Resumo: Investigou-se a eficiência e formações de clusters nos contratos futuros do complexo soja (soja, farelo de soja e óleo de soja) negociados nas bolsas de commodities: argentina, brasileira, chinesa, indiana, japonesa, norte-americana e sul-africana. Com base na métrica obtida por distância euclidiana de razões de variância, evidenciaram-se dependências similares dos mercados, as quais podem ser interpretadas como efeito espraiamento da eficiência informacional. Os agentes devem, portanto, manter percepções em relação aos diversos mercados devido às sinalizações interdependentes dos preços.
Resumo: Os fertilizantes minerais estão entre insumos de maior contribuição para o aumento da produtividade agrícola no Brasil. No entanto, a dependência de recursos naturais escassos e do uso extensivo de energia para a sua síntese faz com que a produção agrícola seja sensível aos choques de oferta e demanda deste insumo. Diante disso, analisou-se a dinâmica entre a quantidade consumida de fertilizantes minerais, o seu preço e o poder de compra ponderado pela produtividade de produtores do Centro-Oeste – região que apresenta o maior consumo de fertilizantes minerais e que concentra a maior produção agrícola do país. Empregou-se o modelo autorregressivo vetorial estrutural (SVAR) para os fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos, isoladamente. Os resultados indicam que a quantidade consumida é a variável mais endógena, e o preço, a mais exógena. As estimativas das funções impulso-resposta mostraram que o grupo dos fertilizantes potássicos apresentou maior sensibilidade da quantidade consumida e o poder de compra face a um choque nos preços. Por outro lado, os fertilizantes nitrogenados apresentaram a maior sensibilidade na quantidade consumida em resposta a um choque no poder de compra ponderado pela produtividade.
A estrutura a termo das opções com vencimento futuro negociadas no CME Group é calculada com o objetivo de efetuar previsões da volatilidade e do nível de preços realizados, no curto e longo prazo, para os preços à vista da soja negociada em Rondonópolis (MT). Extraindo-se a volatilidade implícita pela fórmula de Black (1976) para precificação de opções de commodities, decompõe-se a variância da volatilidade implícita em intervalos conhecidos e não conhecidos, empregando-a em previsões de curto e longo prazo da volatilidade realizada. Adicionalmente, usa-se a volatilidade implícita como parâmetro numa equação de intervalos de confiança empíricos para a estimação do nível de preços, no curto e longo prazo, com base no limite superior do intervalo. Os testes de eficiência preditiva indicam que as previsões da volatilidade realizada usando a volatilidade implícita têm maior grau de eficiência no curto prazo, enquanto a estimativa simples (naïve) é mais eficiente no longo prazo. As previsões dos níveis de preço usando o limite superior do intervalo de confiança empírico são mais eficientes no longo prazo, sendo a estimativa simples (naïve) a mais eficiente no curto prazo.
Objetivou-se avaliar o hedge simultâneo para a produção de soja do Centro-Oeste com contratos futuros de preço e taxa de câmbio da BOVESPA/BM&F, usando um modelo de hedge simultâneo do risco de preços e taxa de câmbio. Calcularam-se as eficiências de diferentes estratégias de hedge. As principais conclusões foram que o hedge simultâneo de risco de preços e taxa de câmbio reduz de forma acentuada o risco da receita total comparativamente ao hedge de preços isolado. A mitigação do risco de taxa de câmbio em conjunto com o de preços é fundamental para uma gestão estratégica dos exportadores de commodities.Abstract: The aim was to evaluate the simultaneous hedge for the Western Central soybean production with BM&F/BOVESPA price and exchange rate futures using a model of simultaneous price and exchange rate risk hedge. We calculated the efficiencies of different hedging strategies. The main conclusions were that simultaneously hedging price and exchange rate risk sharply reduces the total revenue risk compared to price hedge alone. The joint risk mitigation of the exchange rate together with price risk is key to strategic management for commodity exporters.
