AbstractThis article presents reflections on our experience with quilombola women, through the lens of the coloniality of power-knowledge. The text aims to challenge the contradictions we face as researchers (the place of power and knowledge) and as women (the self in its dimensions of race, gender, class, or labor). We describe the workshop we presented over four days with the participation of the quilombola women, as well as the quilombo community where the activities were held. We discuss the performance of coloniality during the time we spent together and how it was present in the organization of knowledge and in our bodies, the repercussions of coloniality on ourselves, and the possibility of decolonizing knowledge and subjects, in spite of the colonial pattern of power. The activities we carried out with these women left marks on us and served as a stimulus for us to decolonize ourselves, our judgments of the object-other, as well as our writing and research practices.
The purpose of this reflection paper is to provide a Foucauldian view of the influence of the neoliberal ethos on the rational choices of agents in organizations and how this impacts the tendency to make decisions about deviant behavior. We propose that practices of codes of ethics have less substantive effects and more symbolic effects. The control of corruption occurs in three dimensions: egoism, utilitarianism and opportunism. Codes of ethics and compliance systems, in this sense, possess only the capacity to partially meet each of these requirements, not being enough measure for business integrity assurance. We believe it is essential to distinguish the arguments presented in this paper from the dominant thinking on theories about ethics in organizations. Our interest is to give a politicized response to the discussions raised in the field. The originality of the article resides in the transposition of Foucauldian concepts for practices of control of conducts in the contemporary management. The inadequacy of the normative measures is worked out. Besides, alternative perspectives are proposed to the practices of management for ethical behavior in organizations. ; Este artículo de reflexión proporciona una visión foucaultiana sobre la influencia del ethos neoliberal en las elecciones racionales de los agentes en las organizaciones y cómo esto impacta la tendencia a tomar decisiones orientadas hacia conductas desviadas. Se establece que las prácticas que hacen parte de los códigos éticos tienen efectos menos sustantivos y más simbólicos, así como que el control de la corrupción se da en tres dimensiones: egoísmo, utilitarismo y oportunismo. Los códigos de ética y los sistemas de compliance, entonces, solo permiten el cumplimiento parcial de cada uno de estos requisitos, resultando ser insuficientes para asegurar la integridad empresarial. Por ello, es fundamental hacer la distinción entre los argumentos presentados en este trabajo y aquellos propios del pensamiento dominante en torno a las teorías sobre la ética en las organizaciones, con el propósito de dar una respuesta politizada a las discusiones suscitadas en el campo. La originalidad de este artículo yace en la transposición de conceptos foucaultianos a las prácticas de control de conductas en la gestión contemporánea, abordando el carácter inadecuado de las medidas normativas y formulando enfoques alternativos para las prácticas de gestión orientadas a promover comportamientos éticos en las organizaciones. ; Este artigo de reflexão proporciona uma visão foucaultiana sobre a influência do ethos neoliberal nas escolhas racionais dos agentes nas organizações e como isso impacta a tomada de decisão orientada a comportamentos desviados. É estabelecido que as práticas que fazem parte dos códigos de ética têm efeitos menos substanciais e mais simbólicos, bem como que o controle da corrupção se dá em três dimensões: egoísmo, utilitarismo e oportunismo. Nesse sentido, os códigos de ética e os sistemas de compliance somente permitem o cumprimento parcial de cada um desses requisitos, resultando ser insuficientes para garantir a integridade empresarial. Por isso, é fundamental fazer a diferença entre os argumentos apresentados neste trabalho e aqueles próprios do pensamento dominante em torno das teorias sobre a ética nas organizações; isso com o objetivo de dar uma resposta politizada às discussões levantadas no campo. A originalidade deste artigo está na transposição de conceitos foucaultianos às práticas de controle de comportamentos na gestão contemporânea, abordando o caráter inadequado das medidas regulatórias e formulando abordagens alternativas para as práticas de gestão orientadas a promover comportamentos éticos nas organizações.
The purpose of this theoretical essay is to revisit, in a didactic and non-exhaustive way, the main ideas of Enrique Dussel and his Philosophy of Liberation, exploring the main concepts and categories elaborated by the author. The positive basis of this philosophy puts the challenge of breaking with the silence of the voices of the oppressed, exploited or victims who were not considered relevant agents in the construction of modern society (women, indigenous population, slaves, peasants, etc.). The Philosophy of Liberation is based on the concepts of Totality, Exteriority, Alienation, Mediation, Proximity and Liberation. Totality, based on the conquering pretension of the colonizers, is obtained from an ontological dimension that reveals truth as what stems from those who consider themselves superior by their technological or economic domination. This discourse resulted in the exteriority of those who do not originally integrate this public, excluding them from the system and attributing to them the alienation, which is the denial of their subject status. We confirm the colonization of the Administration when we substitute critical consciousness of the administration for the reading of popular business media, for rhetoric of the consultants and for the belief of a free market where, naturally, there are resources only for those who are to prosper in a scenario of uncertainties. The classic theory of economy makes the competition and the exteriority natural, however, we can organize ourselves to meet popular needs in a more inclusive, democratic way, respecting the limits of the environment. Proximity and liberation are a fundamental thought for overcoming such vision. ; La propuesta de este ensayo teórico es revisar, de manera didáctica y no exhaustiva, las principales ideas de Enrique Dussel y su filosofía de la liberación, pasando por los principales conceptos y categorías elaborados por el autor. La base positiva de esta filosofía nos desafía a romper con el silencio de las voces de los oprimidos, de los explotados o de las víctimas que no fueron considerados agentes relevantes en la construcción de la sociedad moderna (mujeres, indios, esclavos, campesinos, etc.). La filosofía de la liberación se basa en los conceptos de totalidad, exterioridad, alienación, mediación, proximidad y liberación. La totalidad, fundamentada por la pretensión conquistadora de los colonizadores, se da a partir de una dimensión ontológica que revela la verdad como la que deriva de aquellos que se juzgan superiores por su dominio tecnológico o económico. Este discurso resultó en la exterioridad de aquellos que no integran originalmente ese público, excluyéndolos del sistema y atribuyéndoles la alienación, que es la negación de su status de sujeto. Afirmamos la colonización de la Administración cuando sustituimos la conciencia crítica de la administración por la lectura de medios populares de negocios, por la retórica de las consultorías y por la creencia de un libre mercado en el que, naturalmente, no habrá recursos para todos, sino solo para aquellos que prosperen en un escenario de incertidumbres. La teoría clásica de la economía naturaliza la competencia y la exterioridad, sin embargo, podemos organizarnos para atender a las necesidades populares de manera más inclusiva, democrática y respetando los límites de la naturaleza. La proximidad y la liberación son la clave del pensamiento teórico para la superación de esa visión. ; A proposta deste ensaio teórico é revisitar, de modo didático e não exaustivo, as principais ideias de Enrique Dussel e sua Filosofia da Libertação, passando pelos principais conceitos e pelas categorias elaboradas pelo autor. A base positiva dessa filosofia nos desafia a romper com o silêncio das vozes dos oprimidos, dos explorados ou das vítimas, que não foram considerados agentes relevantes na construção da sociedade moderna (mulheres, índios, escravos, sertanejos etc.). A Filosofia da Libertação se baseia nos conceitos de totalidade, exterioridade, alienação, mediação, proximidade e libertação. A totalidade, fundamentada pela pretensão conquistadora dos colonizadores, dá-se a partir de uma dimensão ontológica que revela a verdade como aquela decorrente dos que se julgam superiores por sua dominação tecnológica ou econômica. Esse discurso resultou na exterioridade daqueles que não integram originalmente esse público, excluindo-os do sistema e atribuindo a eles a alienação, que é a negação do seu status de sujeito. Afirmamos a colonização da Administração quando substituímos a consciência crítica da Administração pela leitura da mídia popular de negócios, pela retórica das consultorias e pela crença de um livre mercado em que, naturalmente, não haverá recursos para todos, mas apenas para aqueles que prosperarem em um cenário de incertezas. A teoria clássica da economia naturaliza a competição e a exterioridade, entretanto, podemos nos organizar para atender às necessidades populares de modo mais inclusivo, democrático e respeitando os limites da natureza. A proximidade e a libertação são a chave do pensamento teórico para a superação dessa visão.
