Interseções: revista de estudos interdisciplinares é um periódico científico semestral publicado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPCIS), do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A revista tem classificação B1 pelo WebQuallis CAPES.
o Centro de Ciências Humanas, em conjunto com a Editora da UFRR, tem grande satisfação em apresentar à comunidade universitária mais uma edição da revista Textos e Debates, a de número 10.
O Comitê Editorial da Revista tem se empenhado fortemente para garantir a regularidade e a qualidade da revisa, no sentido de realizar um de nossos principais compromissos que é estimular a produção acadêmica e garantir aos seus professores, pesquisadores e estudantes um espaço adequado para mostrar seu trabalho; buscamos, ainda, a contribuição de outros profissionais do país, com o objetivo de ampliar, dessa forma, o combate tão necessário para a retomada de posição críticos, da criação de um espaço cuja autonomia intelectual seja elemento constituinte do processo de produção do conhecimento.
com este objetivo, o comitê editorial vem propondo uma série de mudanças voltadas para garantir e ampliar a qualidade da Revista Textos e Debates. para os próximos números, contaremos com um Conselho Editorial ampliado, através da inserção de professores e pesquisadores importantes de nossa universidade, e com um Conselho Consultivo, formado por professores-pesquisadores de outras instituições.
Agradecemos a todas as pessoas que, sensivelmente a este projeto, contribuíram com seus artigos.
Desejamos a todos que tenham uma boa leitura e que se sintam estimulados a contribuir com a sua produção acadêmica para os próximos números.
O Centro de Ciências Humanas, em conjunto com a Editora da UFRR, tem grande satisfação em apresentar à comunidade universitária a edição de número 11 da Revista Textos e Debates.
Acreditamos que a Revista representa um espaço efetivo de divulgação de novos conhecimentos e que constitui um mecanismo importante para garantir qualidade na formação profissional e na democrática. Além disso, contribuir com a sociedade na busca de soluções, e na melhoria das condições de vida e dignidade humana.
Nesta edição, a Textos e Debates apresenta artigos que tratam sobre: a presença dos holandeses na Amazônia no período colonial; sobre a apropriação histórica da musicalidade indígena; sobre a memória do Rio de Janeiro; sobre paisagem geográfica e cultura; sobre educação e o conflito dominação X transformação; sobre Economia solidária e sobre Teoria antropológica
A presente coletânea de artigos, oriundos das áreas de História, Ciências Sociais, Geografia, Economia e Antropologia, consolidam a proposta da Revista e criar uma interface no âmbito das Ciências Humanas.
Agradecemos a todas as pessoas que, sensíveis a este projeto, contribuíram com seus artigos.
Desejamos a todos que tenham uma boa leitura e que se sintam estimulados a contribuir com suas produções acadêmicas para os próximos números.
Eis que a Revista Textos e Debates está fazendo, nesse ano de 2015, vinte anos.
Em 1995, fruto da vontade e empenho de um grupo de professores dos cursos de Ciências Sociais e História, à época agrupados no então Centro de Ciências Sociais e Geociências – CCSG -, hoje Centro de Ciências Humanas – CCH -, a Revista vem contribuindo para divulgar pesquisas e a produção de conhecimento tanto da UFRR quanto de outras unidades acadêmicas do país e de fora do Brasil.
Vemos, assim, que ao longo desses vinte anos a Textos e Debates cresceu, se fortaleceu e tomou uma dimensão para além das fronteiras nacionais. Temos hoje 28 números publicados, com mais de 200 artigos, abordando variadas temáticas na grande área de Ciências Humanas.
Com uma nova equipe no Comitê Editorial, a partir da Edição de número sete a Revista passou a ser publicada semestralmente, com um forte empenho no sentido de garantir a regularidade e a periodicidade, além do esforço para dotar a Textos e Debates de um caráter mais nacional e menos regional, sem deixar, contudo, de refletir as tão importantes questões amazônicas. Assim, a ampliação da divulgação da Revista pelo país afora rendeu contribuições valorosas no campo das ciências sociais e humanas, além das já mencionadas contribuições de pesquisadores de outros países.
Nova mudança aconteceu a partir da publicação da edição de número 18, quando a Revista passou a ser eletrônica, com alguns números sendo garantidos também na versão impressa. Acompanhamos, assim, uma tendência que vem se confirmando e consolidando, que é a publicação de periódicos nessa modalidade eletrônica.
Finalmente, a vinculação da Revista com o Programa de Pós-graduação Sociedade e Fronteiras traz uma perspectiva nova, de ser veículo de publicação de pesquisas envolvendo as dinâmicas sociais, políticas e culturais que envolvem as regiões fronteiriças, particularmente na tríplice fronteira Brasil, Venezuela e República da Guiana, cuja compreensão requer diálogo com diversos campos do conhecimento. Assim, a Revista cresce e se fortalece também no campo das pesquisas interdisciplinares, refletindo, dessa forma, a complexidade própria da vida em regiões de fronteiras.