A indústria de frango apresenta risco de preço cuja análise e mitigação constituem etapas relevantes na administração eficiente das unidades produtivas, permitindo a alocação mais eficiente de recursos. Entretanto inexiste um contrato futuro específico para a avicultura no mercado futuro brasileiro, existindo, porém, um contrato futuro para milho na BM&FBOVESPA. Dada a expressiva participação cruzada entre as indústrias de frango e de milho no Brasil, cabe indagar se o risco de preço do frango pode ser neutralizado com os contratos futuros domésticos de milho, analisando-se a eficiência do uso dos contratos futuros de milho negociados na BM&F-BOVESPA em operações de cross-hedge do risco do preço de frangos. A questão de pesquisa tratada é: os contratos futuros de milho negociados na BM&FBOVESPA fornecem mitigação eficiente de risco de preço para a indústria de frango nacional. As questões de análise são: i. quais as propriedades estatísticas das séries temporais dos preços a vista de frango e futuros de milho; ii. como obter diferentes níveis de crosshedge entre os preços de frango e de milho usando modelos alternativos de hedge: variânciamínima, sem hedge (no hedge), hedge total (naïve) e dinâmico; e, iii. qual a efetividade do cross-hedge obtido através do uso dos diversos modelos. Observa-se a baixa efetividade dessas operações sob diversos contextos de hedge e portfólio: ótimo, total, dinâmico. Os resultados podem ser atribuídos a estruturas microeconômicas distintas, como a baixa correlação entre as séries dos preços devido às especificidades de ambas as indústrias, a sazonalidade, os procedimentos de comercialização e a formação dos preços em ambos os mercados. Entretanto a robustez do mercado sinaliza potencial econômico-financeiro para a introdução de um contrato futuro de carne de frango no Brasil.
Objetivou-se examinar a hipótese de eficiência semiforte de mercado (HEM) nos contratos futuros de soja do Brasil, negociados na BM&F-Bovespa, aplicando análise espectral e regras de filtragem. Os resultados comparados da teoria indicam conclusões diversas quanto à HEM em mercados futuros de commodities agropecuárias. Entretanto, a eficiência semiforte de mercado parece não se confirmar em preços futuros de soja. Após o teste, rejeitou-se o modelo de passeio aleatório para os preços futuros de ajuste da soja brasileiros. A avaliação ilustrou o potencial de arbitragem dos contratos, classificado posteriormente aplicando-se regras de filtragem com base em diversos intervalos de variação percentual dos preços de ajuste do grão na bolsa. Compuseram-se diversas estratégias operacionais de compra e venda no período amostral entre 2004 e 2010 com base nos intervalos. Classificando os resultados financeiros e percentuais de acertos lucrativos dos negócios, identificaram-se determinados subperíodos com maior incidência de ganhos positivos. A diferença entre os resultados pode ser atribuída ao recente regime de preços de commodities, prevalecente no mercado após 2008. Também, o potencial de lucratividade possibilita atrair novas operações de hedge e especulativas para o mercado futuro de soja brasileiro, aumentando o volume de negócios no mercado futuro de soja da BM&F-Bovespa. A lucratividade potencial examinada pode atrair novas operações de hedge e especulação, incrementando o volume negociado. O aumento dos negócios consolidará o contrato como uma alternativa eficiente de mitigação de risco e geradora de operações lucrativas no mercado futuro agropecuário brasileiro. Adicionalmente, o processo de descoberta de preços avaliando a constelação de preços futuros de um contrato desenhado com as características próprias da soja brasileira aumentará a eficácia administrativa do processo de comercialização do grão. A análise é inédita na literatura brasileira.
O objetivo deste artigo foi identificar sinais de excesso de confiança nos preços entre produtores de milho do Sul e do Centro-Oeste do Brasil. Entre outubro e novembro de 2008, 90 produtores foram selecionados para responderem questões relacionadas a seus conhecimentos do mercado futuro e a suas expectativas de preços. Uma grande parte dos entrevistados respondeu que não negociava contratos futuros por não possuir informação suficiente para isso. Os resultados revelaram que os produtores foram descalibrados quando estimaram os preços esperados na forma direta e indireta. Além disso, para a maior parte dos respondentes, a variância subjetiva obtida por meio dos questionários foi estatisticamente inferior à variância do mercado. Isto mostra que os produtores possuem uma percepção de risco inferior ao risco de mercado. Por fim, o artigo conclui que o efeito de excesso de confiança pode, parcialmente, explicar o baixo uso do mercado futuro de milho por parte dos produtores brasileiros, para garantir a proteção de preço do produto.