AbstractIn this essay, we aim to delineate elements of the Habermas and Hannah Arendt theories about the division between public, private and social spheres, as well as about communicative action in Habermas, in an attempt to convey transpositions of these concepts into the field of organizations. The analysis of the basics of Habermasian construction allows us to take a direct look at the delimitation of the field of interactions and the adoption of linguistic categories of analysis directed to the individual in the environment. Our argument is that the analysis of language in the world of life, for Habermas, means questioning what has not been receiving attention and "discovering" what is hidden in the linguistic universe of human interaction and intention.Keywords: Public sphere. Private sphere. Social sphere. Communicative sction. Jürgen Habermas. Habermas, os debates conceituais sobre as esferas pública-privada-social e a ação comunicativa na teoria das organizaçõesResumo Objetivamos, neste ensaio, delinear didaticamente elementos das teorias de Habermas e Hannah Arendt sobre a divisão entre as esferas pública, privada e social, bem como sobre o agir comunicativo em Habermas, em uma tentativa de aduzir transposições desses conceitos para o campo das organizações. A análise das noções básicas da construção habermasiana permite dar um olhar direcionado à delimitação do campo de interações e à adoção de categorias linguísticas de análise voltadas para o indivíduo no meio. Nosso argumento é que a análise da linguagem no mundo da vida, para Habermas, significa questionar o que não vem recebendo atenção e "descobrir" o que está oculto no universo linguístico da interação e da intenção humana.Palavras-chave: Esfera pública. Esfera privada. Esfera social. Ação comunicativa. Jürgen Habermas.
RESUMO Recentemente, o Movimento Empresa Júnior (MEJ) vem ganhando cada vez mais espaço no cenário brasileiro. Isto se deve ao crescimento do número de instituições de ensino superior, que são o principal vínculo de tais empresas, sobretudo ao desenvolvimento de trabalhos cada vez melhores, embasados em uma maior compreensão da realidade, e no aprendizado que os estudantes adquirem ao transformar conhecimento ministrado nas salas de aula em idéias que são aplicadas na prática, contribuindo assim para o desenvolvimento de milhares de micro e pequenas empresas brasileiras. É nesse contexto que se insere a UFMG Consultoria Júnior – Empresa Júnior da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, composta e dirigida pelos estudantes de graduação, alvo deste trabalho que pretendeu conhecer um pouco da cultura desta organização, cujo papel é ser uma ponte entre a universidade e a sociedade. Para isso foram analisadas, por meio da análise de conteúdo, as metáforas e opiniões dos diferentes membros da empresa. Os resultados revelam que apesar de uma aparente predominância da perspectiva da integração, a organização apresenta-se atravessada por significações dos atores organizacionais, que, atuando em grupo (perspectiva da diferenciação) ou individualmente (perspectiva da fragmentação), evidenciam as contradições de uma suposta homogeneidade cultural organizacional.
Não há como negar que vivemos tempos de aversão à velhice. Na medida em que valorizamos cada vez mais a eterna jovialidade, o lugar do velho na sociedade contemporânea é progressivamente diminuído, apagado. E o que dizer sobre esse momento de pandemia, em que acompanhamos essa população até então invisibilizada tornar-se o centro das atenções? Para grande parte dela, o coronavírus chegou como uma dura sentença de morte. Refletir sobre as diferentes velhices que coexistem em nosso país contribui para pensar as diferentes formas de vivência dessa pandemia. De modo geral, argumentamos que o modo como o velho tem sido tratado em meio ao contexto pandêmico diz muito sobre quem somos enquanto sociedade.
In: Revista Alcance: revista científica do Programa de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Univali, Band 22, Heft 4, S. 570
As duas correntes epistemológicas principais do estudo sobre cultura, no que tange às organizações (positivismo e interpretativismo), ilustram grande dificuldade para ultrapassagem de suas dimensões principais de exame. Sustenta-se que essa dificuldade decorre, em certa medida, da não realização de trabalhos multiparadigmáticos, mesmo diante da tentativa de conexão das correntes de análises da integração, da fragmentação e da diferenciação. Assim, esse ensaio teórico problematiza a manutenção dessas barreiras entre correntes epistêmicas e níveis organizacionais. Tem como objetivo propor formas de conexão entre as linhas de pesquisa sobre cultura e organizações, a partir do local intermediário que o filósofo Michel Foucault utilizou para desenvolver sua analítica. Como resultado, foram realizadas três proposições. A partir do período arqueológico do autor, uma alternativa foi apresentada: a busca pelos modos de ser da ordem que fundamenta a cultura. Da genealogia emergem as estratégias e as tecnologias de poder, visíveis no espaço entre saberes, relações com setores, grupos organizacionais, sujeitos. Por fim, a proposição coerente com o elemento ético\estético enfatiza a busca por formas de práticas que o sujeito realiza sobre si, para se relacionar com as tecnologias de poder.
