<p>Resenha-se o livro de Mauri Iasi, lançado neste ano de 2017 pela Instituto Caio Prado Jr., intitulado <em>Política, Estado e ideologia</em> na trama conjuntural. Esta obra é composta por duas partes: a primeira de cunho teórico e a segunda com temas da conjuntura dos governos do partido dos trabalhadores (PT). Em virtude da abordagem teórica dos temas tratados esta obra pode ser incluída no conjunto daquelas que de algum modo lembram e festejam os cem anos da Revolução Russa de outubro de 1917. Por conta disso, fazem-se apontamentos sobre as contribuições da referida Revolução a todo o século XX. As relações entre a obra de Iasi e a Revolução Russa impõe considerar a categoria longa duração, um século, contribuição da Escola dos Annales (1929), na sua primeira geração, afinal, lá como cá um espectro ronda o mundo – o comunismo. A obra de Iasi trata dos temas com rigor, algumas vezes com heroína, sempre com erudição e compromisso político revolucionário. </p><p> </p>
Esta Tese intitulada "Formação de Professores em Nível Superior no Estado de Santa Catarina (1960-2002): Controle e Desoneração do Estado" inscreve-se no conjunto de pesquisas cujo número vem crescendo desde a década de 1980 e que se têm debruçado, tanto no Brasil como em outros países, sobre um amplo espectro no qual se incluem temas como: o locus da formação, a relação teoria/prática, identidade do professor, natureza do trabalho docente, proletarização do professor, certificação, o nível, grau e modalidade da formação do professor, formação a distância, formação em serviço, profissionalização docente, qualificação profissional. Porém, distingue-se por analisar a formação de professores no movimento histórico, priorizando a relação – formação de professores e Estado, no Estado de Santa Catarina, entre as décadas de 1960 e 2002. Aponta que, neste período, a relação entre a formação de professores e o Estado caracterizou-se pela desoneração e pelo controle deste último. Efetivamente, ao se analisar como foi feita a formação desta categoria de trabalhadores para o trabalho educativo sobressai que o Estado se desonerou da manutenção das instituições de ensino superior e manteve o controle por meio de órgãos como a Secretaria de Educação e Cultura do Estado, do Conselho Estadual de Educação e de um aparato ideológico composto por um conjunto de ideologias que não se opõem entre si, antes se compõem e se completam entre as quais a ideologia do comunitarismo e o ideário pós-moderno. Tendo como pressuposto que a formação de professores não se explica por si e que é só a ciência da História, numa perspectiva de totalidade e contradição, que nos dá a possibilidade de compreendermos os nexos necessários para o seu entendimento. O estudo identifica, para a relação formação de professores e Estado, entre a década de 1960 e 2002, três períodos: o primeiro, para as décadas de 1960 e 1970, caracterizado pelo avanço da desoneração e do controle por parte do Estado, processo que inclui a concepção de educação como mediadora do desenvolvimento econômico do Estado de Santa Catarina, quando então foi promovida a ampliação da produção industrial e foi levada aos campos uma reforma agrária conservadora, o que não aconteceu sem resistências, haja vista a criação dos movimentos sociais como o Movimento dos Sem Terra, o das Mulheres Agricultoras e o dos Atingidos por Barragens cuja gênese se deu na década de 1980, e que ainda hoje se mantêm com suas reivindicações no cenário social. Também nesta década de 1980 e no contexto de democratização do país e de fortes movimentos sociais de diversas categorias de trabalhadores, os educadores catarinenses, constituindo-se no movimento conhecido de democratização da educação, resistiram ao controle e à desoneração do Estado para a formação de professores, o que nos possibilita fazer um segundo período na relação elegida. Já o terceiro, cujo início situamos nos primeiros anos da década de 1990, caracteriza-se por uma retomada do controle e da desoneração e inscreve-se numa verdadeira reforma para a formação de professores no Brasil, pensada e operacionalizada segundo os ditames do conjunto de políticas neoliberais e da inserção do país na divisão social do trabalho nessa fase do capitalismo monopolista. A formação dos professores tal qual tem ocorrido tem contribuído para a fragilização e alienação desta categoria de trabalhadores a quem cabe o trabalho educativo. Ora, esta formação sob a relação analisada não convém à classe que vive do trabalho e, por conta disto, interessa inverter a relação: que o Estado se onere e que haja um controle social, sobretudo da classe trabalhadora.
Analisa-se neste texto a conjuntura histórica de 1848 a 1851 caracterizada pelas lutas de classes. Para o estudo recorre-se à periodização elaborada por Marx em O 18 de Brumário de Luis Bonapate. Objetiva-se contibuir com outros textos, deste número, da Revista Germinal Marxismo e Educação em Debate, e para o entendimento que o marxismo é uma teoria social e de conhecimento que se elabora a partir da prática dos homens organizados em formações sociais para produzirem o seu existir. O apagamento ou a permanência do marxismo é uma arma para a manutenção ou superação do atual modo de produção da existência caraterizado pela contradição: divisão social do trabalho e apropriação privada dos frutos do trabalho, ao extremo, pela burguesia.
