Coaching interno: do discurso gerencialista ao sequestro da subjetividade
In: Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, Volume 24, Issue 2, p. 249-263
ISSN: 1981-0490
Este artigo analisa como a instrumentalização do coaching pelas organizações, enquanto prática gerencial, propicia a reprodução de preceitos gerencialistas que se alinham ao sequestro da subjetividade do trabalhador. Para tal, efetuaram-se entrevistas semiestruturadas com 11 gestores que conduziam tal intervenção no ambiente de trabalho. A interpretação dos dados fundamenta-se na Análise Crítica do Discurso, textualmente orientada (Fairclough, 2003). Embora o coaching no trabalho suscite reflexividade, tal postura encontra-se a serviço do ideal gerencialista, reafirmando o ideário social de culto ao desempenho, que propaga auto (e alta) responsabilização individual. O paradoxo é que a subjetividade – hiper solicitada para dar lugar a uma "subjetividade realizadora" –, foi representada discursivamente como entrave ao desenvolvimento pessoal, o qual é indissociado de anseios organizacionais. Por fim, discute-se o papel da resistência no bojo do referido processo de intervenção.