A abordagem bilíngue para crianças com surdez e a prática docente: em perspectiva, os objetos de aprendizagem
In: Cadernos de Educação, Band 18, Heft 36, S. 129-144
Apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que objetiva, de forma geral, investigar as práticas adotadas na abordagem bilíngue para crianças com surdez, em salas de aula regular. De modo específico, busca compreender como se dá o uso e circulação da Libras (Língua Brasileira de Sinais) e do Português em duas salas de uma escola de educação infantil. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa empírica de carácter qualitativo, cujo objeto de estudos é a prática docente em uma escola vinculada à rede pública de ensino de uma cidade da região do grande ABCD paulista, Brasil. Os procedimentos metodológicos se deram em três etapas: entrevista semiestruturada com quatro professoras, observação em sala de aula e desenvolvimento de objeto de aprendizagem. Esta investigação toma como aportes teóricos: a linguagem como prática social (BAKHTIN, 1986), a surdez como experiência visual (SKLIAR, 1999) e a abordagem bilíngue para surdos (FAVORITO; SILVA, 2008). Os resultados preliminares apontaram para a constituição de dois momentos distintos na escola. Primeiro: o atendimento educacional especializado (AEE) em Libras, no período regular, por meio da parceria entre o professor regente e o professor mediador. Segundo: o atendimento educacional especializado em Português, realizado com o uso da língua de instrução da criança com surdez (a Libras), trabalhando a língua adicional (o Português) na modalidade escrita. Constatou-se a necessidade de mediações sígnicas acessíveis (REILY, 2004) no trabalho interacional e do desenvolvimento de objetos de aprendizagem que atendam aos critérios de acessibilidade, interatividade, cooperação, cognição, afetividade, disponibilidade e reusabilidade (BRAGA, 2014).