Os artefatos visuais tais como as imagens publicitárias, cinematográficas e artísticas balizam os modos como os sujeitos percebem os/as outros/as, o mundo e as masculinidades valorizadas e desvalorizadas visualmente. Em que medidas a representação de masculinidades heróicas se difere da representação de masculinidades vilãs? Para apresentar respostas a esse questionamento, foi desenvolvida uma pesquisa de caráter documental e analítico, cujo o objetivo foi analisar a construção visual e a performance de personagens masculinos enquanto herói e vilão. Sob os fundamentos dos Estudos da Cultura Visual e dos Estudos das Masculinidades, foram analisadas cenas da animação A Bela e a Fera (1991), da Disney, cujo protagonismo e antagonismo são, ambos, desempenhado por personagens masculinos. Ao final, ressaltaram-se a agressividade, a competição e a não demonstração de afetos na personalidade de Fera e Gaston e reclama-se pela ampliação de representações masculinas.
As representações de adultos/as sobre o que é considerado feminino e masculino reforçam estereótipos de gênero e, com isso, brinquedos, jogos e demais artefatos da cultura visual tendem a caracterizar meninos e meninas de formas diferentes. Como as identidades de gênero de meninas e meninos são representadas nos jogos infantis de ciência? As meninas aparecem nas embalagens desses jogos? Quando aparecem, como são apresentadas? Para responder a essas questões, neste artigo, de cunho documental e analítico, temos como objetivo problematizar as representações de ciência e feminilidade nas embalagens de jogos infantis. Para tanto, investigamos 38 embalagens de jogos infantis de ciência comercializados em 2017. Durante a análise, dividimos esse montante de embalagens em cinco grupos, os quais foram investigados sob fundamentos dos Estudos de Gênero e Estudos da Cultura Visual. Avaliamos que as embalagens de jogos científicos analisadas sugerem um "não protagonismo" feminino nos jogos de ciências. Constatamos, nesses artefatos, a ausência de endereçadores visuais que convidem as meninas a brincarem/fazerem ciência − ao menos que as atividades envolvam os cuidados com o corpo, os afazeres domésticos e a atuação como auxiliares.
Por meio da animação "Float" (2019), um curta-metragem produzido pela Pixar e distribuído pela Disney, somos motivados/as a pensar sobre os fatores que tentam padronizar comportamentos. O curta, então, atua como um currículo cultural não escolar que remete à ideia de "normalidade", a qual tem sido relacionada ao masculino, à branquitude, à jovialidade, à heterossexualidade, à cisgeneridade e à religião cristã, dentre outros marcadores identitários. Como as crianças que não se enquadram nessas condições acerca de "normalidade" são tratadas pelos/as demais? Para respondermos a esta pergunta, objetivamos analisar representações circuladas em artefatos da cultura visual, que contemplem temáticas afetas às diferenças e às infâncias. Para tanto, elaboramos uma pesquisa a partir dos Estudos de Gênero e Estudos da Cultura Visual, organizada em três momentos. O primeiro, uma apresentação de aspectos teóricos dando ênfase ao currículo cultural; o segundo, uma contextualização histórica sobre como as opressões de gênero têm atuado na produção de corpos, desde as infâncias; e o terceiro, uma análise do curta-metragem "Float" (2019).
As relações de gênero fortemente estabelecidas por e em setores econômicos, culturais e trabalhistas contribuíram para que, na contemporaneidade, o bordado fosse associado ao feminino. As práticas escolares e curriculares também favorecem certa distância entre masculinidade e o bordado. Diante disso, perguntamos: Que diálogos podem ser estabelecidos entre masculinidades e arte, em uma perspectiva que valorize o bordado para além do fazer artesanal? Para responder a essa pergunta, neste artigo, apoiamo-nos teoricamente nos Estudos de Gênero e nos Estudos das Masculinidades, pensando-os em articulação com a Educação. Temos como objetico analisar como os aspectos generificados do bordado atravessam a produção artística contemporânea de artistas homens. Para isso, estruturalmente, organizamos a discussão em dois tópicos. No primeiro, discutimos sobre os aspectos educativos e pedagógico das aprendizagens de gênero, dando ênfase às masculinidades. No segundo, apresentamos uma análise de duas séries artísticas feitas pelo artista carioca Fábio Carvalho (1965--), sendo elas: Em sendo patente…(2012) e Monarca (2012). Ao final, nas considerações, evidenciamos o caráter pedagógico dos artefatos visuais e, a partir das obras de Fábio Carvalho, argumentamos sobre a necessidade de repensar as imagens ofertadas às crianças, incluindo aquelas envolvidas em práticas escolares.
Quais as relações entre as origens da "ideologia de gênero" e seu emprego contemporâneo em hashtags no Twitter? A partir de uma abordagem bibliográfica e documental, este artigo se propôs a investigar as relações entre as noções originais da expressão "ideologia de gênero" e o emprego contemporâneo atribuído por hashtags no Twitter. Visou retomar a constituição dessa expressão e, posteriormente, analisaram-se os conteúdos imagéticos e estáticos associadas à hashtag #ideologiadegenero, no Twitter, entre os dias 28 e 29 de agosto de 2019. Os Estudos de Gênero e os Estudos da Cultura Visual forneceram amparo metodológico e epistemológico para a realização desta proposta, possibilitando a ampliação das discussões sobre a expressão "ideologia de gênero" e o pensamento sobre constâncias e renovações no discurso antigênero.
