O presente artigo tem o objetivo de investigar as relações entre violência, sociabilidade, mobilidade e educação em Campos dos Goytacazes a partir da experiência de adolescentes cumprindo medida socioeducativa. O artigo apresenta reflexões sobre como a violência impacta na forma pela qual jovens em semiliberdade se movem por diferentes territórios urbanos e se relacionam com a cidade e a escola. O texto está estruturado em cinco partes. Na primeira, apresentamos o projeto de pesquisa e extensão, que deu origem ao presente trabalho, apontando como ele pode ser pensado como um exercício de antropologia pública. Na segunda seção, discutimos brevemente como a "violência urbana" em Campos dos Goytacazes pode ser associada a conflitos territoriais relacionados ao comércio varejista de drogas na cidade. Na terceira seção, apresentamos o Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente, onde realizados a pesquisa. Em seguida, apresentamos as percepções que os próprios jovens têm do CRIAAD e do sistema socioeducativo. Na quinta seção, a partir da descrição de cenas etnográficas, debatemos as dificuldades de jovens em semiliberdade de se moverem pela cidade devido às dinâmicas associadas à violência urbana e, consequentemente, de acessarem a escola.Palavras-chave: Violência. Antropologia Pública. Sociabilidade. Mobilidade. Educação. "Socio-educational measure is prison": perceptions of young people in semi-freedom about violence, sociability, mobility and education in Campos dos Goytacazes Abstract: The paper aims to investigate the relationship between violence, sociability, mobility and education in Campos dos Goytacazes based on the experience of adolescents that are under socio-educational measures. The article presents reflections on how violence impacts the way young people in semi-freedom move through different urban territories and relate to the city and the school. The article is structured in four parts. In the first, we present the research and extension project that gave rise to this work, pointing out how it can be thought of as an exercise in public anthropology. In the second section, we briefly discuss how "urban violence" in Campos dos Goytacazes can be associated with territorial conflicts related to the drug trade in the city. In the third section, we present the Integrated Resource Center for Assistance to Adolescents, where we carried out the research. Then, we present the perceptions that young people themselves have of CRIAAD and the socio-educational system. In the fifth section, based on the description of ethnographic scenes, we discuss the difficulties of young people who are fulfilling the socio-educational measure of semi-freedom to move around the city due to the dynamics associated with urban violence and, consequently, to access school.Keywords: Violence. Public Anthropology. Sociability. Mobility. Education.
O objetivo deste artigo é mapear usos, críticas e controvérsias em torno do que abordamos como dispositivos de (contra)vigilância em favelas no Rio de Janeiro. O termo (contra)vigilância sintetiza dinâmicas sociotécnicas articuladas a partir de dois eixos: dispositivos de vigilância institucionais, como câmeras e drones policiais, que implicam em reações sob formas comunitárias de contra-vigilância, como o intercâmbio de informações por meio de celulares. Sustentamos o seguinte argumento: para compreender as lógicas de ordenamento e controle percebidas em favelas no Rio de Janeiro após a "pacificação", é necessário acompanhar as estratégias de investigação compulsórias que atravessam o cotidiano dos moradores. Concentramos as nossas atenções à iniciativa Alerta Santa Marta, um sistema integrado de três grupos de WhatsApp que reúne cerca de 700 moradores através de mensagens instantâneas em celulares. Descrições etnográficas sobre situações indeterminadas na favela Santa Marta ilustram como dispositivos de (contra)vigilância tornam possível perceber criticamente e produzir denúncias a partir de processos de investigação coletiva em torno de (i)mobilidades de corpos, objetos e informações nas "margens" urbanas.
Abstract Inspired by the reflections on the concept of critique proposed by Luc Boltanski and Eve Chiapello, this article presents some elements for a sociology of critique of the Pacification Police Unit (Unidade de Polícia Pacificadora - UPPs) program. It offers a brief history of the project, typified in phases. We conduct a mapping and a temporal analysis of critiques made about the UPPs throughout the entire period of their existence from 2008 until today. This analysis is based on ethnographic research and interviews conducted by the authors between 2009 and 2015 in the first two "pacified" favelas in the city of Rio de Janeiro (Santa Marta and the Cidade de Deus), and on the analysis of news reports from the major and alternative media and of social networks.