Podemos dizer que hoje a Revista tem mais qualidade e se constitui num importante espaço de socialização de conhecimento, ferramenta fundamental para ampliar a produção do saber científico e filosófico. Dessa forma, constitui-se, também, numa arma para pensar e construir uma sociedade mais humana e mais justa.
Essa edição especial, bilíngue, traz para os leitores alguns artigos publicados na Revista ao longo desses vinte anos, selecionados por retratarem as questões da região Amazônica abrangendo de forma mais ampla as diversas áreas do conhecimento, isto é, maior amplitude de interesses sobre a questão. Assim, trata-se de uma edição que ao mesmo tempo em que comemora os vinte anos da Revista, brinda a Região amazônica e os pesquisadores de diversas regiões do país e fora dele, que tem se debruçado a estudar e nos ajudar a compreender mais e melhor essa realidade.
Assim, foram escolhidos oito artigos, publicados ao longo desses vinte anos, que apresentam uma reflexão sobre diferentes questões relacionadas ao espaço amazônico e suas fronteiras. O primeiro artigo, publicado originalmente em 2005, aborda uma temática de grande importância para a Revista e para a região amazônica, a questão indígena. Nesse artigo, Entre a maloca e a civilização: os indígenas no processo de colonização de Roraima no século XX, Raimundo Nonato Gomes dos Santos apresenta uma abordagem acerca da construção do não-lugar indígena que, para se constituir, precisou contar com a efetiva participação dos povos indígenas. Povos esses que tiveram, ao longo daquele século, participações diferenciadas nesse processo que o autor chama de modernização do espaço roraimense, ou da construção desse não-lugar que, para se constituir, precisava da "morte" do outro.
Embora esses povos tenham sido constantemente "empurrados para as margens", sua presença no contexto urbano não é "um fenômeno recente". É o que irá abordar Luciana Marinho de Melo em A formação sociocultural de Boa Vista – Roraima e os povos Macuxi e Wapichana da cidade: processos históricos e sentidos de pertencimento. Para a autora, a presença dos povos Macuxi e Wapichana no espaço hoje configurado pela capital roraimense remonta a tempos longínquos, embora por vezes seja apresentada como "uma ocupação recente". Após apresentar um panorama histórico sobre esses povos nesse espaço, conclui a autora: "temos, desse modo, uma estrutura político-administrativa municipal que apresenta dificuldades em contemplar a camada populacional indígena do perímetro urbano". No entanto, e apesar disso, "os Macuxi e Wapichana de Boa Vista vêm construindo uma narrativa de pertencimento que inter-relaciona os aspectos socioculturais engolidos pela história oficial e, posteriormente, pela sociedade em posse do poder público".
Ainda sobre a temática indígena, Maria Auxiliadora Lima de Carvalho apresenta em A dinâmica sociopolítica Yanomami no contexto de criação da Hutukara: pata thëpë e a emergência de jovens lideranças políticas, uma discussão sobre a participação de lideranças tradicionais e de jovens lideranças Yanomami na constituição de um espaço político. A partir do contato interétnico e dos cursos de formação, como o de professorese agentes de saúde, novas possibilidades, inclusive de "representação", serão dadas a esses jovens indígenas que ao dominarem, por exemplo, a língua portuguesa, serão intérpretes necessários junto às lideranças tradicionais, acabando por adquirirem outro status. Sobre a presença dessas jovens lideranças, a autora afirma ainda que "não se trata de uma ruptura, ou crise de gerações entre jovens e velhos, e sim de caminhos distintos de construção de referenciais por meio dos quais constroem a força do seu discurso".
Sobre o processo de colonização do então vale do rio Branco, Jaci Guilherme Vieira e Gregório Ferreira Gomes Filho, apresentam o texto Forte São Joaquim: do marco da ocupação portuguesa do vale do rio Branco às batalhas da memória – século XVIII ao XX. Nesse artigo, os autores dissertam sobre duas questões: a construção do forte como marco da ocupação portuguesa na região e os desdobramentos advindos dessa decisão e, não menos importante, a memória apropriada por setores da sociedade roraimense, para quem o forte é o "marco inicial" da ocupação desse espaço e, consequentemente, da necessidade desta referência para legitimação de seu "lugar social" e as constantes disputas pela terra.
Partindo também do processo de colonização, mas ampliando tanto o espaço quanto as temáticas que perpassam esse processo, Nelvio Paulo Dutra Santos, em Sociedade, ambiente e fronteira na Amazônia: alguns tópicos históricos e políticos, disserta sobre a formação do espaço amazônico com ênfase para as questões sociais, políticas e ambientais. Ao historiar sobre essa formação, apresenta as preocupações geopolíticas do Estado nação e os consequentes projetos para a Amazônia que excluíram seus "antigos habitantes", da mesma forma que "o ambiente foi também tido como um empecilho ao desenvolvimento, pois tudo ficou sob a égide da segurança, não a darwiniana, mas a do regime político e do desenvolvimento". O que leva o autor a concluir que "a Amazônia continua sendo um lugar de atenção e de preocupação".
