Pour rendre compte du comportement rationnel d'ordre éthique, Harsanyi reprend la figure du spectateur impartial de Smith. Or, des différences significatives apparaissent, entre les deux auteurs, concernant le traitement du jugement moral. Chez Harsanyi, il s'agit d'un jugement déterminant qui part d'une connaissance mathématique des préférences morales et évalue quantitativement les conséquences des actions. Chez Smith, le jugement réfléchissant du spectateur impartial opère de manière approximative, par analogie et induction. Derrière les deux formes de jugement, se confrontent deux modèles d'action et deux conceptions différentes des rapports entre les actes économiques et la morale.
Ao longo das décadas de 1920 a 1950, na sociedade brasileira, a escrita biográfica adquiriu novas formas e funções entre intelectuais, editores, empreendedores do mundo dos livros e leitores. Assistiu-se à significativa proliferação editorial de biografias, fato que foi acompanhado pelo debate acerca da emergência da biografia moderna em terras brasileiras. O debate não se configurou apenas como a problematização de uma nova biografia, foi também, para alguns intelectuais, a perspectiva de redimensionar a escrita da história nacional. Nesse sentido, se a história, enquanto conhecimento disciplinar era, por excelência, um instrumento basilar na configuração da identidade nacional, a discussão de como ela deveria ser escrita, e de que sujeitos deveriam protagonizá-la, acabava por cruzar com o debate sobre a emergência de uma nova biografia, na delimitação de quem de fato construíra ou havia construído para edificação da nação, suas singularidades políticas e referências culturais. Entre os autores que estiveram envolvidos com essas questões, destacamos Lúcia Miguel Pereira. Autora de biografia de Machado de Assis e de Gonçalves Dias, Lúcia Miguel Pereira desenvolveu trabalhos onde buscava "fazer viver" seu biografado, apresentando-os como sujeitos imersos nas incertezas das circunstâncias históricas. Para a autora, a biografia era o melhor meio de se fazer história, pois, em função de determinados recursos retóricos, produziria efeitos sensibilizadores sobre seus leitores, tornando os brasileiros mais interessados pelas grandes figuras de sua terra. Lucia Miguel Pereira buscava na biografia o que julgava faltar no ensaio histórico e entendia que o hibridismo das biografias modernas, "nem romance nem história", instituía o equilíbrio necessário e sedutor. Nesse artigo analisaremos a biografia "A vida de Gonçalves Dias", publicada por Lúcia Miguel Pereira em 1943, entendendo que esse texto possibilita não apenas investigar um novo modelo de escrita biográfica, mas também analisar os processos de canonização e de construção das imagens de Gonçalves Dias associadas à galeria dos "brasileiros ideais". DOI: 10.21665/2318-3888.v3n6p191-211