Desde a economia política dos trabalhadores, objetiva-se conhecer como o capital recorre ao sistema sexo/gênero para se perpetuar como modo de organizar a vida, expresso na organização patriarcal da família. Analisam-se as relações entre divisão sociossexual do trabalho, linguagem e família no engendrar das desigualdades de gênero. Para a construção de um mundo humanamente emancipado, defende-se a abolição da divisão sexual do trabalho, pilar da divisão social do trabalho. Que a organização do trabalho seja determinada pela necessidade social do sujeito coletivo e pelo desejo/capacidade dos sujeitos singulares.
Este artigo discute a forma como o patriarcado, de existência muito anterior ao capitalismo, assumiu, ao longo da história, várias facetas, brindando a essa opressão uma aparência de indestrutibilidade. Desde o século XIX, diversas mulheres têm travado a luta pela participação política como uma das formas de combate ao patriarcado. A forma que a divisão sexual do trabalho assume a partir das sociedades industriais, implica em mudanças na estrutura familiar, em direção à família nuclear. Com o revolucionar do capitalismo, que se apoia na hierarquia patriarcal, as funções de reprodução social (vida privada) se tornam função exclusiva das mulheres, ao passo que as tarefas da produção da vida (vida pública) se tornam função dos homens. Ocorre a separação entre o local do trabalho e a casa. Pela simbiose capital-patriarcado, expulsam-se as mulheres do mercado de trabalho no século XIX. No entanto, no final do mesmo século, a força de trabalho das mulheres passa a ser exigida pelo capital. Fomenta-se, então, uma nova realidade social para as mulheres, em que se propicia o surgimento de reivindicações e lutas pela sua emancipação política. Objetiva-se analisar a relação entre capitalismo e patriarcado, bem como das estratégias e lutas pensadas para combatê-los, de forma que não se hipostasie a opressão, mas que também não a menospreze, usando o método materialista histórico-dialético para pensar as complexas relações entre exploração de classe e dominação/opressão de sexo/gênero.
Este ensaio teórico discute o assédio moral no trabalho enquanto constituição e desenvolvimento de uma forma específica de violência no trabalho, enfatizando as consequências sobre a organização da classe trabalhadora, em especial os sindicatos, a partir do materialismo histórico-dialético (MHD). O assédio moral emerge na década de 1970 como uma forma de gestão necessária do capital para enfrentar sua contestação, tão mais eficiente quão pouco explícita. É a lógica do capital que organiza determinadas estratégias de atuação que visam impedir a classe trabalhadora de se unir, de se reconhecer como indivíduos com direitos comuns, como classe. O momento de descenso das representações de classe tem impactado negativamente as formas de resistência dos/as trabalhadores/as, mas saídas existem e devem ser construídas necessariamente no coletivo. A luta sindical esbarra em limites corporativos inerentes à sua própria natureza, mas pode ser travada até o limite, forçando conquistas e organizando a classe nesse processo. Faz-se necessário que a luta contra o assédio moral seja travada como luta de classe e não como luta cidadã, posto que esta é uma das estratégias do capital para sua perpetuação.
In toxicogenomics, functional annotation is an important step to gain additional insights into genes with aberrant expression that drive pathophysiological mechanisms. Nevertheless, there exists a gap on annotation of these genes which often hampers the interpretation of results and limits their applicability in translational medicine. In this study, we evaluated the coverage of functional annotations of differentially expressed genes (DEGs) induced by 10 selected compounds from the TG-GATEs database identified as high- or no-risk in causing drug-induced liver injury (most-DILI or no-DILI, respectively) using in vitro human data. Functional roles of DEGs not present in the most common biological annotation databases - termed "dark genes" - were unveiled via literature mining and via the identification of shared regulatory transcription factors or signaling pathways. Our results demonstrated that there were approximately 13% of dark genes induced by these compounds in vitro and we were able to obtain additional relevant information for up to 76% of those. Using interactome data from several sources, we have uncovered genes such as LRBA, and WDR26 as highly connected in the protein network that play roles in drug response. Genes such as MALAT1, H19, and MIR29C - whose links to hepatotoxicity have been confirmed - were identified as markers for the most-DILI group and appeared as top hits across all literature-based mining methods. Furthermore, we investigated the potential impact of dark genes on liver toxicity by identifying their rat orthologs in combination with their correlation to drug-induced liver pathologies observed in vivo following chemical exposure. We identified a set of important regulatory transcription factors of dark genes for all most-DILI compounds including E2F1 and JUND with supporting evidences in literature and we found Magee1 correlated with chemically induced bile duct hyperplasia and adverse responses at 29 days in rats in vivo. In conclusion, in this study we show the potential role of these poorly annotated genes in mechanisms underlying hepatotoxicity and offer a number of computational approaches that may help to minimize current gaps in gene annotation and highlight their values as potential biomarkers in toxicological studies. ; This project has received funding from the Innovative Medicines Initiative 2 Joint Undertaking under grant agreement no. 116030 (TransQST). This Joint Undertaking receives support from the European Union's Horizon 2020 research and innovation programme and EFPIA.