Essas questões sobre o desenvolvimento, sob outra ótica, são apresentadas por Pedro Staevie, no artigo Crescimento demográfico e exclusão social nas capitais periféricas da Amazônia, no qual disserta sobre o crescimento das cidades dos "estados periféricos da Amazônia": Amapá, Acre, Rondônia e Roraima. Com base em censos demográficos, dados do PIB e do IDH, são apresentados os indicadores socioeconômicos das capitais desses estados, com ênfase na exclusão social e desigualdade, com o objetivo de relacionar essas questões ao crescimento demográfico dessas cidades. Assim, para o autor há uma correlação direta entre o crescimento demográfico e os índices apresentados no artigo, levando a necessidade de "suscitar uma maior observação sobre estes municípios e sobre a relação destes dados com o crescimento demográfico".
Mariana Cunha Pereira, expõe, em seu artigo A memória de brasileiros e guianenses sobre a revolta do Rupununi na fronteira Brasil – Guiana, uma etnografia sobre esse episódio acontecido na fronteira entre esses dois países na década de 1960. Após uma contextualização da Guiana e da região do Rupununi, com aportes históricos retomando a sua colonização, chega a autora ao processo de independência daquele país e o momento do "evento político" que foi a Revolta. Com base nos depoimentos orais de "negros guianenses, indígenas Macuxi e Wapixana e brasileiros regionais", a autora "reelabora essas narrativas" afirmando que "a memória local dos moradores da fronteira sobre o período do conflito é bastante confusa". No entanto, tal acontecimento ficou "como um marco da construção desses dois estado-nação, da inter-relação que os envolve e das consequências para os grupos étnicos, moradores da fronteira, e do modo de perceber e narrar os conflitos de conjuntura de cada realidade".
Com essa edição bilíngue explicitamos nosso empenho em consolidar a Textos e Debates como espaço de debates e de divulgação de conhecimentos, ampliando assim as possibilidades de leitores e interessados em colaborar com a Revista.
É com satisfação e muita responsabilidade que a Faculdade de Ciências Sociais da UFRR apresenta aos leitores a revista Textos & Debates, objetivando trazer ao público questões de natureza científica e filosófica, que suscitem grandes discussões sobre os temas abordados.
Textos & Debates pretende ser um espaço aberto a alunos e professores de Ciências Sociais, bem como, pesquisadores de áreas afins, interessados em publicar artigos e resenhas que digam respeito à realidade nacional brasileira.
Pela ousadia e elevado esforço dos professores da Faculdade de Ciências Sociais, podemos, desde já, considerar a publicação desta revista como um marco importante, e por que não dizer histórico, na Universidade Federal de Roraima, que com apenas cinco anos de fundação, busca, apesar de certos "atropelos", consolidar-se no meio acadêmico da região Norte brasileira.
Este primeiro número traz a colaboração dos professores Alberto Chirone, António Morga, Marco Lucas, Jacy Guilherme, Ricardo Borges e Roberto Ramos. São artigos sobre Filosofia, História e Política brasileira. Esperamos que os leitores apreciem os trabalhos aqui apresentados e divulguem, entre os seus colegas, o periódico Textos e Debates.
É com imensa satisfação que apresentamos mais um número da Revista Textos & Debates, o de número 8, com a certeza de que o compromisso de estimular a produção acadêmica e garantir à toda a comunidade universitária um espaço adequado para o debate encontra sua expressão nesta revista.
O presente volume está composto de artigos com assuntos diversos, abrangendo temas relacionados à região amazônica, a questão política e movimentos sociais de grupos indígenas, MST, questões de gênero, entre outros. A revista conta com autores de lugares e filiações acadêmicas diversas.
Lembrando, ainda, que este é o primeiro número dentro da proposta de periódico acadêmico semestral, lhes desejo uma boa leitura.
É com grande satisfação que apresentamos à comunidade universitária a edição de número 9 da Revista Textos & Debates. Desde que assumimos a editoria da Revista, um de nossos principais compromissos foi o de realizar ações objetivas para estimular a produção acadêmica e garantir aos seus professores, pesquisadores e estudantes um espaço adequado para mostrar seu trabalho, colocando-nos, ainda, abertos para contribuições de outros profissionais do país que têm buscado contribuir com nossa revista, ampliando, dessa forma, o debate a que nos propomos.
Acreditamos que a Revista representa um espaço efetivo de divulgação de novos conhecimentos, constituindo-se num mecanismo importante de debate e de estímulo à crítica, tão fundamental no mundo acadêmico e na formação das pessoas, tendo em vista sua inserção no mundo enquanto sujeitos sociais, políticos e participativos.
Agradecemos a todos aqueles que, sensíveis a este projeto, contribuíram com seus artigos.
Essa edição conta com artigos que versam sobre educação e arte, educação indígena, organização de trabalhadores, nos âmbitos rural e urbano, questões migratórias em Roraima, entre outros.
Desejamos a todos que tenham uma boa leitura e que se sintam estimulados a contribuir com suas produções acadêmicas para os próximos números.
Eis que vem a público mais uma edição da Revista Textos & Debates, continuando com seu objetivo de divulgar a produção da comunidade da Universidade Federal de Roraima, do Estado e do país.
