Ricardo Cavalcanti é Medico Ginecologista. Doutor em medicina pela UFPE. Ex-presidente da Comissão Nacional de Sexologia da FEBRASGO. Fundador e ex Presidente da SBRASH Membro da FLASOG. Fundador e coordenador do Curso Intensivo de Terapia Sexual (CITS - Bahia)
Considerando o meio ambiente como o espaço que os seres vivos ocupam no tempo, são feitas considerações sobre a influência recíproca entre a vida e o mundo em que nós, os humanos, e as demais espécies estamos instalados. É no meio ambiente que a vida se mantém pelo metabolismo dos alimentos e pelo exercício da sexualidade, para a preservação das espécies. Assinalam-se as diversas situações de interação entre a matéria viva e o meio ambiente, assim como as condições em que há interferências positivas ou negativas para o pleno exercício da atividade sexual e o prazer necessário para que a vida se mantenha no planeta. O humano e o meio devem estar em equilíbrio para um pleno exercício da sexualidade e a preservação da vida.
O amor vem desaparecendo nos relacionamentos e então prepondera a busca do prazer; assim, o desempenho sexual é sempre cobrado. É um desejo quase universal ter muita satisfação nas atividades sexuais. A procura pelo prazer em civilizações de consumo torna o mercado sexual muito lucrativo pelas ofertas de parceiros, "drogas sexuais", artefatos, exibições virtuais em fitas, vídeos, DVDs ou pela Web. Os preços dependem da eficiência do prazer obtido. A cobrança de prazer nos relacionamentos obrigatórios, dentro das famílias, leva a conflitos que ameaçam a estrutura familiar.
O autor faz considerações sobre o mito de Eros em suas diversas acepções. O Eros primitivo, filho de Chaus ou de Nix, o Eros olímpico filho de Afrodite e o Eros platônico nascido da Deusa Penia, a pobreza, e do Deus Poros, a passagem, a engenhosidade. Descreve-se o mito de Eros e Psique e suas possíveis interpretações, quando o deus primordial passa a integrar a mitologia ligada a Zeus e Apolo e a civilização passa a conter as formas dionisíaca e apolínea.
O gênero humano é constituído por seres diferenciados que se reproduzem sexuadamente e que trazem inerente uma bissexualidade que se impõe à partir da androginia nos mitos gregos até a bipotencialidade revelada pela indiferenciação dos embriões. O autor discorre sobre as diversas etapas evolutivas, quais sejam os chamados sexo genético, sexo gonádico, sexo somático, sexo legal, sexo de criação e sexo psico-social. Embora esteja presente um determinismo e uma diferenciação nos quais a biologia constrói indivíduos necessariamente de um dos dois sexos, macho ou fêmea, a bissexualidade se revela pela existência de comportamentos disfóricos em homens e mulheres como homossexualidade, travestismo e transexualidade. Assinala ainda o autor que a idéia de doença forjada pela medicina e pela psicologia para os transexuais levou a criação de etapas diagnosticas e terapêuticas legalmente exigidas para as correções necessárias quando os transexuais buscam tratamento pela trangenitalização.
O autor discorre sobre as relações entre a filosofia e a fisiologia tentando mostrar que ambas surgiram simultaneamente. Examina o conceito de desejo através da etimologia dos termos que foram usados desde a antiguidade para nomear os diversos tipos de desejo o que sempre esteve ligado a sexualidade salvo na etimologia da palavra no Latim tardio. Finaliza examinando as tentativas de, através da neurociência, encontrar uma tradução "física" para as emoções, motivações, comportamentos depois de discorrer sobre a evolução dos conhecimentos e das metodologias usadas para se chegar a verdades que se revelam sempre provisórias e aprimoráveis.
São abordados os inúmeros e complexos componentes do núcleo de base do sentimento que compõe a identidade de gênero. O transexual apresenta um sentimento de infelicidade, derivado da inadequação entre a realidade psíquica e seu corpo físico, sendo os únicos disfóricos em que há indicação para a trasgenitalização. O transtorno de identidade de gênero é caracterizado segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais, (2002) da Associação Americana de Psiquiatria. O projeto de Pesquisa desenvolvido neste trabalho pode ser dividido em quatro etapas: Primeira Fase -avaliações físicas (funcionais, genitais, hormonais) e psicológicas (psiquiátricas e sexológicas); Segunda fase - confirmado o transexualismo, preparação para a efetivação da transgenitalização; Terceira fase -realização do tratamento cirúrgico de transexualização; Quarta Fase -acompanhamento sistemático, após o procedimento cirúrgico. Serão apresentados dois casos de pacientes do projeto Gênero e Trasgenitalização: o primeiro, do masculino para o feminino já na quarta fase, tendo cumprido com êxito as três primeiras fases; o segundo, do feminino para o masculino,o qual se encontra na terceira fase do projeto.