A analítica queer comumente relacionada a estudos de gênero é uma abordagem conceitual recente. Este artigo objetiva principalmente trazer à tona essa perspectiva pouco explorada na análise crítica do campo organizacional. Os principais conceitos e princípios relacionados às ideias contidas no pensamento queer são apresentados, e discutem-se as principais diferenças entre a analítica queer e os estudos modernistas de gênero. A analítica queer está fundamentada em Foucault que defende uma visão pós-identitária e fragmentada em relação ao pensamento identitário/binário hegemônico sobre a sexualidade e os estudos de gênero. Tal visão é fundamental para o fomento de resistência e desenvolvimento de práticas organizacionais locais e empíricas que possam promover uma atuação e intervenção diante das práticas opressivas direcionadas não só à sexualidade, mas também a outras formas de opressão no local de trabalho. Conclui-se que a emancipação das práticas hegemônicas de poder contemporâneas reside na visão pós-identitária e não binária de mundo como possibilidade de contribuição para a construção de uma nova realidade social nas organizações, realidade esta que possa combater os dispositivos de biopoder relacionados não somente à sexualidade, mas também aos demais dispositivos de poder.
Este ensaio teórico tem por objetivo analisar, a partir da epistemologia pós-estruturalista, como a analítica queer problematiza e desconstrói algumas questões normalizadas do sujeito, como por exemplo, sobre as relações sociais de sexo e a emancipação. Trata-se de uma interpretação relevante para as Ciências Humanas e Sociais, pois a sociedade contemporânea ainda é permeada por inúmeros discursos segregacionistas, homogêneos e normalizadores, os quais visam a manutenção do status quo de certas categorias discursivas identitárias. Dessa forma, por meio dessa análise, pode-se não só auxiliar o processo de emancipação de indivíduos subjugados e excluídos, como também romper com os ranços históricos presentes na nossa sociedade, os quais, muitas vezes, fortaleceram e fortalecem a ideologia acerca da questão do sexo pautado no conceito binário de gênero. Perspectivas como a analítica queer provocam e perturbam as formas convencionais de pensar e de agir, e, por essa razão, pode ser uma das ferramentas para a construção de um saber libertador.
O objetivo deste ensaio foi explorar aspectos da noção de parresía, desenvolvida por Foucault, e esboçar uma proposta de analítica organizacional. A obra deste autor perpassa três eixos temáticos principais: análise das modalidades de veridicção (verdade); análise dos procedimentos de governamentalidade (poder); e a análise das técnicas da formação da subjetividade (subjetivação). A noção da parresía, o dizer-a-verdade, articula estes três deslocamentos, analisando o exercício do poder por meio da enunciação da verdade na constituição do próprio sujeito e na condução das condutas (governo de si e dos outros). A noção da parresía envolve uma dimensão ética prática da verdade, bem com uma análise complexa das relações de poder num jogo agonístico, em meio ao embate, rivalidade e diferenciação. Destarte, após a discussão sobre noção da parresía apresentamos uma proposta de analítica organizacional baseada nesta noção, considerando suas implicações éticas e políticas para o olhar sobre as práticas organizativas.
O envelhecimento é um fenômeno mundial e no Brasil não é diferente, a projeção é de que 1/3 de brasileiros, em 2060, tenham 60 ou mais anos. A partir da perspectiva foucaltiana da governabilidade e da biopolítica, objetivamos analisar como o Programa Mais Vida se propõe a realizar a gestão da velhice em Minas Gerais. Nos inspiramos na arqueologia de Foucault para propiciar um olhar diferente realizando uma análise da legislação brasileira e, de forma específica, sobre as regulamentações e práticas do programa. Foi possível perceber o desejo que temos de vivermos mais como fio condutor que liga o indivíduo à população que será gerida. A família e a sociedade serão chamadas para cuidar dos seus idosos na busca por eficiência. E logo, o idoso será alvo de uma biopolítica, normatizado, subjetivado, disciplinado e examinado, sendo compelido a se autogerir para manter-se ativo, saudável.
Desde a Rio 92 cresce a participação das organizações não ambientais e do setor privado nas conferências ambientais promovidas pela Organizações das Nações Unidas (ONU) e, portanto, na governança ambiental global. Dessa forma, as normas, regras e procedimentos que regulam a proteção ambiental em todo mundo acabam sendo influenciados por organizações como o Banco Mundial, bancos privados e outras empresas privadas dos mais diversos setores. Nesse contexto, o objetivo deste estudo é discorrer sobre a inserção das organizações não ambientais e do setor privado na governança ambiental global nos últimos anos. Para tanto, desenvolveu-se um estudo bibliográfico e documental baseado em artigos científicos, institucionais e jornalísticos, além de documentos oficiais. No final do trabalho foi possível constatar que as organizações não ambientais e do setor privado, por meio de lobby, do seu poder estrutural e das redes que formam (associações empresariais), estão cada vez mais inseridas nas discussões ambientais e, assim, acabam por influenciar as decisões tomadas.