Nós, do Comitê Editorial, percebemos com grande satisfação a crescente procura pela Revista, demonstrando a produção dos pesquisadores e o respeito pela publicação do CCH. Assim, temos a convicção de estarmos contribuindo para o debate na área das Ciências Humanas, tendo em vista a qualidade dos artigos e a diversidade dos mesmos.
Nesse Número específico temos a colaboração de pesquisadores de outros estados da federação bem como artigos que versam sobre temáticas nos campos da Sociologia, História, Ciência Política, Antropologia e Educação.
No próximo número a Revista Textos & Debates deverá inaugurar uma nova etapa em sua trajetória, com a publicação de dossiês. Dessa forma, atendemos a uma reivindicação antiga de pesquisadores com a preocupação de aprofundar temas relacionados à realidade regional, através da publicação de dossiês temáticos.
Esperamos que os leitores apreciem os textos e se motivem a enviar suas produções para continuarmos trazendo o debate para o campo acadêmico e, assim, contribuir para uma melhor discussão no campo das Ciências Humanas.
É com grande satisfação que o Centro de Ciências Humanas, em conjunto com a Editora da UFRR, proporciona à comunidade universitária a edição número 12 da Revista Textos & Debates.
Após o forte empenho do comité Editorial da Revista e da Editora da UFRR estamos garantindo a regularidade e a qualidade da mesma. Deste modo, cumprimos com o principal objetivo da Revista que é estimular a produção e garantir aos professores, pesquisadores e estudantes um espaço adequado para mostrar seu trabalho. É com grande satisfação também que observamos a imensa procura e, consequentemente, as contribuições de outros profissionais do país, que cada vez mais têm enviado textos para serem publicados em nossa Revista, ampliando o debate tão necessário para a retomada de posições críticas e para a constituição do processo de produção do conhecimento.
Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram com seus artigos para a publicação desse número, desejando aos leitores uma boa leitura e que se sintam estimulados a contribuir com suas produções acadêmicas para os próximos números.
A revista "Textos e Debates" aqui apresentada, em sua sexta edição, é fruto dl vontade de uma equipe e do apoio de outras tantas pessoas. Ao apresenta li desejamos agradecer esse apoio dado, principalmente, pela administração superior da Universidade Federal de Roraima.
Neste momento, em que a humanidade inicia um novo século e um novo milênio, o destaque dado nesta edição a este período é importante, já que é uma questão intrínseca nas Ciências Sociais (Sociologia, Ciência Política e Antropologia), na História e na Geografia, áreas de estudo do Centro de Ciências Sociais e Geociências.
Finalmente, gostaríamos de convidá-los a abrir esta revista para que possam, através do conhecimento contido nestas páginas, participar conosco do início desta nova era.
A revista Textos & Debates passou por sucessivos aprimoramentos nesses últimos anos. A partir deste décimo oitavo volume, a revista passa a ser publicada em formato eletrônico, o que garante um acesso mais amplo por parte dos leitores. A plataforma digital de publicação também tende a facilitar a periodicidade e o acesso às edições anteriores.
O ingresso neste domínio digital não é a única boa novidade no âmbito do exercício da pesquisa no Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal de Roraima. O aguardado Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Sociedade e Fronteiras – PPGSOF, inaugura nova fase na história das ciências humanas e sociais na UFRR. Isto devido à intensificação das atividades de pesquisa pelo programa interdisciplinar de Mestrado em "Sociedade e Fronteiras". Com isto, o Centro de Ciências Humanas termina por concluir um ciclo de consolidação da tríade humboldtiana, das graduações, da extensão e da pesquisa. A prática das universidades demonstra que a consolidação de programa de pós-graduação articulado com periódico indexado são indícios de maturidade institucional e acadêmica.
A apreciação dos artigos reunidos neste número dezoito permite atestar a envergadura que a Textos & Debates conquistou com o tempo. Tratam-se de contribuições escritas por pesquisadores qualificados, nas áreas de política internacional, antropologia, ciência política, história, geografia. Os temas tratados nesse conjunto perpassam diferentes planos societários: das políticas hegemônicas da superpotência norte-americana à agência das mulheres da etnia macuxi, do alcance internacional de plataformas de partido político brasileiro aos movimentos sociais do campesinato roraimense, das dinâmicas da política interna venezuelana às linhas migratórias nos baixos do Rio Branco, da regionalidade das implicações ecológicas da ocupação humana na Amazônia à municipalidade do comprometimentos das fontes hídricas em Boa Vista. E, somos ainda brindados com instigante resenha crítica escrita por Jaci Guilherme Vieira - este já um pesquisador sênior da casa - que mantém viva uma das características mais caras à ciência contemporânea: a revisão colaborativa pelos pares.
A revista Textos & Debates é um esforço coletivo no qual participam pareceristas, secretaria administrativa, editores, editora universitária, cientistas contribuintes e, é claro, os leitores. Não é possível chegar - e consistir - neste resultado sem o efetivo comprometimento com a ciência e sem altruísmo que possa sustentar os exigentes expedientes de um periódico indexado. Faz-se isto porque é necessário inteirar processos da universidade brasileira.