Desde os anos 1990, a Rocinha veio se consolidando como paradigma de favela turística, valendo-se de um modelo centrado na atuação das empresas privadas externas à favela e na indiferença permissiva do poder público. Este artigo analisa as inflexões práticas e discursivas que permitiram a quebra desse paradigma e a emergência de um modelo baseado tanto em parcerias entre poder público e mercado, quanto na mobilização de moradores como empreendedores. A partir de trabalho de campo e entrevistas, examinam-se as percepções e justificações desses vários atores – poder público, operadoras de turismo, moradores – envolvidos na conversão do Santa Marta em atração turística. A hipótese defendida é que o Santa Marta, primeira favela a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora, oferece um ponto privilegiado de observação do novo campo de forças que define o lugar a ser ocupado pelas favelas em um projeto que toma o Rio de Janeiro como cidade-cartão-postal.Palavras-Chave: SLUM TOURISM IN THE PACIFICATION MARKET: reflections based on the experience of Favela Santa MartaABSTRACTSince the 1990's, Rocinha has been securing itself as a paradigm of touristic favela based on a model centered in the action of private companies outside the favela and in the indifference of the government. This article analyzes the practical and the discursive inflections which permitted the end of this paradigm and the emergence of a model based on public and private partnerships as well as in the organization of the local residents as entrepreneurs. Through field research and interviews, the perceptions and the justifications of these agents involved in the transformation of Santa Marta in a tourist attraction (the public sphere, tourism agencies, local residents) were examined. The hypothesis advocated here is that the Santa Marta, the first favela with a Pacifying Police Unit, offers a privileged point to observe the new power networks that defines the place to be occupied by the favelas in a project which makes Rio de Janeiro a postcard city.Key words: Tourism; Favela; Rio de Janeiro; Poverty; PacificationLE TOURISME DE LA PAUVRETÉ AU SEIN DU MARCHÉ DE PACIFICATION: réflexions issues de l'expérience dans la Favela Santa MartaABSTRACTDepuis les années 1990, la "Rocinha" s'est consolidée comme un paradigme de favela touristique. Elle est présentée comme un modèle centré sur l'action d'entreprises privées n'appartenant pas à la favela et sur l'indifférence permissive des pouvoirs publics. Cet article analyse les inflexions pratiques et discursives qui ont permis de rompre avec ce paradigme et de permettre l'apparition d'un modèle basé autant sur un partenariat des pouvoirs publics et des marchés que sur la mobilisation des habitants en tant qu'entrepreneurs. Grâce à un travail sur le terrain et à des interviews, il a été possible d'analyser les perceptions et les justifications de ces différents acteurs – pouvoirs publics, voyagistes, habitants – impliqués dans la conversion de Santa Marta en attraction touristique. L'hypothèse avancée est que Santa Marta est la première favela qui a été dotée d'une Police Pacificatrice, qu'elle offre un point de vue privilégié pour l'observation de nouvelles forces qui définissent l'endroit destiné à l'occupation de favelas comme un projet qui donne à Rio sa caractéristique de carte postale.Key words: Tourisme; Favela; Rio de Janeiro; Pauvreté; Pacification
Desde os anos 1990, a Rocinha veio se consolidando como paradigma de favela turística, valendo-se de um modelo centrado na atuação das empresas privadas externas à favela e na indiferença permissiva do poder público. Este artigo analisa as inflexões práticas e discursivas que permitiram a quebra desse paradigma e a emergência de um modelo baseado tanto em parcerias entre poder público e mercado, quanto na mobilização de moradores como empreendedores. A partir de trabalho de campo e entrevistas, examinam-se as percepções e justificações desses vários atores – poder público, operadoras de turismo, moradores – envolvidos na conversão do Santa Marta em atração turística. A hipótese defendida é que o Santa Marta, primeira favela a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora, oferece um ponto privilegiado de observação do novo campo de forças que define o lugar a ser ocupado pelas favelas em um projeto que toma o Rio de Janeiro como cidade-cartão-postal.
This article examines the experience of foreign tourists who have visited the Santa Marta favela in Rio de Janeiro after the recent "occupation" and "peacemaking" policy implemented by the Rio de Janeiro state government. The contribution is based on empirical research conducted with 400 international tourists who visited the community between March and May 2011. The study investigated the tourists' profiles as well as their expectations and impressions of the visit. The article concludes with some reflections on how tourists evaluate not only the tourist facilities in the locality, but also their own experience as participants of the reality tour.
Resumo Este artigo resgata e examina a biografia da favela turística a partir de sua cultura material. Suvenires produzidos e comercializados em duas favelas cariocas (Rocinha e Santa Marta) constituem o ponto de observação privilegiado para o entendimento das espirais de sentido que se erguem na confluência entre imaginação e materialidade, arte e topografia. Partimos das cores que nascem nas telas pintadas para consumo dos turistas e se reproduzem nas paredes das favelas, tomando-as fruto de políticas baseadas em novos regimes de visibilidade e controle da pobreza. As considerações finais refletem sobre a morte dos (anti)suvenires ou o que parece ser um esgotamento das possibilidades de representação da favela como marca capaz de agregar valor a diferentes produtos no mercado global.
The intricacies of living in contemporary Latin American cities include cases of both empowerment and restriction. In Lima, residents built their own homes and formed community organizations, while in Rio de Janeiro inhabitants of the favelas needed to be "pacified" in anticipation of international sporting events. Aspirations to "get ahead in life" abound in the region, but so do multiple limitations to realizing the dream of upward mobility. This volume captures the paradoxical histories and experiences of urban life in Latin America, offering new empirical and theoretical insights to scholars
Zugriffsoptionen:
Die folgenden Links führen aus den jeweiligen lokalen Bibliotheken zum Volltext:
How and why are arts and cultural practices meaningful to communities? Highlighting examples from Lebanon, Latin America, China, Ireland, India, Sri Lanka and beyond, this exciting book explores the relationship between the arts, culture and community development. Academics and practitioners from six continents discuss how diverse communities understand, re-imagine or seek to change personal, cultural, social, economic or political conditions while using the arts as their means and spaces of engagement. Investigating the theory and practice of 'cultural democracy', this book explores a range of aesthetic forms including song, music, muralism, theatre, dance, and circus arts
Verfügbarkeit an Ihrem Standort wird überprüft
Dieses Buch ist auch in Ihrer Bibliothek verfügbar: