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In ideological terms, punk is a contestation movement in its artistic, economic and social dimensions. It resembled the 1960s' garage rock since it favoured the public mobilization of youths through the proliferation of bands that campaigned for the do it yourself strategy. In Western societies, punk represented a departure from and a repositioning towards the existing social structure for which it also provided a soundtrack. It is in this context that we ap-proach the Portuguese punk, considering its importance in a society under recent processes of democratization and modernization. In fact, sociological theory must contribute to understand the set of social practices related to music in light of both the structural principles and properties of social life and the new emergent subjectivities, particularly among youths. Thus, in this article, we propose to look at punk from its protagonists' discourses. We will consider the words used by punk bands in two ways: their names and the words they use in their lyrics. In both cases, we deal with self-representation issues: who are we, how do we position and distinguish ourselves from others, what do we have to say about ourselves, our time and our world? What are our values and what do we have to say regarding dominant social values? What are the causes that move us, how do we want to act, how do we want the world to be like? As with any other self-representations, content is not independent from form. Therefore, mat-ters such as identification and actors (who speaks? who is he/she speaking to?) or language (how does the speaker express him/herself? Which codes does he/she resort to? Using which forms?) are also examined. Our analysis suggests that the punk discourse about identity tends to be structured around three main axes: (a) cosmopolitanism; (b) the radical assumption of an irreducible difference towards social order; and (c) an ambivalent attitude towards politics and political action.

In late modernity, artistic-social movements play a central role in renewing societal processes. This article aims to understand how the do-it-yourself (DIY) ethos builds bridges of understanding for these challenges, taking the artistic practice of fanzine production of Fernanda Meireles as a starting point. Based on a qualitative methodology, we analyse Meirele's use of a DIY ethos and practice, contextualised within ecofeminism, the Anthropocene and the Phallocene, as well as in the city of Fortaleza, Brazil, where Meireles resides. Through a DIY lens, we highlight the perspectives that favour the resignification of urban spaces in new territorialities, giving rise to new ways of relating to the city and criticising or contesting it using an ecofeminist perspective of (re)existence in the face of the Anthropocene and the Phallocene.

Music has always been a concern for sociology, and its classic authors attest to this. We begin this article – which is essayistic in nature – with a substantive analysis of this tradition that continues to (re)shape the sociology of music today. Amongst these classics, we would like to highlight its greatest name: Max Weber. In fact, this author developed a long-term analysis of Western music, especially with the advance of rationalisation, somewhat similar to his analyses of the spirit of capitalism and the genesis of bureaucracy in Europe in his study The Rational and Social Foundations of Music – written between 1912–1913 and published posthumously in 1921. We then establish a link between Weber's thesis and the sociology of music today, centring our analysis on contemporary music production through the use of Artificial Intelligence (AI), but also the digital universe more broadly. Weber's theoretical contributions are explored in relation to this, focusing on the interconnection between his concept of rationalisation and the emerging digitalisation of music – in particular, streaming services.

O presente artigo pretende demonstrar que as cidades musicais se têm metamorfoseado. Estas são compostas por outros espaços, corpos e movimentos que marcam, também elas, as suas sonoridades. Este ensaio tem como foco a perceção do voguing enquanto um elemento essencial na criação e de demarcação das cidades musicais contemporâneas no Sul Global. Partindo da sua contextualização histórica, o artigo centra-se num exemplo explicativo desta dimensão. Do corpo enquanto palco de resistência, mas também enquanto materialização de múltiplos processos de exclusão social. Mais ainda, entendemos o voguing e o corpo como formas e modos de existência, dentro de uma sociedade patriarcal e profundamente opressora das comunidades LGBTQI+. Para o efeito, uma vez que nos debruçamos sobre o corpo enquanto matriz performativa dos/nos espaços urbanos, relacionais e sociais, tomamos de assalto um conjunto de fotografias que demonstram estas afirmações, todas elas referente à House of Império, uma house – na sua conceção histórica – com ligações ao Rio de Janeiro, a São Paulo e a Minas Gerais. Pretendemos, assim, dar a conhecer um outro lado das cidades musicais contemporâneas.

O principal objetivo deste artigo é analisar as representações sociais do rock alternativo em Portugal entre 1980 e 2010; parte de uma pesquisa mais ampla sobre os 30 anos de modernização do país (a partir do período pós-revolucionário iniciado em 1974), em que o rock alternativo é considerado uma prática social significativa no âmbito da estrutura social, artística e musical do país. Consideramos que o rock alternativo é um assunto que pode ser iluminado pela teoria dos campos de Bourdieu, que utilizamos para explorar a complexidade das relações que substanciam as estruturas subjacentes (de bandas, músicos, agentes, locais de eventos, editoras e promotores) do rock alternativo português. Os dados utilizados são resultado de uma pesquisa de longo prazo realizada entre 2005 e 2010, em que foram realizadas entrevistas em profundidade com mais de 200 indivíduos envolvidos nas esferas de produção e publicação do segmento de rock alternativo português.