É pouco para a universidade somente transmitir conhecimentos sistematizados, quanto mais ainda para tão poucas pessoas, já que o acesso ao ensino superior ainda é restrito. Tanto mais conhecimentos que garantam o status quo de modelos societários que desfavorecem nosso povo, desfavorecem a Amazônia. É pouco porque podemos muito mais. Podemos formular conhecimentos, ensinar a formulá-los e então entornar, espraiar estes conteúdos. É o que a Textos & Debates faz, e isso desacoberta a sanha, a verve da irredutibilidade em concretizar plenamente o sonho de fazer a universidade acontecer em Roraima.
Fica aqui o agradecimento especial ao professor Msc. Rodrigo Chagas que prestou colaboração decisiva para o novo formato editorial da Revista.
Desejo a vocês, leitores e colegas, uma excelente leitura.
É com muita alegria que aceitei o convite para apresentar mais um número da nossa Revista. Por ser a primeira publicação científica criada em nossa jovem universidade, a Revista Textos & Debates é uma referência dentro e fora da UFRR. Os trabalhos publicados, a seriedade do Conselho Editorial e o empenho e perseverança da editoria garantem que cada número seja sempre comemorado como mais uma conquista de todos os que integram o Centro de Ciências Humanas.
Neste número, trazemos a público um conjunto de artigos que faz jus a orientação multidisciplinar de nossa publicação. Apresentamos trabalhos nas áreas da História, das Artes, da Economia, das Relações Internacionais, assinados por pesquisadores da UFRR e de outras instituições. Agradecemos a participação dos autores que integram esta edição, convidando-os para que continuem a prestigiar a nossa Revista.
Agradecemos também a todos que contribuíram para a publicação de mais este número da Textos & Debates, conscientes de que ainda temos muito o que conquistar. Neste aspecto, as parcerias, os compromissos e os esforços assumidos pela comunidade do Centro de Ciências Humanas, pela Administração Superior da UFRR e pela EDUFRR, e que garantiram a existência e o sucesso da nossa Revista até hoje, mais do que nunca são fundamentais.
Desejamos uma boa leitura e convidamos aos interessados em divulgar seus trabalhos que acessem o sítio da UFRR na internet (www.ufrr.br), para que se informem sobre as chamadas para os próximos números.
O dossiê Sociedade e Fronteiras, publicado pela Revista Textos & Debates é o resultado do esforço conjunto da coordenação do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) e do Comitê Editorial da referida Revista com o intuído de difundir, no âmbito institucional e nas sociedades regional, nacional e global, as pesquisas e os estudos associados às linhas de pesquisa do PPGSOF. Pretende-se, ainda, iniciar, de forma mais sistemática os diálogos sobre Interdisciplinaridade, Fronteiras e Sociedades Amazônicas em publicações que discutam a produção, reprodução e socialização do conhecimento no campo das ciências humanas e sociais e, ao mesmo tempo dar visibilidade ao mestrado Sociedade e Fronteiras, de caráter interdisciplinar, criado em 2011, no âmbito do Centro de Ciências Humanas.
Este dossiê, ademais do exposto acima, sintetiza os debates apresentados no I Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras, realizado entre os dias 03 e 07 de dezembro de 2012, no Campus do Paricarana, em Boa Vista-Roraima-Brasil.
O I Seminário Internacional: As Fronteiras da Interdisciplinaridade e a Interdisciplinaridade das Fronteiras visava articular o debate em torno de categorias complexas como sociedades e fronteiras na Amazônia, daí a centralidade nos temas fronteira e interdisciplinaridade. As complexas relações societárias na Amazônia e, em particular, no estado de Roraima, permitem perceber com clareza que o conceito de fronteira ultrapassa os traços cartográficos dos Estados Nacionais. As fronteiras podem ser soerguidas em função da diversidade de línguas, de etnias, de imaginários coletivos. Existem mesmo territórios que não compartilham a floresta tropical amazônica, como é o caso das savanas, dos cerrados, das bordas litorâneas caribenhas, mas que são compreendidos dentro das fronteiras simbólicas amazônicas em virtude de traços identitários comuns. A riqueza de significações destes dois temas permitiu que as conferências, mesas redondas e grupos de trabalho pudessem abranger os mais diversos campos das ciências humanas, as mais diversas instituições de ensino superior no estado, os profissionais e egressos do estado de Roraima, das Amazônias e fora dela.
