em Santaella (2007; 2008); Thompson (1998; 2008) e Kotler (2010). A empiria acompanha o método netnográfico, apresentando como corpus da pesquisa as marcas brasileiras Farm, Arezzo, Dress to, Cia. Marítima e Iorane, cujos estilos são categorizados como conceitual, varejista, semi varejista, semi varejista-colaborativo e semi varejista de patrocínio. No entanto, os dados observados também levam a crer que os estilos podem ser híbridos e que as marcas ainda tateiam para apreender o fenômeno da convergência digital.
De um lado, examinar como os jovens consomem informação - do noticiário ao entretenimento- na era digital, de outro, como os estudantes lidam com a necessidade de exercitar o fazer jornalístico em época de crise e ainda, como o profissional, em início de carreira, trabalha com a preocupação do tempo de atenção dos consumidores para conseguir emplacar sua produção jornalística em tempo real. Empresas repensam seus treinamentos e novas maneiras de apuração de notícias, enquanto universidades discutem para por em prática novas diretrizes curriculares que atendam o mercado em ebulição.
In: Contexto internacional: revista semestral do Instituto de Relações Internacionais, IRI, Pontíficia Universidade Católica, PUC, Band 30, Heft 3, S. 571-614
O presente artigo tem como objetivo discutir as estratégias para o controle social da imagem das jovens mulheres a partir das propostas relacionadas à comunicação contidas em planos nacionais de políticas públicas construídos nas conferências nacionais de políticas para as mulheres realizadas em 2004, 2007 e 2011 e nas conferências nacionais de políticas para a juventude realizadas em 2008, 2011 e 2015. A partir da realização de análise documental e de conteúdo das resoluções das referidas conferências apresentamos como a discussão do tema avançou ao longo dos anos no campo institucional brasileiro. Ao abordar questões como comunicação, gênero e juventude nos documentos institucionais pontuamos os desafios que ainda persistem para a construção da diversidade de representação delas no cenário midiático brasileiro.
Atualmente não é mais possível compreender o ensino centrado apenas no professor, antes considerado o único detentor do conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem deve ser algo dinâmico que estrutura, e é estruturado de acordo com as relações forjadas em seu desenrolar. Assim, ferramentas como os softwares de modelagem surgem para otimizar e auxiliar nesse processo. Nesta perspectiva, o presente trabalho busca refletir sobre as mudanças conjunturais que levam os professores a adotar novas posturas para um melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Em decorrência destas transformações, os docentes têm adotado novas formas de ensinar, que abrem espaço ao uso das novas tecnologias, cujas contribuições são inegáveis, especialmente, no ensino de Química. No entanto, em face da falta de preparo, do medo de mudanças e do modo acelerado como essas mudanças têm ocorrido, os professores da referida disciplina têm construído uma representação social acerca do uso das novas tecnologias, notadamente, dos softwares de modelagem, que tem tornado lento e confuso o processo de informatização do ensino de química. Neste sentido, cremos na pertinência deste trabalho, pois, essa discussão pode nos fazer compreender em que medida os professores de Química podem utilizar criticamente as novas tecnologias, aprimorando a sua prática.
Este artigo tem como contexto a publicidade e o pensamento comunicacional e objetiva avaliar os alcances e limites da publicidade, no contexto contemporâneo, sob a perspectiva da Teoria Social de Niklas Luhmann, a qual permite o redimensionamento da relação entre comunicação e sociedade, bem como da noção de representação, colocando-se, portanto, na contramão de teorias da comunicação bem assentadas na área da comunicação. Para tanto, apresentam-se reflexões sobre a publicidade na confluência do pensamento comunicacional e aspectos da teoria mencionada, com ênfase no conceito de heterorreferência, seguido de exemplos envolvendo o sistema das marcas e a publicidade. A importância desse artigo está na possibilidade de repensar a publicidade e seus atributos em função do fluxo das diversas correntes do pensamento comunicacional estabelecidas.