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Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o processo de transição para uma agricultura de base ecológica a partir da feira agroecológica de Mossoró. A busca por maior autonomia da agricultura familiar camponesa implica tanto um novo projeto para a produção, com a diversificação da alimentação familiar, quanto para a comercialização. A venda direta de produtos ao consumidor cria cumplicidade entre produção e consumo, no caminho de se alcançar maior sustentabilidade produtiva, social e econômica para esse segmento. Esta via alternativa é distinta do modelo de modernização da agricultura, em que a atividade agrícola era considerada viável apenas quando inserida na lógica da especialização, tanto no uso de insumos agroindustriais como em uma produção voltada para o mercado convencional, marginalizando a soberania alimentar e os mercados de prox- imidade. Para essa investigação, foram utilizadas algumas categorias essenciais para a análise do processo de transição agroecológica que apontem para a emancipação, tais como autonomia, identidade, resistência e elaboração de projeto de superação, para refletir sobre os diversos avanços e limites dessa iniciativa.

O presente trabalho avalia aspectos de ordem social, econômica e ambiental advindos das práticas dos agricultores familiares da APROFAM (Associação dos Produtores e Produtoras Agroecológicas de Mossoró), que comercializam semanalmente sua produção na Feira Agroecológica, de modo a analisar como proporcionam o desenvolvimento sustentável da agricultura de base familiar. Para tanto, foram realizadas entrevistas dialogadas com seis desses produtores. Os dados foram obtidos através de visita in loco, registro fotográfico e levantamento de dados qualitativos e quantitativos no período de janeiro a março de 2012. A criação da Feira possibilitou o acesso ao mercado local, organização por parte dos produtores para adquirir a certificação participativa, produção mais diversificada, aumento na renda familiar, colaborando com a permanência das famílias no campo. Observou-se, ainda, que existem desafios a serem superados, pois 75% dos entrevistados não conseguem contabilizar seus custos de produção, nem mensurar as quantidades comercializadas. Ainda, existe insuficiência de assessoria técnica, disponibilidade hídrica, entre outros, que impossibilitam o fortalecimento dessa forma de organização social.