Sendo assim, o I Seminário Internacional organizou-se, ademais dos grupos de trabalho, a partir de uma Conferência de Abertura, cujo titulo foi "As fronteiras da Interdisciplinaridade e a interdisciplinaridade das Fronteiras", proferida pelo professor Dr. Carlos G. Zárate Botía, da Universidade Nacional da Colômbia; de três Mesas Redondas, a primeira com o tema: "Os sentidos das fronteiras", em que participaram os professores Dr. Jose Lindomar Coelho de Albuquerque, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Dr. Maxim Repetto e o Dr. Américo Alves de Lyra Junior, ambos do PPGSOF/UFRR; a segunda Mesa Redonda intitulada "Sociedade, ambiente e política em regiões de fronteira", contou com a participação dos professores Dr. Ivo Dittich, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOSTE- Campus de Foz de Iguaçu, Dr. Nelvio Paulo Dutra Santos e Isaias Montanari Junior, do PPGSOF/UFRR e do NECAR/UFRR, respectivamente; a terceira Mesa Redonda intitulada "A interdisciplinaridade nos Programas de Pós-graduação: Desafios e limites" contou com a participação dos coordenadores dos programas Prof. Dr. Marcos Vital Salgado (Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais-PRONAT/UFRR); Prof. Dr. Ivo Dittich (Programa de Pós-graduação: Sociedade, Fronteira e Cultura Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Foz do Iguaçu); Profa. Dra. Marilene Correa (Programa de Pós-graduação Sociedade e Cultura na Amazônia- PPGSCA/UFAM); Profa. Dra. Francilene dos Santos Rodrigues (Programa de Pós-graduação em Sociedade e Fronteiras- PPGSOF/UFRR).
A centralidade do debate aqui proposto é a interdisciplinaridade e as fronteiras. Penso que há consenso em considerar, que tanto a palavra interdisciplinaridade como a palavra fronteira são polissêmicas e recobrem um conjunto heterogêneo de experiências, realidades, hipóteses e projetos distintos. No entanto, o debate está posto e não há como dele fugir. Sendo assim, compartilho com Frigotto (2008) a idéia de que é necessário apreender a interdisciplinaridade como uma necessidade e, ao mesmo tempo como problema, seja no plano material histórico-cultural, seja no plano epistemológico.
Desta forma, o dossiê Sociedade e Fronteiras apresenta vários textos sobre esses temas, considerando, principalmente, a necessidade do trabalho interdisciplinar na produção e na socialização do conhecimento no campo das ciências humanas e sociais como decorrente do caráter dialético da realidade social e da natureza intersubjetiva de sua apreensão.
Sendo assim, temos em primeiro lugar, o texto do antropólogo e professor Dr. Maxim Repetto, intitulado Os Sentidos das Fronteiras na Transdisciplinaridade e na Interculturalidade. Neste texto, Maxim Repetto se propõe a falar do sentido das fronteiras, a partir de dois campos de conhecimentos. O primeiro campo refere-se aos sentidos das fronteiras entre os conhecimentos organizados de forma disciplinar, na ciência ocidental, e o outro, aos sentidos das fronteiras que existem e são construídos entre os povos e seus respectivos conhecimentos. O autor faz, ainda, um debate político sobre o papel da universidade pública em proporcionar não só uma reflexão, mas a prática e o exercício transdisciplinar, bem como a produção de um conhecimento descolonizado ou a descolonização do conhecimento e da mente (PRATT, 1999) que não é uma tarefa fácil, uma vez que "a crítica anticolonial exige uma prática anticolonial" (CUSICANQUI, 2006 apud REPETTO). Assim sendo, o autor se propõe a discutir os sentidos das fronteiras implícitos no conceito de transdisciplinaridade e o de interculturalidade. Um dos aspectos interessantes do texto de Repetto é o uso do termo transdisciplinaridade e não interdisciplinaridade para marcar a idéia de superação dos limites disciplinares. Para ele, a interdisciplinaridade, marcada pela preposição "inter", denota relação entre campos de conhecimentos, enquanto transdisciplinaridade, ou melhor, a preposição "trans" denota um sentido de ir para "além dos limites" das disciplinas. Ele apresenta a sua experiência no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, cuja proposta pedagógica do Curso Licenciatura Intercultural é, assumidamente, transdisciplinar e intercultural. Repetto chama a atenção para o fato dos trabalhos acadêmicos (monografias, dissertações, teses) serem, em geral, bem formalistas e disfarçados de interdisciplinaridade, sem uma reflexão de fundo sobre o conhecimento, a forma de construir temas de estudos transdisciplinares e mesmo sobre o que são esses sujeitos transdisciplinares. Para o autor, interculturalidade é definida como um "processo de diálogo entre culturas", no entanto, requer que se aprofunde e amplie essa definição. Isso porque, se, por um lado, "o diálogo entre culturas não se refere apenas à capacidade de ouvir e falar, mas, sobretudo, de refletir e pensar, por outro lado, não garante a construção de novas formas de convívio numa sociedade mais justa", ao mesmo tempo em que a utilização do termo "intercultural" não garante um processo educativo mais participativo e menos alienante que supere os conflitos sociais. Por fim, para Repetto, a "universidade tem a obrigação de construir uma perspectiva intercultural e transdisciplinar que permita desconstruir as relações de discriminação", para assim, gerar espaços de reconhecimento em contextos assimétricos.
