Política, direitos, violência e homossexualidade: pesquisa 9. Parada do Orgulho GLBT -Rio 2004
In: Coleç̃ao Documentos / Centro de Estudos de Segurança e Cidadania 3
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In: Cadernos pagu, Issue 47
Resumo Com o intuito de contribuir para a reflexão mais geral sobre as articulações entre ciência e política, discuto neste artigo como, na prática, se constrói o conhecimento dos antropólogos que, em contínuo trânsito pelas fluidas fronteiras entre o ativismo LGBT e a reflexão acadêmica, tornaram-se atores importantes no processo de cidadanização da homossexualidade no Brasil. Tomo como referência dois contextos históricos distintos. O primeiro deles situa-se entre finais dos anos 1970 e meados dos anos 1980, quando o movimento começa a se organizar no Brasil. O segundo, no qual se desenvolve minha própria experiência de pesquisa, corresponde, grosso modo, à primeira década dos anos 2000.
In: Brésil(s): sciences humaines et sociales, Volume 4, p. 103-123
ISSN: 2425-231X
Le but de cet article est d'aider à comprendre comment la connaissance des anthropologues se construit dans la pratique. Pour cela, j'essaie d'approfondir ici ma réflexion sur la façon dont ils participent au processus de « citoyennisation » [cidadanização] de l'homosexualité, en passant par les frontières poreuses entre militantisme LGBT et réflexion scientifique. Le présupposé est qu'étant donnée sa complexité, l'implication de l'anthropologie dans un tel processus peut être considérée comme une matière privilégiée pour une réflexion plus générale sur la « transaction » qui s'effectue aux frontières entre politique et science. Je m'appuie sur deux contextes historiques distincts. Le premier porte sur la période où, entre la fin des années 1970 et le milieu des années 1980, le mouvement a commencé à s'organiser au Brésil. Le second correspond plus ou moins à la première décennie des années 2000, durant laquelle j'ai développé ma propre expérience se recherche.
Resumo: Procurando conhecer melhor os participantes das Paradas do Orgulho GLBT brasileiras, pesquisadores, militantes e voluntarios vinculados ao Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual,ao Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes e ao Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM) do Instituto de Medicina Social/Universidade do Estado do Rio de Janeiro conduziram em 2004 pesquisa de perfil quantitativo na Parada do Rio de Janeiro (Copacabana),cujos resultados são aqui apresentados e discutidos. O Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual (GAI) é uma associação civil sem fins lucrativos fundada em 1993, de utilidade pública municipal e estadual. A missão da organização é atuar para melhoria da qualidade vida e para a promoção dos direitos humanos de gays, lésbicas e transgêneros. Para tanto, desde sua fundação, atua em ações de conscientização, promoção da auto-estima, prevenção das DST/HIV/Aids, defesa e garantia de direitos. Em 1997, inicia sua atuação na assistência e atenção a pessoas vivendo com Aids, coordenando com o Grupo Pela Vida-Rio, o Projeto Rede Buddy Brasil, financiado pela Comissão da União Européia e ICCO (Organização Interesclesiásitica de Cooperação ao Desenvolvimento-Holanda). Em doze anos de atividades, tem assessorado parlamentares das diferentes esferas do Poder Legislativo e também gestores na elaboração de políticas públicas e no seu controle social. Atuou como assessor técnico da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros na articulação e criação do Programa Brasil Sem Homofobia do Governo Federal.No ano de 1995, realizou a primeira Parada do Orgulho GLBT no Brasil, servindo de inspiração para a organização de eventos de visibilidade massiva em diversas cidades brasileiras. O CESeC realiza pesquisas aplicadas nas áreas de segurança pública, justiça e cidadania. Criado em abril de 2000, reunindo uma equipe de especialistas com experiência de trabalho acadêmico, de atuação em movimentos sociais e de formulação e execução de políticas públicas, tem como principal compromisso contribuir para a modernização e democratização do sistema brasileiro de justiça criminal, visando ao estabelecimento de uma cultura participativa de segurança pública no país. Criado em 2002, o CLAM tem como finalidade principal produzir, organizar e difundir conhecimento sobre a sexualidade na perspectiva dos direitos humanos, buscando contribuir para a diminuição das desigualdades de gênero e para o fortalecimento da luta contra a discriminação das minorias sexuais na região. Através do diálogo entre a universidade, movimentos sociais e formuladores de políticas públicas na América Latina, o Centro articula pesquisadores, militantes e outros parceiros interesados em fomentarem o debate sobre a sexualidade e os direitos sexuais. Esta iniciativa integra o projeto de âmbito internacional Diálogo Global sobre Saúde e Bem-Estar Sexual, que está sendo implantado também na Ásia,África e EUA com o apoio da Fundação Ford. A investigação desenvolvida em 2004 por esse conjunto de instituições dá continuidade ao trabalho iniciado em 2003 com os mesmos objetivos e métodos. Além de revelar aspectos pouco conhecidos do perfil sociopolítico dos participantes das paradas brasileiras e, por extensão, da população homossexual que se concentra nas grandes cidades do país, nosso principal interesse é constituir uma série histórica relativa aos padrões de violencia e discriminação que atingem gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (travestis e transexuais).
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In: Cadernos pagu, Issue 28, p. 65-99
Nosso objetivo é explorar o modo pelo qual o "jeito" supostamente brasileiro de organizar as categorias ou identidades sexuais (especialmente em relação à homossexualidade masculina) vem sendo tematizado na antropologia desde finais dos anos 1970, transformando-se às vezes num eixo para a construção/manutenção de uma identidade nacional caracterizada como exótica, retardatária e "não-ocidental". Também traçamos paralelos entre dois momentos da reflexão sobre as relações entre sexualidade, cultura e política, procedendo a uma breve revisão de algumas contribuições teóricas e empíricas anteriores que antecipam problemas e conceituações centrais dos atuais estudos de sexualidade, relacionados à instabilidade/fluidez das identidades sexuais e à imbricação da sexualidade em relações de poder e hierarquias sociais dinâmicas e contextuais.
Nas últimas décadas, gênero e sexualidade circunscreveram um inovador campo de crescente produção intelectual, tornando-se ao mesmo tempo foco significativo de incidência política para antropólogas e antropólogos no Brasil. Com vistas a iluminar disputas em jogo no contexto brasileiro atual, em que o conhecimento que produzimos vem sendo duramente atacado, revisitaremos alguns documentos de posicionamento público, divulgados pelo Comitê de Gênero e Sexualidade da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) ao longo dos últimos anos. Propomos uma reflexão sobre o tipo de conhecimento que temos produzido sobre gênero e sexualidade, como ele tem impactado o debate público acerca dessas questões e como tem afetado os modos como nossa própria prática científica vem sendo socialmente percebida e avaliada. ; In the last decades, gender and sexuality have circumscribed an innovative field of increasing intellectual production, becoming at the same time a significant focus of political action for anthropologists in Brazil. In order to put into perspective the disputes that are at stake in the current Brazilian context – in which the knowledge we produce has been severely attacked – we will revisit some documents of public positioning, published by the Gender and Sexuality Committee of the Brazilian Association of Anthropology (ABA) over the last few years. We propose a reflection on the kind of knowledge we have produced about gender and sexuality, how it has impacted the public debate about these issues and how it has affected the ways in which our own scientific practice has been socially perceived and evaluated.
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