Controvérsias na padronização do middleware de interatividade da TV digital brasileira: democracia técnica à prova do dispositivo de normatização da inovação Ginga
In: Sociedade e estado, Band 34, Heft 1, S. 49-83
ISSN: 1980-5462
Resumo O presente texto tem o propósito de reconstruir a cena da controversa normatização do middleware de interatividade da TV digital brasileira - Ginga - cuja arquitetura final resultou na combinação de duas linguagens NCL-Lua (código aberto) e Java-DTV (proprietária). Nosso objetivo é mostrar como, nos termos da democracia técnica, se deu a disputa entre os distintos atores do ecossistema do Sistema Brasileiro da Televisão Digital e Interativa (SBTDi) em torno da coordenação entre digitalização do simbólico, alta definição e interatividade a serviço do mercado e de projetos de inclusão social governamentais pela TV aberta. Interessamo-nos pelos valores e pelas normas postulados por pesquisadores, desenvolvedores, radiodifusores, governo, indústria de software, representações de movimentos pela democratização da comunicação em função do dispositivo de normatização do Ginga, o Fórum SBTVDi. A trajetória do Ginga ilustra como a normatização de inovações são tributárias de tramas sociotécnicas nas quais se vinculam e se desvinculam elementos técnicos e humanos, como se fazem e se desfazem negociações em torno delas. A partir da realização de análise documental e entrevistas semiestruturadas, discutimos a constituição de um objeto-fronteira resultante de embates entre atores que exprimem distintos regimes de engajamentos ao projeto de interatividade aliado à inclusão social e à política industrial no país, propósito inicialmente atribuído ao SBTVDi.