Já o texto do lingüista professor Ivo Jose Dittrich, como ele mesmo diz, "não se inscreve nas configurações convencionais das publicações, mas situa-se nas fronteiras entre artigo científico, ensaio, relato de experiência e similares". Daí a riqueza do seu texto que nos obriga a pensar a produção e divulgação do conhecimento a partir de uma mescla de vários métodos e gêneros literários. "Apresentação, representação e metaforização das fronteiras: reflexões interdisciplinares" trata das dimensões antropológicas, históricas, econômicas, políticas e jurídicas das fronteiras, bem como as razões que as tornam cenários tão complexos, quer por sua configuração multifacetada, quer pelos modos como é representada e metaforizada. As metáforas "da" e "sobre" a fronteira, segundo Dittrich, "constituem expressão das representações incorporadas a partir de apresentações mediatas e mediadas, portanto, mostram-se metodologicamente relevantes como pontos de partida para compreender a complexidade das fronteiras". Desta forma, o autor aborda algumas dimensões da fronteira. Uma delas é o aspecto ontológico da fronteira, ou seja, "aquelas características que se situam na materialidade comum às diferentes fronteiras". Ou melhor, a apresentação ou o conjunto dos aspectos que a fronteira apresentaria em sua existência própria ou em como é editada pelos interlocutores na interação social. Outra dimensão abordada pelo autor diz respeito às "diferentes concepções ou representações que os sujeitos sociais constroem sobre elas com base nas suas expectativas, experiências ou interações sociais". Por fim, as metáforas como expressão das duas instâncias ou dimensões (apresentação-representação) do processo de construção do conhecimento e, por conseguinte, das bases para a comunicação social. É evidente que essas dimensões não estão separadas, a não ser por razões de ordem didática, visto que se sobrepõem, integram e, mesmo, retroalimentam, ou seja, as próprias metáforas alimentam as apresentações e representações.
O texto do sociólogo José Lindomar C. Albuquerque Fronteiras múltiplas e paradoxais, explora não só os aspectos da polissemia da palavra fronteira, mas as distintas e paradoxais narrativas sobre as fronteiras. Para o autor, a pluralidade destas narrativas decorre, em parte, das diferentes perspectivas e posicionamentos nacionais, que constroem "olhares cruzados para os vários lados das fronteiras". Um segundo aspecto diz respeito à pluralidade de esferas sociais que são ao mesmo tempo econômicas, políticas, sociais, culturais e simbólicas. Um terceiro aspecto desta pluralidade das narrativas, diz respeito aos diversos atores sociais existentes nas zonas de fronteiras com seus diversos marcadores de diferença (classe, etnia, gênero, geração, nação). Lindomar Albuquerque enfatiza em seu texto, os paradoxos das fronteiras, ou seja, "as complexas relações estatais, nacionais e sociais que se apresentam nessas áreas de fronteiras internacionais". Para o autor, ainda, essas experiências e narrativas de fronteiras produzem uma riqueza de "novos significados de fronteiras por meio das metáforas" que podem ocasionar "uma espécie de inflação do uso do termo para as mais variadas situações sociais", ou seja, "no limite tudo é fronteira".
A conclusão a que chega o autor, entre outras, é a necessidade de recuperarmos velhos conceitos e "imaginar novas noções que possam traduzir em palavras essas complexas relações de identidades e alteridades que movimentam os territórios entre os Estados nacionais".
O texto do sociólogo colombiano Carlos G. Zárate Botía, intitulado La frontera amazónica de Colombia, Brasil y Perú después del conflicto de 1932, explora as relações políticas de fronteira implementadas pela Colômbia, Brasil e Peru, após os conflitos ocorridos entre Colômbia e Peru, em 1932, 1934 e 1945 e seus impactos nas regiões fronteiriças. O conflito de 1932 entre Colômbia e Peru foi o resultado da implementação do Tratado Lozano-Salomón que consistia na entrega do chamado trapézio amazônico à Colômbia e, posteriormente, a tomada de Letícia. O autor aborda as mudanças ocorridas na política de fronteira por parte do Brasil e da Colômbia, principalmente, durante o segundo ciclo da Borracha e após a Segunda Guerra Mundial que teve a hegemonia dos EUA. Analisa, ainda, a política de cooperação fronteiriça entre esses países na qual a essência é, predominantemente, militarizada e orientada pela lógica de defesa e segurança nacional nestas zonas fronteiriças, a despeito de outras possibilidades de intervenção estatal.