O texto desvela os desafios que a teoria marxista e sua concepção de história, em interlocução com a primeira geração da Escola Des Annales, coloca à História da Educação. Este estudo ainda ressalta o caráter ético- político da concepção de história marxista, no debate com setores pós-modernos. Também, apresenta o compromisso revolucionário e emancipatório dessa perspectiva para a pesquisa e o ensino da História da Educação
<div class="column"><p><span style="font-size: 11.000000pt; font-family: 'Garamond';">Este artigo apresenta a pedagogia histórico crítica e a psicologia histórico cultural, ensaia, ainda, fazer inferências para a formação de professores no Brasil. Para tanto, buscou-se a fundamentação teórica em autores como Dermeval Saviani, Newton Duarte, Vigotski, Leontiev, Lígia Márcia Martins, Marilda Facci, Marta Sforni. A pedagogia histórico crítica postula que o ato educativo caracteriza-se pela intencionalidade, tendo como objetivo a apropriação do conhecimento sistematizado pelo aluno. Nesse mesmo sentido, a psicologia histórico cultural compreende que a aprendizagem dos conhecimentos escolares são fundamentais para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. O bom ensino nessa perspectiva é aquele que promove o desenvolvimento do indivíduo que é sempre um desenvolvimento social e histórico. Estas abordagens fazem o enfrentamento e a superação das pedagogias do aprender a aprender que encontram seus fundamentos no construtivismo e que apregoam que mais importante do que ensinar ou aprender é levar o aluno a encontrar caminhos para o aprender a aprender. O trabalho do professor, segundo essas pedagogias, seria o de um facilitador da aprendizagem, o que tem levado a um esvaziamento de sua função acarretando sérias consequências para o processo do ensino aprendizagem dos alunos em sala de aula. Finalmente, este artigo aponta segundo a perspectiva marxista a defesa da formação omnilateral dos professores como elemento imprescindível para o avanço rumo à consolidação de um ensino público de qualidade.</span><span style="font-family: Garamond; font-size: 11pt;"> </span></p></div>
Este artigo revisita a produção do conhecimento da Educação do Campo e perscruta os eixos temáticos prevalentes em cada período de maneira a mapear o que na prática demandava reflexão dos pesquisadores dessa área de conhecimento. O procedimento utilizado neste estudo foi o da pesquisa bibliográfica. As produções revelam, de algum modo, a realidade contraditória do campo e a presença dos movimentos sociais de trabalhadores do campo. Todavia, trata-se de lutas sem classes e o conhecimento é reduzido às expressões fenomênicas, o que contribui para explicação liofilizada das relações de produção da vida e do conhecimento da Educação do Campo.
Resumo O objetivo deste artigo é interpelar e problematizar as razões avocadas para a reintegração das escolas estaduais do Paraná pelos aparelhos jurídico e policial, levando em conta seu caráter ideológico. Os processos foram analisados à luz da teoria social marxista e do método da economia política. Os procedimentos utilizados neste estudo são a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, decorrente das ações de mandados de reintegração de posse por parte do Estado do Paraná. O estudo possibilitou apontar que as ações de reintegração de posse das escolas ocupadas no Paraná, firmadas por meio dos especialistas do Estado burguês, apresentavam uma inversão do real quando utilizavam o mesmo argumento dos estudantes secundaristas para solicitar a reintegração de posse forçada sob a justificativa do cumprimento do direito à educação, ou seja, converteram as manifestações dos estudantes e a luta pelo direito à educação em (des)obediência e assunto de força policial.
<p>Neste ano de 2018, celebrando os 200 anos do nascimento daquele que Friedrich Engels identificou como o maior pensador do seu tempo, <em>Germinal: Marxismo e Educação em Debate</em> – neste Volume 10, Número 3 – homenageia àquele sem o qual o sentido deste projeto editorial não existiria: Karl Marx (5/5/1818 - 14/3/1883). Reafirmamos que Marx permanece <em>referência viva</em> que nos inspira na crítica às relações de produção nas quais vivemos e nos esforços de organização da classe trabalhadora (a classe com cadeias radicais em luta pela superação destas opressivas relações de produção em que os meios de vida já são todos mercadoria.</p>
Em tempos de destruição da natureza e do trabalho que afetam a sobrevivência da humanidade, de projetos históricos conservadores, de forte disputa e controle da educação, de judicialização da política, de massivas manifestações populares e de crescente interesse dos jovens pela política, Germinal: Marxismo e Educação em Debate, deliberadamente, dedica este número à História da Educação para que, mais uma vez, cumpra seu objetivo precípuo – promover o debate, o esclarecimento e assim contribuir para o avanço de movimentos sociais implicados na transformação das atuais relações de produção da vida. Neste sentido, acolheu e traz a lume textos e seus autores dedicados a explanar e analisar teses conhecidas, algumas amplamente difundidas, temas, abordagens, ora examinadas e descortinadas à luz da crítica marxista. O exame dos autores cujas produções constituem este número da Germinal estava a fazer falta dado o cenário de eterno presentismo, de pletora de informação que, na maioria dos casos, elide tempo, autorias, contextos, razões, passado e futuro, naturaliza, eterniza um único modo de existir, o do capital.