A resiliência descreve a capacidade que o indivíduo possui para se adaptar de forma positiva às adversidades e estressores da vida. Considerando a importância do construto para a saúde física e mental das pessoas, a sua adequada quantificação é uma preocupação básica entre os pesquisadores. No presente estudo (N = 591) reunimos evidências adicionais em torno da Brief Resilience Scale (BRS). Mais especificamente, replicando as evidências de validade baseada na estrutura interna, corroborando a sua unidimensionalidade, além de expandir as evidências de validade baseada nas correlações com variáveis externas (e.g., depressão, ansiedade, otimismo, afetos positivos e negativos). Ademais, observou-se que a BRS é precisa, tendo itens discriminativos, que exigiram níveis moderados e elevados de resiliência para o seu endosso, além de ser uma escala informativa, cobrindo ampla faixa do traço latente. No geral, os resultados indicam que esta é uma medida psicometricamente adequada, sendo breve e de fácil administração, recomendada em pesquisas onde se demanda uma rápida e eficaz avaliação da resiliência.
Background: Drug-induced liver injury (DILI) is an adverse reaction caused by the intake of drugs of common use that produces liver damage. The impact of DILI is estimated to affect around 20 in 100,000 inhabitants worldwide each year. Despite being one of the main causes of liver failure, the pathophysiology and mechanisms of DILI are poorly understood. In the present study, we developed an ensemble learning approach based on different features (CMap gene expression, chemical structures, drug targets) to predict drugs that might cause DILI and gain a better understanding of the mechanisms linked to the adverse reaction. Results: We searched for gene signatures in CMap gene expression data by using two approaches: phenotype-gene associations data from DisGeNET, and a non-parametric test comparing gene expression of DILI-Concern and No-DILI-Concern drugs (as per DILIrank definitions). The average accuracy of the classifiers in both approaches was 69%. We used chemical structures as features, obtaining an accuracy of 65%. The combination of both types of features produced an accuracy around 63%, but improved the independent hold-out test up to 67%. The use of drug-target associations as feature obtained the best accuracy (70%) in the independent hold-out test. Conclusions: When using CMap gene expression data, searching for a specific gene signature among the landmark genes improves the quality of the classifiers, but it is still limited by the intrinsic noise of the dataset. When using chemical structures as a feature, the structural diversity of the known DILI-causing drugs hampers the prediction, which is a similar problem as for the use of gene expression information. The combination of both features did not improve the quality of the classifiers but increased the robustness as shown on independent hold-out tests. The use of drug-target associations as feature improved the prediction, specially the specificity, and the results were comparable to previous research studies. ; The authors received funding from the Innovative Medicines Initiative 2 Joint Undertaking under grant agreements TransQST and eTRANSAFE (refs: 116030, 777365). This Joint Undertaking receives support from the European Union's Horizon 2020 research and innovation programme and EFPIA companies in kind contribution. The authors also received support from Spanish Ministry of Economy (MINECO, refs: BIO2017–85329-R (FEDER, EU), RYC-2015-17519) as well as EU H2020 Programme 2014–2020 under grant agreement No. 676559 (Elixir-Excelerate) and from Agència de Gestió D'ajuts Universitaris i de Recerca Generalitat de Catalunya (AGAUR, ref.: 2017SGR01020). L.I.F. received support from ISCIII-FEDER (ref: CPII16/00026). The Research Programme on Biomedical Informatics (GRIB) is a member of the Spanish National Bioinformatics Institute (INB), PRB2-ISCIII and is supported by grant PT13/0001/0023, of the PE I + D + i 2013–2016, funded by ISCIII and FEDER. The DCEXS is a "Unidad de Excelencia María de Maeztu", funded by the MINECO (ref: MDM-2014-0370). J.A.P. received support from the CAMDA Travel Fellowship.