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O objetivo do artigo é analisar como os deslocamentos são constituintes das estratégias de reprodução social, bem como das formas de resistência de famílias de agricultores face às práticas de dominação no espaço agrário do Sertão Paraibano. Para desenvolvermos nossa argumentação revisitaremos material coletado em pesquisas que foram realizadas em períodos diferentes, primeiramente na década de 1980 e, posteriormente, retomadas em 2007 até o presente momento. Estruturamos o artigo em três partes. A primeira analisa as relações sociais no Sertão paraibano, as transformações da relação de morada nas décadas de 1970-80, bem como as experiências de deslocamentos de moradores entre fazendas. A segunda parte busca interpretar as narrativas de mulheres e homens sobre a experiência de migrar para a região do ABC Paulista nas décadas de 1970 e 1980. A terceira parte analisará como os deslocamentos têm sido historicamente uma estratégia de reprodução da família e um processo constituinte do território do Sertão Paraibano. Utilizaremos entrevistas e observação etnográfica realizada nos períodos de 1980-84 e de 2007-2020, na microrregião do Sertão de Cajazeiras, Paraíba, na região canavieira de São Paulo e na região do ABC Paulista.

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Analyzes the massive internal migration of Brazil, primarily from the Northeast to the Southeast, & seeks to understand this migration as not just the result of the dynamic of the industrial sector but also from the survival & reproduction strategies of rural society. A summary of the migratory activity from the concentration of industrial activities in the 1930s through the 1970s is presented. Various theoretical approaches to migration are then discussed. To explore the migration paths of individuals & families over a life span, migratory trends are examined first from the 1930s to the 1960s, then from the mid-1960s to the mid-1970s, & finally into the 1980s. The last section takes a closer look at migration trajectories & life cycles by examining specific cases. Findings show there is no single migration pattern in relation to a life cycle but rather a diversified combination of existing alternatives. 3 Tables, 25 References. M. James

O artigo tem como objetivo apresentar e analisar o conceito de "formas cotidianas de resistência" desenvolvido pelo cientista político americano James Scott em dois de seus livros: Weapons of the Weak: the everday forms of peasant resistance (Armas dos fracos: as formas de resistência cotidiana) e Domination and the Arts of Resistance: Hidden Transcripts (Dominação e as artes da resistência: transcrições ocultas). Abordamos, também, as influências teóricas de escolas e/ou autores sobre o pensamento de Scott, tais como o interacionismo simbólico de Erving Goffman. Na parte final do artigo, mencionamos algumas críticas formuladas ao conceito. Alguns consideram que as formas cotidianas de resistência são apenas uma válvula de escape e expressam falsa consciência, diferenciando-se da resistência real, estas sim constituidoras de práticas efetivamente transformadoras do sistema dominante. Apesar das críticas, o artigo pretende mostrar que a noção de formas cotidianas de resistência trouxe uma contribuição original para pensar a política de grupos subordinados para além de perspectivas clássicas das ciências sociais, que privilegiam as ações de movimentos sociais e partidos no processo de transformação social.

Este artigo trata do recrutais mento de trabalhadores migrantes sazonais na plantation açucareira no Estado de Pernambuco, na região chamados "corumbas". Toma-se como estudo de caso os camponeses provenientes da Região Agreste do Estado da Paraíba, que migram desde princípios do século XX, para trabalhar em diversas atividades em engenhos e usinas de cana de açúcar na Zona da Mata, norte do Estado de Pernambuco. Foram selecionados na região de origem, o município de Fagundes, no Estado da Paraíba e a Usina São José, no município de Igarassu, Estado de Pernambuco. A literatura geralm ente explica que a contratação de camponeses-trabalhadores migrantes (Menezes, 1997) resulta de diferenças entre a quantidade de trabalho requerida em cada uma das fases do ciclo agrícola. Durante a colheita, demanda-se um número grande de trabalhadores, em comparação com as fases de cultivo e limpeza da cana-de-açúcar, e esse trabalho não poderia ser suprido, apenas, com a mão-de-obra local. Embora essa explicação seja verdadeira, o e recrutamento intensivo dos camponesestrabalhadores migrantes, após um período no qual se verifica o seu declínio, também se explica pela racionalização e controle político da força de trabalho, para alcançar altos níveis de produtividade e lucratividade (Novaes, 1993, p. 115). [...]

