O artigo aborda as relações de idade e gênero entre crianças pequenas da Educação Infantil em diálogo com a cultura lúdica, preceituando que sejam oportunizadas e incentivadas manifestações lúdicas que, ensejadas por um protagonismo infantil, permitam a (re)elaboração de uma cultura lúdica enriquecida pelas diferenças etárias e de gênero entre as crianças, valendo-se da cultura lúdica para conhecer, construir, questionar, modificar e transgredir elementos culturais sociais existentes. Embasando-se nos Estudos Sociais da Infância discute-se idade e gênero enquanto categorias identitárias utilizadas para classificar, normatizar e colonizar crianças e adultas/os na Educação Infantil. O texto analisa, fundamentado em pesquisa qualitativa caracterizada por um estudo de caso etnográfico, de que forma as relações entre crianças de diferentes idades e gêneros ultrapassam os modelos etapistas, idadistas e sexistas, revelando que tais diferenças diversificam suas relações e brincadeiras, e que a experiência multietária caracteriza-se como prazerosa e propositiva na dinamização das suas produções culturais.Palavras-Chave: educação infantil, idade e gênero, cultura lúdica, culturas infantis, decolonização.
By investigating the possibilities of recovering the playful dimension of teachers working with young children, a main requirement for teaching, this article presents and discusses teachers' testimonies on their concepts and actions regarding plays/game, as well as observations of school days in one of the kindergarten/preschools of Universidade de São Paulo (USP). To do so, we did a qualitative case study with a group of 5-year-old children and their teacher, in addition to collective moments with the other children and teachers. We also conducted semi structured interviews with the observed teacher and the only male teacher in the staff. Moreover, we collected and analyzed documents, such as the Political Pedagogical Project of the institution. Data analysis was done articulating the Brazilian and foreign production of recent researchers on the field of childhood education pedagogy and social sciences (sociology and anthropology), and on the interface with arts, mainly corporal ones, in early childhood. When trying to understand how an education of sensitive listening and children protagonist, focused on the creation of playful spaces, times, and relations took place, we could see ways of fighting and territories of dispute for the right of kindergarten/preschool and, therefore, a reference and a resistance in favor of Brazilian Early Childhood Education. ; Ao investigar as possibilidades de retomada da dimensão brincalhona de professoras e professores que atuam com crianças pequenas, principal pré-requisito da profissão docente, este artigo apresenta e discute relatos de professoras/es acerca de suas concepções e ações em relação à brincadeira, assim como as observações de suas jornadas educativas em uma das creches/pré-escolas da Universidade de São Paulo (USP). Para tanto, foi realizado um estudo de caso, de caráter qualitativo, com um grupo de meninas e meninos pequenas/os (5 anos de idade) e de sua professora, bem como momentos coletivos com as demais crianças, professoras e professor da instituição. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a professora da turma observada e com o único professor da equipe, além da coleta e análise de documentos, como o Projeto Político Pedagógico da referida creche/pré-escola. As análises dos dados foram realizadas em articulação com a produção brasileira e estrangeira de pesquisas recentes no campo da pedagogia da educação infantil e das ciências sociais (como a sociologia e a antropologia), bem como na interface com as artes na primeira infância, sobretudo com as corpóreas. Ao buscar compreender como ocorria uma educação de escuta sensível e de protagonismo infantil, centrada na criação de espaços, tempos e relações brincantes, verificaram-se caminhos de lutas e territórios de disputas pelo direito à creche e, por isso, de referência e de resistência pela Educação Infantil brasileira.
Este artigo apresenta análises de pesquisa sobre o Teatro para bebês e suas relações com a educação na infância, concebendo-o como possibilidade de reconstrução do convívio na diferença, de educação estética e de formação humana, desde o nascimento. No desafio metodológico de construção de pesquisas com bebês e artistas, junto aos estudos sociais da infância, na interface com as artes, realizou-se pesquisa de campo com observação de mais de sessenta espetáculos infantis nacionais e estrangeiros, seus elementos cênicos, a atuação dos/as artistas e suas relações com a plateia, em especial, com as crianças e adultos/as, com registro em diário de campo e com seleção de quatro espetáculos brasileiros para bebês, para aprofundamento das observações e entrevistas semiestruturadas com os/as artistas. As análises abrem uma problemática central à constituição e legitimação dos/as bebês como espectadores/as emancipados/as, revelando novas concepções de infância que desafiam a educação e as artes na primeiríssima infância.