Dieser Beitrag untersucht, wie sich verschiedene Formen jugendlicher Initiativen in Underground-Musikszenen zu langjähriger Expertise in diesen Szenen und schließlich zu do-it-yourself (DIY) Berufen weiterentwickeln. Zunächst wird der Blick auf portugiesische Punkmusiker, ihren Umgang und ihre Erfahrung mit der DIY-Kultur sowie Formen der Netzwerkbildung und Kompetenzentwicklung geworfen. Anschließend zeigt eine jüngst in verschiedenen Underground-Musikszenen Brasiliens durchgeführte Studie die Relevanz von DIY in der Annäherung zweier unterschiedlicher musikalischer, gesellschaftlicher und geographischer Welten. Zusätzlich zu einem nicht anglozentrischen Blick auf kreative Städte bringt dieser Fokus auf Underground-Musikszenen frischen Wind in die Analyse von Kreativität abseits von Mainstream Kulturindustrien.

Neste artigo começamos por abordar as diferentes teorias relativas aos públicos e audiências e, em seguida, os festivais musicais como um exemplo da mudança operada no papel dos públicos na última década - a passagem de uma atitude passiva para uma experiência carnal total e participativa. Baseados numa trajetória já longa de análise relativa à fruição, consumo e vivência (GUERRA, 2010, 2015, 2016), neste artigo procedemos a uma análise etnográfica sustentada por excertos de diários de campo. Procuraremos analisar a multiplicidade de experiências que ocorrem em um dos mais emblemáticos festivais de verão português, o Festival Paredes de Coura, demonstrando como os festivais são um dos principais indicadores para compreender a elaboração e a projeção das identidades juvenis (e não só) na contemporaneidade.

This article examines a set of Portuguese songs that 'sing' the economic, financial and social crises in Portugal in the post-2008 period. This work underlies a heuristic principle: to demonstrate how artistic manifestations—in this case, the songs in several (sub-)genres of popular music—are themselves a means and an object of social intervention, demarcating a specific, defined space in the acknowledgment and revelation of social problems, and in the contestation, deconstruction and accusation of problems that deal with social reality. We demonstrate that these songs seek to denounce and sometimes incite social change with the aim of creating transformation. They are therefore signs of a specific space—identity producers—and not just an echo of social reality. Insurgent songs instigate readings, narratives and deconstructions of reality, and they are simultaneously significant elements of a collective identity.

Resumo O artigo decorre do desenvolvimento teórico-empírico de um projeto de doutoramento sobre as culturas urbanas e as cenas musicais contemporâneas portuguesas, que demarcou e interpretou as dinâmicas subjacentes à gênese, à constituição e ao funcionamento do subcampo do rock alternativo em Portugal ao longo dos últimos 40 anos. Enfoca especificamente os perfis de fruição cultural, artística e musical das cidades do Porto e de Lisboa na última década, observando tendências, dissemelhanças, perseveranças e especificidades. O estudo constata a emergência de uma juventude portuguesa enquadrada na esfera do cosmopolitismo estético e lúdico, detentora de um capital cultural cosmopolita - isto é, de um saber-fazer e saber-estar na experimentação e fruição da diferença cultural, por consumo e práticas musicais, artísticas e culturais urbanas marcadas pelo hibridismo e o ecletismo.

No ano em que se comemora os 50 anos do Maio de 68, este artigo propõe-se analisar as influências e impactos do Maio de 68 em Portugal em duas fases histórias diferentes: antes e depois da Revolução de 25 de Abril de 1974. Consideramos que devido às suas condições sociopolíticas específicas, Portugal é um caso paradigmático para se compreender como o Maio de 68 influenciou todo um conjunto de áreas, desde a política, os padrões culturais, até às experiências estético-culturais. Após uma breve contextualização social de Portugal nos anos 1960/1970, procura dar-se conta das principais áreas influenciadas pelo Maio de 68 no período pré-25 de Abril. Num terceiro momento, explora-se estas influências no período pós-25 de Abril, mais especificamente nos anos 1980, relevando-se um conjunto de exemplos concretos de coletivos e movimentos considerados paradigmáticos : o Movimento Homeostético, o coletivo Felizes da Fé e, por fim, o "movimento" punk.

This article focuses on presenting, analysing and understanding the 'do-it-yourself' (DIY) representations of over 200 participants in Portuguese punk music scenes between 1977 and 2014. Through an ethnographic study of punk and the DIY ethos in Portugal, the article depicts its local interpretation and significance, and highlights the singularities of this socio-historical context. Our approach has three focal points: (1) the importance of DIY punk manifestations in the development of youth (sub)cultures, including forms of production and consumption of music, fashion, aesthetics, leisure, the night and cosmopolitanism; (2) the singularity of DIY punk manifestations in Portugal and related resistance practices in their correlation with social, political and economic development in a country outside the Anglo-Saxon context; and (3) the embedding of a DIY ethos and the associated claim to authenticity in the professions and careers in which punks engage today.