Esse artigo tem como propósito principal oferecer aos leitores um panorama amplo do processo de consolidação das fronteiras sul-americanas à luz da integração regional, desde o começo do século XVI até os dias atuais. Para tal, mobilizamos elementos conceituais oriundos do campo da história e da geopolítica para analisar as principais evoluções e linhas de pensamento utilizadas durante o processo de construção da América do Sul. O argumento do artigo é que a dinâmica regional resulta da tensão (ou dialética) entre os centros (geo)políticos e as áreas de fronteiras, inserindo-se nos processos de consolidação interna das nações sul-americanas. Como resultado, podemos afirmar a resistência histórica, por parte das nações do continente sul-americano, em aprofundar politicamente o processo de integração regional, particularmente à luz da experiência vivenciada durante a pandemia global.
Este artigo tem como objetivo discutir a questão da segurança energética no âmbito da União Sul-Americana das Nações (UNASUL). Pretendemos evidenciar os vínculos existentes entre as questões de segurança energética, a especificidade da zona e as ramificações com as questões de defesa para os membros da UNASUL e suas respectivas Forças Armadas. A segurança energética representa um elemento prioritário na agenda política e estratégica dos países sul-americanos. A partir das construções teóricas oferecidas pelos professores Barry Buzan e Ole Wæver - especialistas no campo da segurança internacional - a segurança energética pode ser definida como um conceito elástico. Ela estabelece uma conexão entre as questões de segurança propriamente dita (como por exemplo, a proteção do território, dos recursos naturais ou mesmo o suprimento de combustíveis vitais), com questões de "segurança ampliada", que englobaria questões econômicas, problemas de segurança regional, de desenvolvimento sustentável, implicando inclusive, em questões de proteção ambiental. No entanto, medidas efetivas para afastar da sociedade o risco da falta de energia ou para diminuir a instabilidade de acesso às fontes energéticas exigem a identificação e a aplicação de ações de modo a permitir que o Estado tenha um planejamento de cunho estratégico. Por isso, a Declaração de Margarita assinada em 2007 ao término da Primeira Cúpula Energética Sul-Americana foi um marco importante para realizar esse objetivo. Esse acordo criou um Conselho Energético que se encarregou de apresentar uma estratégia energética, um plano de ação e um tratado para a integração de energia na região. Os planejadores buscaram nos estudos estratégicos conhecimentos para diminuir a vulnerabilidade e a dependência energética de seus países. A escassez dos investimentos, a falta de interligação da malha energética sul-americana e os desequilíbrios na quantidade de recursos energéticos entre os países representam alguns vetores de tensões entre os diferentes países da comunidade. Logo, o papel das Forças Armadas das nações da UNASUL nesse contexto aparece como determinante para garantir a segurança e a estabilidade da região.
This paper aims to offer a critical perspective regarding Brazil's border policies and its military presence. For decades, the Brazilian Armed Forces emphasized the 'Security and Development' doctrine as the solution to solve the many issues of the remote areas of the Amazon. In the late 1980's, even with the end of the Military Regime, such practices continued to dominate the agenda of policymakers. Nowadays, Brazil's young democracy faces new challenges regarding its 'brown areas', as O'Donnell theorized them. Our main goal here is to stress the lack of a critical thinking in the process of transformation of the regional reality. We evaluated the situation according to recent data gathered during several field trips in the Amazon region. The absence of a government presence, often pointed out as a strategic weakness by the military authorities, neglect the presence of various actors (population, NGOs, for example) committed to security. We argue that it is essential for the military to cooperate more with civilians, instead of militarizing the borders, to guarantee a safe presence for the population, and not only the security of a territory.