Indígenas, catequese e civilização no município da Vila do Prado, Bahia (1844-1888)
In: Esboços: revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, Band 30, Heft 53, S. 81-101
ISSN: 2175-7976
O presente artigo busca analisar a atividade de catequese e civilização dos "índios bravos" (Pataxós, Botocudos e Maxakalis) no município da vila do Prado, no sul da Bahia, entre 1844 e 1888. A partir de uma abordagem histórico-descritiva, baseada em fontes primarias – documentos manuscritos e documentos editados –, evidenciou-se que: as iniciativas de catequese e civilização foram motivadas pela narrativa dos ataques dos "índios selvagens" realizadas pelas as autoridades e fazendeiros da vila do Prado; o interesse dos promotores da catequese e civilização e dos fazendeiros era controlar os grupos indígenas recalcitrantes ao processo de penetração e ocupação dos territórios do sertão do município do Prado; todas as tentativas de aldear os indígenas faliram pela ineficiência da administração pública, pela insalubridade dos lugares, por falta de missionários e pela resistência dos indígenas ao sistema de aldeamento; os indígenas reagiram ao processo de dominação com ataques esporádicos às propriedades e sítios dos colonos, fugindo e/ou enganando o aliciamento dos agentes da catequese e civilização e adentrando cada vez mais para os sertões para fugir das perseguições e os assassinatos perpetrados pelos colonos. Evidenciou-se uma disputa pelo território: os promotores da catequese e civilização e os fazendeiros, que incentivavam a penetração e a ocupação dos sertões em nome do progresso da agricultura e do comércio e os indígenas que viam a cada dia seu habitat encolhendo e, portanto, sua fonte de alimentação. Para aqueles era uma questão de progresso; para estes, uma questão de sobrevivência.