O texto Fronteiras internas da América do Sul: reflexões preliminares sobre o Estado peruano na configuração do imediato Pós-Guerra Fria, do historiador Américo Alves de Lyra Junior, percorre um caminho que nos leva a compreender o processo no qual foram gestados os temas das agendas do século XXI, em particular às relativas às fronteiras internas da América do Sul, compreendidas aqui como fronteiras políticas e a partir do desenvolvimento dos "Estados modernos e sua readaptação nas crises originadas no final da década de 1960, aprofundadas ao longo das décadas seguintes e que atingiram o começo dos anos 1990 com a derrocada do socialismo real e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS". Lyra Junior apresenta seu texto em duas partes: a primeira aborda as alterações e rupturas da ordem bipolar em perspectiva internacional para compreender a gestação de problemas e temas próprios do século XXI. Nesta primeira parte, o período analisado é aquele que, segundo o autor, "na historiografia tradicional das Histórias das Relações Internacionais se convencionou denominar de Détente, ou maior flexibilidade nas relações entre Estados Unidos e União Soviética, o período compreendido entre 1969 e 1979". Na segunda parte, aborda o debate sobre a inserção da América do Sul e o desenvolvimento dos Estados modernos, em especial o Peru, neste contexto da emergência de outra ordem internacional baseada em uma diversidade de interesses, principalmente, no campo econômico. Segundo Lyra Junior o processo de adequações sul-americanas às mudanças políticas no interior desta nova ordem do sistema internacional se fundaram na concepção de que a América do Sul foi uma região de baixo nível de tensão política e as relações internacionais da região não tiveram caráter ideológico, ademais de predominar a "vocação integracionista própria de uma tradição ibero-americana". As crises que se seguiram na região e que levaram ao processo de democratização decorreram, em parte, do aprofundamento das desigualdades sociais e da incapacidade dos Estados em solucionar graves problemas sociais. No entanto, segundo o autor, "o desenvolvimento do Estado moderno na América do Sul promoveu mudanças estruturais significativas na realidade política e social de suas populações" forjadas pela necessidade dos Estados de articular as categorias: igualdade social, educação e cidadania. Por fim, para Lyra Junior, só se pode compreender o sentido de "fronteiras internas" da América do Sul a partir da observação do desenvolvimento internacional e do processo de realização dos Estados modernos sul-americanos, entendido aqui, com base na reflexão de Whitehead (2009, p. 28, apud Lyra Junior,), "para quem os Estados são modernos somente quando articulam, e com eficiência, as categorias de administração do povo, controle dos recursos e territorialidade".
O texto de Nelvio Paulo Dutra Santos, historiador e doutor em Desenvolvimento Sustentável, intitulado Sociedade, ambiente e fronteira na Amazônia: alguns tópicos históricos e políticos, aborda as relações entre as categorias sociedade, ambiente e fronteira na Amazônia, principalmente, sob a ótica da evolução político-administrativa, desde os tempos coloniais até os tempos mais recentes. A concepção de fronteira amazônica abordada pelo autor não se restringe ao caráter histórico de fornecedora de recursos naturais ou de um espaço delimitado pelo Estado Nacional, mas, principalmente por seus habitantes tradicionais construtores do espaço amazônico. Neste artigo, o professor Nelvio Santos traça um histórico e analisa os processos pelos quais esses habitantes foram incorporados – ou não - em projetos do Estado Nacional no atendimento de demandas externas, bem como a economia e a política na Amazônia se sobrepuseram a povos e ao ambiente e moldaram a vida no espaço Amazônico.
Já o texto de Isaias Montanari Junior, professor de direito e doutor Relações Internacionais com ênfase em Desenvolvimento Regional da Amazônia, intitulado Impacto do PPTAL na demarcação de Terras Indígenas na Amazônia Legal, aborda aspectos políticos do PPG7 – Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, um programa financiado pelos sete mais ricos países com o objetivo de proteger a maior floresta tropical do mundo. No contexto do período de execução do PPTAL os impactos na demarcação das terras indígenas foram extremamente positivos, uma vez que criaram a necessidade de regularizar fundiariamente essas terras. Sendo assim, o tema central do artigo de Montanari Junior é o direito dos povos indígenas à ocupação de suas terras tradicionais, cujas bases encontram-se assentadas nas legislações mais antigas, desde os tempos dos colonizadores portugueses, passando por várias constituições brasileiras até a atual, promulgada em 1988, mas, de fato, somente efetivada com o aporte dos recursos do PPTAL. Em um primeiro momento, o autor apresenta as bases jurídicas da política indigenista brasileira; no segundo, aponta os elementos que subsidiaram a definição das Terras Indígenas na Constituição Federal de 1988; em um terceiro momento, aborda o PPTAL como instrumentalização da política territorial indigenista brasileira e os impactos do mesmo na política demarcatória. O texto de Montanari Junior, por seu caráter histórico e analítico, permite ao leitor entender o processo de realização e pagamento de uma divida social do Brasil para com os povos indígenas, em especial, da Amazônia. Por fim, o autor conclui que "o fundamento originário do direito do índio à terra esta centrado no desenvolvimento dos conceitos de tradicionalidade, originariedade e ocupação permanente" e, justamente estes fundamentos foram essenciais para a política indigenista territorial do Brasil. No entanto, ainda mais determinante para as demarcações da T.I foram os recursos, o conhecimento e a metodologia da cooperação internacional, principalmente do PPTAL, que com seus "componentes externos, foi imprescindível para que os direitos indígenas relativos às terras se efetivassem ou que quase a totalidade das terras indígenas alcançassem a regularização ou estejam em vias de ser".
Esperamos assim, que o debate aqui iniciado seja profícuo e suscite outros temas tão instigantes como estes e que nos possibilite reflexões não apenas epistemológicas, mas também políticas e permeadas por uma verdadeira práxis.