O objetivo proposto neste estudo foi o de analisar como os sistemas de representação, especificamente os filmes de animação, têm investido na construção visual de identidades masculinas. Debruçou-se sobre os Estudos das Masculinidades para investigar a construção visual de nove personagens masculinos da animação Aladdin (1992), produzida pela Disney. Três eixos analíticos foram apresentados e revelam relações estabelecidas entre a) o vilão e outros personagens coadjuvantes; b) o herói e outros personagens coadjuvantes; e c) o herói e o vilão. As interpretações associaram o herói/bom à Masculinidade Hegemônica; o vilão/abjeto à Masculinidade Subordinada; e coadjuvantes/ cômicos às Masculinidades Cúmplices e Marginalizadas.
Resumo: O artigo tem como objetivo problematizar a performance enquanto prática artística que promove a resistência, a pluralidade e a diferença, discutindo como ela pode favorecer aspectos educativos. Apresenta o conceito de performance em seus aspectos históricos, antropológicos e artísticos, bem como a performance autobiográfica, que possibilita o resgate de experiências pessoais, memórias coletivas e, no recorte apontado aqui, o exercício do ativismo feminista. Aborda aspectos do movimento feminista e analisa performances de duas artistas mulheres e feministas: a artista norte-americana Carolee Schneemann e a artista brasileira Panmela Castro. Por fim, avalia o caminho evocado pela performance como viável ao estabelecimento de estratégias de resistência e sensibilização por meio da experiência artística compartilhada entre performer e espectadoras. Ademais, aponta a performance como alternativa para instigar o pensamento crítico, a liberdade e a criação de possibilidades de transformações no âmbito pessoal e coletivo, por meio de ações que abordam temáticas identitárias que refletem as lutas de movimentos sociais, como o movimento feminista, movimento negro e movimento LGBTQI+.Palavras-chave: Arte contemporânea. Performance. Performance autobiográfica. Feminismo. Mulheres artistas. Abstract: The article aims to problematize performance as an artistic practice that promotes resistance, plurality and difference, discussing how it (the performance) can favor educational aspects. This paper presents the concept of performance in its historical, anthropological and artistic aspects, as well as the autobiographical performance, which enables the recovery of personal experiences, collective memories, and, in the clipping pointed here, the exercise of feminist activism. The article also addresses aspects of the feminist movement and analyzes the performances of two women and feminist artists: US artist Carolee Schneemann and Brazilian artist Pammela Castro. Finally, it evaluates the path evoked by the performance as feasible for the establishment of resistance and sensitization strategies through the shared artistic experience between performer and spectators. In addition, the article points to performance as an alternative to instigate critical thinking, freedom, and the creation of possibilities for transformations at both the personal and collective levels, through actions that address identity themes which reflect the struggles of social movements, such as the feminist movement, the black movement, and the "LGBTQI+" movement.Keywords: Contemporary art. Performance. Autobiographical Performance. Feminism. Women Artists.
As imagens disponibilizadas às crianças, especialmente nos espaços educativos, contribuem para o desenvolvimento da sua capacidade de percepção estética. Considerando que a Arte deve ser componente curricular obrigatório do Ensino Fundamental e atentos à formação de professores/as, realizamos esse estudo cujo objetivo é apresentar propostas específicas para o ensino de Arte, bem como destacar a importância de conhecê-las para a realização de intervenções nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica recorrendo a textos acadêmico-científicos que versam sobre esse tema. No primeiro tópico, apresentamos duas propostas ou metodologias para o uso pedagógico de imagens, destacando suas contribuições para repensarmos as ações com ensino de Arte nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As propostas apresentadas são o sistema Image Watching, de Robert Ott e a Abordagem Triangular, de Ana Mae Barbosa. No segundo tópico, estabelecemos aproximações e distanciamentos entre elas, destacando suas contribuições para a formação e ação docente no que diz respeito ao ensino de Arte. Este texto foi composto durante experiências de formação inicial junto a um curso de Pedagogia e é endereçado especialmente a outros acadêmicos e profissionais desta área seja em formação inicial e continuada.
<p>Na contemporaneidade as relações e exigências de trabalho são distintas daquelas de outrora. Os aparatos tecnológicos e suas constantes inovações e aperfeiçoamentos demandam que os trabalhadores e trabalhadoras sejam flexíveis e que aprendam com facilidade. O presente artigo apresenta algumas considerações a respeito do trabalho e da educação no século XXI. Tem como objetivo investigar as características do trabalho relacionando-as com o espaço e atividades escolares. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, fundamentada nos Estudos Culturais. Diante disso, considerou-se que, ao passo em que o mercado de trabalho tem acompanhado o ritmo das inovações, a escola e as práticas pedagógicas, por sua vez, apresentam poucas modificações em sua organização e currículo.</p>
Além do parentesco com Chicão e Cássia Eller, Eugênia Vieira Martins se tornou figura significativa na sociedade brasileira pois representou publicamente, no início dos anos 2000, o primeiro caso afirmativo do direito e da existência da maternidade lésbica no país. Protagonizou o primeiro acordo judicial que concedeu à esposa da mãe biológica da criança, a guarda definitiva do filho. Este artigo tem o objetivo de apresentar uma entrevista feita com Eugênia, esposa da cantora Cássia Eller e mãe de Chicão. Adotaram-se como escolha metodológica a entrevista por compreender que as informações a respeito da relação entre a escola e as maternidades lésbicas podem auxiliar no campo das pesquisas científicas sobre o tema. Concluímos que esta entrevista é de suma importância para o debate sobre a existência das maternidades lésbicas na escola, podendo contribuir para pensarmos os modelos plurais das famílias contemporâneas no campo da educação escolar.