A escola é um dos espaços interculturais dos quais participam as comunidades indígenas, e, nesse espaço, ocorrem intensas disputas sobre sentidos, propósitos e funções sociais que essa instituição deve assumir. Neste artigo, focaliza-se a ressignificação de discursos sobre a docência indígena, tomando como base as discussões protagonizadas por 15 professores Kaingang do estado do Rio Grande do Sul, entre 2015 e 2016, no âmbito de um programa interinstitucional de formação docente. A análise de pronunciamentos feitos pelos docentes em reuniões e encontros permitiu construir a categoria conceitual do "professor artífice", que serve como metáfora de um trabalho colaborativo e construído ao modo artesanal. A metáfora do artífice permitiu dar visibilidade a características da docência indígena reiteradas nos pronunciamentos dos Kaingang, reabilitando o sentido da produção artesanal como estilo de vida. Destacaram-se, assim, traços de uma atuação que se estabelece com base na inextricável ligação entre teoria e prática, no engajamento do docente em sua comunidade e em lutas que extrapolam o âmbito escolar, no caráter colaborativo da produção do conhecimento e na escuta dos líderes religiosos – os Kujá. Por fim, a categoria conceitual permite pleitear um espaço-tempo de criação, no qual o sujeito está atento aos saberes da coletividade da qual ele é proveniente e também ao que pode ser modificado em seu trabalho, ajustando-o em função das demandas da atualidade.
RESUMOO cinema indígena vem sendo conformado a partir de um amplo conjunto de narrativas fílmicas cuja realização resulta da ação direta de membros de distintas etnias indígenas brasileiras, com apoio de instituições voltadas para a produção audiovisual autoral. Muitas destas produções têm sido premiadas e exibidas no Brasil e no exterior, acompanhadas, algumas vezes, de sessões de debate com os próprios cineastas e realizadores. Considerando que o cinema indígena dinamiza estéticas singulares, marcadas pelas formas de pensar e de narrar de um povo indígena, no presente texto focalizam-se narrativas cinematográficas feitas por membros do povo Mbyá-Guarani no âmbito do projeto Vídeo nas Aldeias. O objetivo é analisar significados de territorialidade constituídos nos filmes "Desterro Guarani" e "Tava, a casa de pedra", dos cineastas Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira (Keretxu) e Ariel Duarte. Cinema indígena. Pedagogias Culturais. Relações Étnico-raciais. Cultural pedagogies in Mbyá-Guarani filmakers ABSTRACT The Indigenous cinema has been shaped after a wide set of film narratives coming from different Brazilian Indigenous ethnic groups' action held by institutions aiming at authorial audiovisual production. Many of these productions were rewarded and exhibited abroad sometimes in debates with the very filmmakers and directors. Considering that the Indigenous cinema fosters singular aesthetics, marked by typical Indigenous ways of thinking and narrating, this work has focussed on cinema narratives by Mbyá-Guarani members in the project called Vídeo nas Aldeias (something like 'Video in Indigenous Villages'). The objective is to analyse meanings of territoriality in 'Desterro Guarani' and 'Tava, a casa de pedra' by Mbyá-Guarani filmmakers Patrícia Ferreira (Keretxu) and Ariel Duarte. Indigenous cinema. Cultural pedagogies. Ethnic and racial relationships.Pedagogia Culturale dei Cineasti Mbyá-Guarani RIASSUNTO Il cinema indigeno è stato plasmato da una vasta gamma di narrazioni cinematografiche la cui realizzazione deriva dall'azione diretta di membri di diversi gruppi etnici indigeni brasiliani, con il sostegno di istituzioni incentrate sulla produzione audiovisiva autoriale. Molte di queste produzioni sono state premiate e proiettate in Brasile e all'estero, a volte accompagnate da sessioni di dibattito con i registi e gli stessi registi. Considerando che il cinema indigeno dinamizza l'estetica singolare, segnata dai modi di pensare e narrare un popolo indigeno, questo testo si concentra su narrazioni cinematografiche realizzate da membri del popolo Mbyá-Guarani nell'ambito del progetto Video in the Villages. L'obiettivo è analizzare i significati di territorialità costituiti nei film "Desterro Guarani" e "Tava, la casa di pietra", dai cineasti Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira (Keretxu) e Ariel Duarte. Cinema indigeno. Pedagogie culturali. Relazioni etnico-razziali.Pedagogías culturales en los logros de los cineastas Mbyá-Guaraní RESUMEN El cine indígena se ha formado a partir de una amplia gama de narraciones cinematográficas cuya realización es el resultado de la acción directa de miembros de diferentes grupos étnicos indígenas brasileños, con el apoyo de instituciones enfocadas en la producción audiovisual autoral. Muchas de estas producciones han sido premiadas y proyectadas en Brasil y en el extranjero, a veces acompañadas de sesiones de debate con los propios cineastas y directores. Teniendo en cuenta que el cine indígena dinamiza la estética singular, marcada por las formas de pensar y narrar a un pueblo indígena, este texto se centra en las narraciones cinematográficas realizadas por miembros del pueblo mbyá-guaraní dentro del alcance del proyecto Video nas Aldeias. El objetivo es analizar los significados de territorialidad constituidos en las películas "Desterro Guarani" y "Tava, a casa de pedra", de los cineastas Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira (Keretxu) y Ariel Duarte. Cine indígena. Pedagogías culturales. Relaciones étnico-raciales.
Argumenta-se, neste texto, que a vitalidade dos Estudos Culturais está na abertura e receptividade para promover enlaces conceituais e teóricos variados. De modo a adensar a discussão sobre o frutífero encontro entre Estudos Culturais e Educação, no presente artigo promove-se um rastreamento de pesquisas sobre natureza e, também, daquelas dedicadas às temáticas indígenas e afro-brasileiras de modo a indicar enlaces teóricos, caminhos investigativos e pontos de atenção promovidos por pesquisadores identificados com este campo articulatório. Observa-se que, como parte de um projeto ético-político mais amplo, estes estudos questionam essencialismos, fundamentalismos, eurocentrismos, racismos e acenam para possíveis formas de resistência político-acadêmica. ; In this text it is argued that the vitality of Cultural Studies is in its openness and receptivity to promote varied conceptual and theoretical articulations. In order to deepen the analysis on the productive encounter between Cultural Studies and education, this article makes a survey of researchs on nature and, also, of those themes dedicated to indigenous and afro-Brazilians. It is done in order to indicate theoretical articulations, investigative paths and points of attention promoted by researchers identified with this articulatory field. As part of a broader ethical-political project, it is observed that these studies question essentialisms, fundamentalisms, eurocentrisms, racisms, and point to possible forms of political-academic resistance.