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Redécouvrir le projet de recherche collectif, interdisciplinaire et fondamentalement ouvert que Nietzsche a présenté dans la Généalogie de la morale en 1887 constitue la visée de ce livre. Paradoxalement, la généalogie nietzschéenne a en effet été méconnue par les premiers interprètes qui en ont fait un philosophème à part entière: en particulier par Gilles Deleuze, dont le Nietzsche et la philosophie, paru en 1962, a présenté à tort la généalogie de la morale comme un concept propre à Nietzsche. Ce n'est pas ce que nous dit Nietzsche et il est essentiel de l'entendre. Car non seulement Nietzsche se reconnaît des prédécesseurs en matière de généalogie, comme l'Allemand Paul Rée et l'Anglais Herbert Spencer, mais son intervention personnelle dans ce champ consiste bien souvent à corriger des hypothèses antérieures trop «azurées». Il faut donc lire les auteurs que Nietzsche a lus pour mesurer ses dettes, discerner ses originalités et saisir les enjeux de son travail. On mesure ainsi le sérieux philologique de son entreprise, qui en accroît à vrai dire la portée philosophique, y compris dans une perspective contemporaine.

Resumo: Este artigo visa a esclarecer o uso concreto que Nietzsche faz do vocabulário biológico em sua obra. Em vez de conceber a biologia como a soma indiferenciada das ciências da vida, o que é um anacronismo em vista da situação fragmentada dessas ciências na segunda metade do século XIX, levo em consideração o trabalho de Lynn Nyhart sobre a ascensão da perspectiva biológica na Alemanha, para evidenciar o sentido mais estreito no qual Nietzsche fala de "biologia". A primeira parte do artigo identifica os interlocutores que Nietzsche caracteriza explicitamente como "biólogos". Depois, tento determinar o tipo de biologia evolucionária que está em jogo, para poder, num último momento, explorar as ramificações epistemológicas e estéticas do discurso biológico nietzschiano.

A tese central deste artigo é que Nietzsche desenvolveu um projeto eugenista, justificando-o por considerações maquiavelianas. Por eugenismo, entendemos uma ideologia política preconizando o controle da reprodução a serviço de uma imagem normativa do homem. A primeira parte (I) procura estabelecer a pertinência histórica dessa definição. Em seguida, argumentamos em favor da existência de um eugenismo nietzschiano (II). Essa interpretação é fundamentada por textos publicados e póstumos, assim como pelas fontes eugenistas de Nietzsche, das quais priorizamos os autores contemporâneos, sem omitir Platão. Por fim, a terceira parte (III) coloca em evidência um certo maquiavelismo do eugenismo nietzschiano, segundo o qual seria preciso reprimir a compaixão em nome de um fim superior.