Não há como negar que vivemos tempos de aversão à velhice. Na medida em que valorizamos cada vez mais a eterna jovialidade, o lugar do velho na sociedade contemporânea é progressivamente diminuído, apagado. E o que dizer sobre esse momento de pandemia, em que acompanhamos essa população até então invisibilizada tornar-se o centro das atenções? Para grande parte dela, o coronavírus chegou como uma dura sentença de morte. Refletir sobre as diferentes velhices que coexistem em nosso país contribui para pensar as diferentes formas de vivência dessa pandemia. De modo geral, argumentamos que o modo como o velho tem sido tratado em meio ao contexto pandêmico diz muito sobre quem somos enquanto sociedade.
Este artigo tem o objetivo de analisar como se deu a vivência da autogestão na Cooperminas, em Criciúma, Santa Catarina, e na Coopermambrini, em Vespasiano, Minas Gerais. A pesquisa foi predominantemente qualitativa, concretizada por meio de análise documental e bibliográica e os dados foram apreendidos e analisados no ano de 2007. As entrevistas foram semi-estruturadas e realizadas com um dirigente de cada cooperativa e a análise dos casos se deu a partir dos pilares da gestão autônoma propostos por Klechen e Paula, a saber: divisão do poder no processo decisório; valores e conhecimento técnico administrativo. Os resultados demonstram como estas organizações se aproximaram das características coletivistas. Constatou-se que as cooperativas estavam em busca de uma gestão mais democrática, no entanto, devido ao sistema de mercado no qual estavam inseridas encontraram obstáculos para serem plenamente autogestionárias, bem como tiveram diiculdades para investimentos em tecnologia, na qualiicação proissional e no desenvolvimento educacional para o entendimento mais profundo da ideologia autogestionária.
In: Ciências sociais UNISINOS: revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Band 57, Heft 1, S. 113-121
O objetivo do texto é discutir sobre o modo como os quilombos têm se organizado a fim de resistir à necropolítica em tempos de COVID-19. Para isso, realizaram-se entrevistas com líderes da Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas (CONAQ) e quilombolas de diferentes regiões mineiras. Os resultados revelam uma atuação estatal marcada pelo racismo e pela violação de direitos, diante do que essa população desenvolve estratégias de resistência tanto de nível macro quanto micropolítico.
Neste artigo, partiu-se do pressuposto de que o erro construtivo, como hipótese a respeito de um determinado conhecimento, é uma forma provisória de saber que coloca em questão a ideia de que o acerto ocorre quando há exata correspondência com a resposta prevista pelo educador, o que frequentemente impõe obstáculos à reflexão e à capacidade criativa. Como contraponto, buscou-se analisar como casos de fracasso e suas distintas formas de aplicação podem contribuir para uma experiência formativa diferenciada dos alunos. Recorreu-se então à metodologia de construção de casos de ensino, que foram baseados em pesquisa empírica com informantes-chave das organizações investigadas, complementada por dados secundários. Em uma segunda etapa, aplicaram-se os casos elaborados em diferentes situações de ensino-aprendizagem, e, com esses semiexperimentos pedagógicos, avaliou-se a efetividade dos casos de fracasso comparativamente aos casos de sucesso e as variadas possibilidades de aplicação destes. Os semiexperimentos realizados apontaram para o fato de que as seguintes variáveis podem influenciar nos resultados obtidos com a utilização do método: a forma como o caso é redigido; o método de aplicação (restritivo ou não restritivo); a disciplina em que é aplicado; o professor que leciona a disciplina; o conhecimento ou prévio contato dos principais conceitos teóricos sobre o tema abordado; e o conhecimento das práticas e métodos de estudos de caso. Assim, concluiu-se que a utilização do método do caso no ensino em Administração é mais complexa do que em geral se considera, especialmente se a intenção é de fato estimular o pensamento crítico. Para futuras pesquisas, recomendamos a realização de mais experimentos com os métodos de aplicação de estudo de caso descritos, de modo a explorar mais os resultados obtidos com o método não restritivo, especialmente no que se refere à inserção do erro construtivo libertador como caminho para a pedagogia crítica no ensino da Administração.
O presente trabalho teórico-empírico teve por objetivo compreender quais seriam as representações sociais da carreira do administrador projetadas por estudantes que acabaram de escolher essa profissão. Com isso buscou-se, por meio de um roteiro diretivo, aplicado individualmente a estudantes de duas turmas de ingressantes do curso de Administração da UFMG, que os mesmos relatassem como projetavam sua ascensão profissional num período de aproximadamente dez anos após o término de seu curso de graduação. Para fundamentar a pesquisa e sua análise, utilizou-se no referencial teórico a teoria das representações sociais e da identidade profissional. Como estratégia de pesquisa, recorreu-se a triangulações entre dados quantitativos e qualitativos, e para análise dos dados utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo. Pode-se constatar que a maioria dos estudantes relatou grande preocupação com a realização de cursos de pós-graduação, que buscam nas grandes empresas seu maior desejo de experiências profissionais e projetam a constituição de estruturas familiares sólidas e convencionais. Ainda, pode-se perceber que este grupo de estudantes operou representações compartilhadas sobre o significado simbólico da carreira de administrador, com vistas ao sucesso, o status e o modo de vida socialmente relacionado à profissão do administrador.