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The mechanization of sugarcane harvest by mills in the State of São Paulo intensified in the decade of 2010, resulting in a significant drop in employment. A harvester replaces an average of 80 workers. This article aims to analyze the impacts of that process on the employment strategies of migrant workers from rural areas of the Northeast region of Brazil. Considering that the municipalities where they live have few economic opportunities, they need to migrate to other localities to work in agriculture, industry, construction or commerce, such as the sale of clothing and other items. The article is based on research that was carried out in the region of the Sertãode Cajazeiras, Paraíbastate, with families in which the men migrated to temporary jobs in the period from 2011 to 2015. The methodology used was ethnographic observation and oral history, using semi-structured interviews, direct observation and quantitative data collected by other sources.Keywords: migrant workers; temporary migration; sugarcane mills; agricultural mechanization.Article received on November 25, 2019. Accepted on March 17, 2020.How to citeCOVER, Maciel; MENEZES, Marilda Aparecida. Estratégias de renda de trabalhadores migrantes e a mecanização da colheita de cana-de-açúcar: um olhar desde o Sertão Paraibano. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p. 458-475, jun. 2020.

A noção de redes sociais tem sido aplicada em estudosde migrações nacionais e internacionais. Nesse artigo,mobilizamos essa noção para compreender as interações sociais cotidianas em espaços de moradia de trabalhadores migrantes. Fundamentamo-nos na concepção de "redes sociais" da Escola Antropológica de Manchester, construída para compreender a organização de grupos e espaços sociais diversos, especialmente de trabalhadores migrantes em minas de ouro e plantações de cana-de-açúcar. Utilizaremos dois casos empíricos, o primeiro de camponeses paraibanos que trabalharam em usinas de cana de açúcar do Estado de Pernambuco nas décadas de 1980-90; o segundo, de camponeses paraibanos que trabalharam em usinas da região de Campinas, Estado de São Paulo, nas décadas de 2000-2010. A análise é fundamentada na etnografia, em especial a análise situacional, e história oral.

Neste artigo, analisaremos algumas formas de resistência de trabalhadores migrantes de áreas rurais da região Nordeste que labutam na colheita da cana-de-açúcar nas usinas sucroalcooleiras do Estado de São Paulo. Privilegiamos a análise de alguns movimentos "espontâneos" protagonizados pelos cortadores de cana-de-açúcar nomeados como "paradeiros" ou "greves", os quais ocorreram no período de 2007 a 2012. Nossa proposta é compreender esses movimentos, como se inicia a ação, se existem lideranças, que estratégias são utilizadas para mobilizar os trabalhadores, que outros atores sociais estão envolvidos: sindicatos, procuradores do trabalho e pastoral dos migrantes. O artigo é fundamentado em diários de campo, entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e sindicalistas, artigos de jornais e documentação audiovisual. Essas ações de resistência acontecem em um período de transformações das relações de trabalho, marcadas pelo contexto de crescente mecanização do corte de cana e de uma maior fiscalização das condições de trabalho promovidas pelo Ministério do Emprego e Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho.

Neste artigo buscaremos demonstrar que as relações de exploração e dominação de trabalhadores migrantes em usinas de cana de açúcar não estão apenas nos espaços de trabalho, mas também, nos seus espaços de moradia. Descreveremos as relações de sociabilidade nos alojamentos, observando as hierarquias estabelecidas no processo de trabalho e os códigos de conduta que informam uma sabedoria própria para realizar a vida cotidiana. O artigo fundamenta-se em etnografia e entrevistas realizadas em um alojamento de trabalhadores migrantes, provenientes da região do Sertão de Cajazeiras, Estado da Paraíba, e que trabalham em usina na região de Piracicaba São Paulo. Está estruturado em quatro partes. A primeira parte traz reflexões sobre trabalho de campo. Na segunda parte abordaremos a contratação de trabalhadores migrantes na Usina Peperoni. Na terceira, apresentaremos os alojamentos como espaços de controle da força de trabalho e por fim faremos algumas ponderações sobre os códigos de conduta para viver no espaço transitório dos "barracos". Palavras chave: Alojamentos. Trabalhadores Migrantes. Dominação e Resistência. Sociabilidades. Housing of worker migrants in sugarcane Mills: social spaces of domination and resistence. Abstract In this article we will try to demonstrate that the relations of domination and exploitation of migrant workers in sugar cane plants are not just in the workspaces, but also in their places of residence. Describe the relations of sociability in the housing, observing the established hierarchies in the work process and codes of conduct that inform his own wisdom to make everyday life. The article is based on ethnography and interviews in a housing of migrant workers from the region of the Cajazeiras, Paraíba State, and working in Piracicaba Sao Paulo State. It is structured in four parts. The first part reflects on the field work. In the second part will discuss the hiring of migrant workers in Peperoni Mills. In the third, we present the housing spaces and control of the labor force and finally we make some considerations about the codes of conduct to live in the transitional space of the "shacks". Keywords: Housing. Migrant Workers. Domination and Resistance. Sociabilities.

Resumo Neste artigo, discutimos os achados parciais de uma pesquisa sobre trajetórias de homens e mulheres migrantes nordestinos que vieram para o estado de São Paulo (Brasil) nas décadas de 1960 e 1970. Os resultados revelam diferença significativa na forma de contar suas histórias de vida, que os homens narram a partir de suas experiências no mundo do trabalho e as mulheres a partir dos eventos relativos à esfera privada. Essa diferença nos relatos é aqui interpretada como vinculada não só às identidades de gênero, mas também aos significados atribuídos à família na empreitada conjunta da migração.

Apresentamos neste artigo uma reflexão sobre a dinâmica que constituiu a atividade mineradora no município de Junco do Seridó no Estado da Paraíba, sobre as forças sociais que impulsionaram o estabelecimento e a organização desta atividade e sobre a maneira como estas forças estão imbricadas. Parte-se da idéia de que o garimpo é uma forma específica de trabalho na mineração, preponderante na extração de caulim no município estudado. Esta forma de trabalho se desenvolve em condições de precariedade e informalidade e paralelamente à ação das pequenas empresas beneficiadoras de caulim instaladas em Junco do Seridó.

H. Mendras taught us that the category "peasant farmer" was meant to disappear when peasant societies would disappear. This tendency was well illustrated in the European case. However, new evolutions in the social movements up-dating peasant identities in Europe, Latin America and Africa have brought this question to the present debate. This paper intends to present a comparative view of the new family agriculture in the Northeast of Brazil and France, considering the resistance, roots and peasant values. The Brazilian Northeast family farming is characterised by the permanence of an irregular and partial relation to diversified markets, as well as by the modernisation or the resurgence of peasant redistribution relations and reciprocity practices. In France, the claim of peasant trade unions is more linked to the valorisation of product quality and of local identity, although the peasant society does not exist any more. Thus, the integration to segmented markets more and more qualified or still subsidised, questions the future extension and generalisation of the European peasant model. On the contrary, in the Brazilian Northeast, peasant communities which are capable of developing regional and local collective projects still maintain themselves. Parallel to the economic integration of competitive family farming into the markets, there is an alternative for territorial and social integration through pluriactivity and multifunctionality of the agriculture. The challenge is to mobilise and negotiate public policies devoted to modern peasant agriculture, considering the collective attributes and human values, instead of social assistance to poor rural families.