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A sociologia das novas formas de trabalho no Brasil : olhares, temáticas e desafios / Jacob Carlos Lima -- Mobilidades. Sociologia móvel / John Urry -- Carreiras globais e narrativas de identidade : o caso dos migrantes qualificados no Catar / Jenny K. Rodriguez, Tracy Scurry e Sarah Bailouni -- Mobilidade, consumo e trabalho : trabalhadores brasileiros em Londres / Angelo Martins Junior -- Os espaços do trabalho : as "colônias" de trabalhadores em uma usina de açúcar / Marcos Lázaro Prado -- Emoções, temporalidades e espacialidades. Como segredos : as lágrimas no trabalho / Angelo Soares -- A demanda por trabalho emocional diante do nojo : um estudo com trabalhadores de limpeza de shopping centers / Valquiria Padilha -- A jornada de trabalho flexível no supermercados : notas de pesquisa / Waltimar Batista Rodrigues Lula -- Transitoriedades. Do torno à pá de pedreiro : trajetórias e mobilidades / Fernanda Flávia Cockell -- Atuação sindical e diferenciação social na indústria do alumínio primário paraense / Attila Magno da Silva Barbosa -- Mulheres sindicalistas no ABC paulista : a luta por espaços / Juliana Sousa -- A transitoriedade no trabalho bancário e sua ressignificação / Fernando Ramalho Martins

O texto faz uma homenagem ao professor Mauro Koury, desaparecido em 2021, vitimado pela Covid-19. O autor relembra momentos da parceria intelectual e docente que desenvolveu com o homenageado desde o início da década de 1980 na Universidade Federal da Paraíba. Recupera memórias dessa convivência marcada por coleguismo, conflitos, afastamentos e aproximações, que refletem a complexidade do convívio social, das idiossincrasias de cada um, do caráter aleatório e imprevisto de todo percurso individual. Apresenta fragmentos de trajetórias cruzadas e descontinuas, mas que possibilitam a compreensão do momento de expansão e consolidação do sistema federal de universidades, da pós-graduação, a partir da descrição de encontros e desencontros pessoais.

Resumo Neste artigo, buscamos analisar as novas configurações do trabalho decorrentes dos processos de reestruturação industrial e da inserção de novos territórios à lógica da produção capitalista global. Discutimos processos de reespacialização de setores industriais favorecidos pela guerra fiscal entre governos estaduais e municipais e sua ressignificação em locais sem tradição industrial ou de trabalho organizado. As redes de terceirização incorporam territórios antes vinculados a atividades agrícolas tradicionais, ou estagnadas economicamente, que fornecem mão de obra barata e escolarizada. Nosso argumento é o de que essas situações permitem entender a incorporação econômica de regiões periféricas dentro do país num quadro de expansão de mercados globais, impactando nas relações sociais vigentes. O local se integra ao global de formas distintas, mas complementares e heterogêneas, hibridizando formas de trabalho e ocupação dentro da lógica da acumulação. Temos como recorte empírico três setores produtivos distribuídos em sub-regiões do Nordeste, que são representativos das distintas formas de trabalho utilizado e o lugar se constitui numa variável relevante: o setor de confecções, o da produção de software e o da indústria automotiva, todos profundamente integrados em cadeias globais de valor. Esses setores caracterizam a integração da região aos fluxos globais, nos quais múltiplas globalizações se interlaçam.

The aim of this article is to discuss the growth of workers' cooperatives within the context of recent industrial restructuring in Brazil. Based on the analysis of empirical cases, it seeks to assess whether, and to what degree, this kind of self-management results in workers' gains in autonomy and the democratization of workplace relations, or if this process of economic restructuring has merely left these workers in a more precarious employment situation.

O artigo trata da experiência de um grupo de trabalhadores fabris na Paraíba, estado sem tradição industrial, marcado por altos índices de migração e miserabilidade de sua população, subemprego e desemprego. Através da análise de trajetórias profissionais e pessoais desses trabalhadores procura-se recuperar o significado atribuído ao trabalho na fábrica, a importância do grupo familiar e das redes sociais informais na busca e manutenção do emprego, sinônimo de mobilidade social possível, e acesso a direitos sociais. PALAVRAS-CHAVE: trabalho fabril; trajetórias profissionais; redes informais; família; mobilidade social; direitos sociais. Family, work and social mobility: A study on the worker's sociability This paper deals with the experience of a group of workers in the textile industry in Paraíba, a brazilian state with no industrial tradition, whose population shows high rates of migration, impoverishment, under-employment and unemployment. The objective of this paper is to try recover the meaning of working in a textile industry, the importance of the family group and the social ties in the search and maintenance of a job, as a synonym of possible social mobility and access to social rights, by means of an analysis of the workers' professional and personal paths. KEY WORDS: textile industry; professional paths; informal network; family; social mobility; social rights. Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br

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Este artigo se propõe a discutir o crescimento das cooperativas de trabalho no Brasil a partir dos anos 90 e o debate que se seguiu sobre seu caráter "flexível" e funcional ao capitalismo, ou seu caráter de alternativa dos trabalhadores ao desemprego e à autonomia. Os dados utilizados baseiam-se em pesquisas realizadas entre 1997 e 2004, que englobam estudos de casos e surveys sobre trabalhadores em cooperativas em várias regiões do país. Palavras-chave: trabalho flexível, autogestão, economia solidária, trabalhadores associados. LABOR, SELF MANAGEMENT AND MARKET Jacob Carlos Lima This article intends to discuss the growth of the work cooperatives in Brazil starting from the nineties and the debate that it was followed about your "flexible " and functional character to the capitalism, or your alternative character of the workers to the unemployment and the autonomy. They were used data of researches accomplished between 1997 and 2004 including case studies and surveys on workers in cooperatives in several areas of the country. Key words: flexible work, solidarity economy, associated work. TRAVAIL, AUTOGESTION ET MARCHÉ Jacob Carlos Lima Notre propos est de discuter, dans cet article, la croissance des coopératives de travail au Brésil à partir des années 1990 ainsi que le débat qui s'en est suivi sur leur caractère "flexible" et fonctionnel par rapport au capitalisme, ou leur caractère d'alternative possible pour les travailleurs face au chômage et pour une autonomie. Les données utilisées sont celles de recherches réalisées entre 1997 et 2004 qui englobent des études de cas et des surveys sur les travailleurs en coopératives de diverses régions du pays. Mots-clés: travail flexible, autogestion, économie solidaire, travailleurs associés. Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br

Dentre as inumeras transformacoes na economia brasileira nesta decada, uma delas tem sido especialmente festejada: a migracao de industrias para o Nordeste. Este artigo identifica entre as razoes desta relocalizacao industrial a busca por custos de mao-de-obra incomparavelmente baixos e por relacoes de trabalho disfarcadamente informalizadas, por meio do cooperativismo, sem deixar de notar a importancia de um revigoramento economico desta regiao. (Novos Estud CEBRAB/DÜI)

Abstract This article discusses how the "new culture of work," which is characterized by the entrepreneurial discourse of flexible work and the demand that workers be mobile, adaptable, creative, innovative, autonomous and self-entrepreneurs, among other subjective attributes, holds "young people" as its ideal model. "Generation Y," as presented by business literature and media, embodies all the "qualities" that companies deem to be desirable in a worker whose flexibility is pushed to the limit. Based on research with Information Technology (IT) professionals in the state of São Paulo, we try to demonstrate that the construction of a positive ideal of creative and innovative youth obscures the intense nature of the work with these technologies, defined by "projectification" and instability.

A redução de postos de trabalho, inserção de novas tecnologias e novas estratégias de gestão do trabalho e dos trabalhadores têm sido temáticas constantes quando tratamos da reestruturação produtiva vivenciada no Brasil nas últimas décadas. Implantados inicialmente em contextos industriais específicos, como no setor automobilístico, por exemplo, tais procedimentos vêm se disseminando de formas distintas a outros setores produtivos, dentre os quais o canavieiro paulista. O presente artigo propõe-se a analisar as transformações recentes vivenciadas por uma tradicional usina do setor sediada na região de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Na pesquisa de campo foram observados procedimentos nas áreas agrícola, industrial e administrativa além de realizadas vinte entrevistas com trabalhadores e gestores dessas diferentes áreas, o que permitiu avaliar e discutir tais transformações em seus momentos iniciais de implantação, caracterizadas pela Diminuição massiva dos contingentes de trabalhadores, pela profissionalização da administração e, principalmente, pela introdução de novos mecanismos de gestão, baseados no envolvimento dos trabalhadores, no estabelecimento de metas produtivas, na formação de equipes de trabalho e na flexibilização da relação salarial. Observou-se, portanto, a criação de um modelo articulado e específico de gestão que busca engajar os trabalhadores a partir de mudanças em sua subjetividade com a interiorização do discurso empresarial.

Este artigo objetiva analisar os dilemas da gestão coletiva em fábricas recuperadas pelos trabalhadores no Brasil, organizadas, em sua maioria, na década de 1990. Essas fábricas foram estruturadas ora como cooperativas, ora como formas híbridas de gestão, num contexto de reestruturação econômica e aumento do desemprego, para manter postos de trabalho. Em geral, elas tiveram apoio de sindicatos, e progressivamente se inseriram no movimento de Economia Solidária que se institucionalizou na década seguinte. Após 20 anos do surgimento dos primeiros empreendimentos desse tipo, buscamos não só verificar como eles se mantiveram no mercado e se adaptaram às mudanças político-econômicas do período, mas também analisar sua relação com as propostas originais de autogestão. A pesquisa teve um recorte longitudinal, buscando estudar fábricas analisadas anteriormente (no final dos anos 1990) e que permaneciam em atividade. Também foram realizadas entrevistas com lideranças e trabalhadores dos empreendimentos, bem como com lideranças de instituições de apoio como a ANTEAG e a UNISOL Brasil. Embora os ideais do cooperativismo e da chamada autogestão permaneçam presentes nos discursos de muitos trabalhadores, sua efetivação encontra muitos obstáculos na prática, uma vez que, para serem viáveis, as fábricas recuperadas enfrentam muitas pressões do mercado, que acabam por modificar alguns de seus objetivos iniciais.