A etnologia indígena brasileira pouco tem produzido acerca da homossexualidade, sendo este um tema ainda velado nos relatos etnográficos. Neste sentido, em meio a etnografias desenvolvidas a partir de 2006 até a presente data com o Povo Pataxó (sobretudo do Território Indígena Kaí-Pequi), pretendo manter um diálogo articulando a homossexualidade com a etnicidade, tendo o "regime de índio" como espaço de enunciação na produção de subjetividades e circulação de discursos, tensionando a fixidez e os emolduramentos das identidades no campo das sexualidades.
O presente trabalho é uma resenha descritiva da obra "Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil da colônia à atualidade", escrita pelo autor João Silvério Trevisan. Amplamente divulgado e referenciado desde a sua primeira edição, o título impulsionou uma expressiva interlocução entre ativistas do movimento LGBTQIA+ e pesquisadores do tema, fornecendo um amplo panorama histórico sobre a construção da homossexualidade no Brasil.
Este artigo tem como objetivo analisar a representação da homossexualidade na religião espírita brasileira a partir dos discursos de Divaldo Pereira Franco, médium e intelectual que atualmente personifica a religião no país. Para tanto, utilizamos a Análise do Discurso como estratégia teórica e metodológica para analisar os discursos proferidos e registrados em diferentes arquivos. Observamos que as representações construídas são baseadas na perspectiva cristã e reconfiguradas a partir da apropriação do discurso científico, especificamente Carl Gustav Jung, constituindo uma estratégia discursiva, que atua de forma que o autor / doutrina seja (des) responsabilizado pelo dizer punitivo que é construído em torno do sexo, sexualidade e homossexualidade, o que chamamos de pedagogização da (des) responsabilização. Isso leva à manutenção da lógica heterosexista de controle e repressão das sexualidades vistas como anormais e minoritárias.
RESUMO Este trabalho discute aspectos da construção da homossexualidade masculina como parte da gestão biopolítica da sexualidade associada ao aparecimento e aos desdobramentos da epidemia do HIV/ Aids. Nesse sentido, identificou-se como a homossexualidade possui uma trajetória que a vincula historicamente à híbrida noção de periculosidade social, fundamentalmente a partir da categorização médica da penetração anal entre homens como prática desviante e, portanto, socialmente perigosa. Em anos mais recentes, mecanismos inéditos de sujeição e subjetivação têm ampliado o repertório de mecanismos de controle social da homossexualidade a partir de estratégias de prevenção ao HIV/Aids, a exemplo da camisinha e, mais recentemente, da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV.
O artigo analisa os discursos que atravessam os projetos de lei no Congresso Nacional, que propõem regulamentar a união civil/casamento entre pessoas do mesmo sexo buscando identificar as características que esses discursos assumem. Pesquisa documental envolvendo sete projetos de lei que foram propostos entre 1995-2013. As defesas expressaram hegemonicamente a negação da totalidade da vida social, ocultando as determinações sociais, econômicas, políticas e culturais, advindas do modo de produção que afetam as famílias, atribuindo às famílias homoparentais a "culpa" por uma suposta "crise" ou "desestruturação" da família nuclear. Defendem uma concepção de família patriarcal, justificada pelo desejo de procriação, tido como natural e constituído apenas entre homens e mulheres.Palavras-chave: Família. Congresso Nacional Brasileiro. Família homoparental.FAMILY, HOMOSEXUALITY AND CONSERVATISM: discourses at the Brazilian National CongressAbstractThis article analyses discourses that pass through bills of law on the National Congress, proposing the regulation of civil/marriage union/partnership between people of the same sex, aiming to identify the characteristics assumed by thosediscourses. Documental research evolving seven bills of law that were issued between 1995-2013. Their pleads have expressed mostly the denial of totality of social life, hiding social, economic, political and cultural determinations originated from capitalism, that affect families, and attributing to homoparental families the "blame" for a supposed "crisis" or "restructuring" of families. They've defended a concept of patriarchal family, justified by the desire of procreation, conceived as natural and constituted only of men and womenKeywords: Family. Brazilian National Congress. Homoparental family.
Resumo Com o intuito de contribuir para a reflexão mais geral sobre as articulações entre ciência e política, discuto neste artigo como, na prática, se constrói o conhecimento dos antropólogos que, em contínuo trânsito pelas fluidas fronteiras entre o ativismo LGBT e a reflexão acadêmica, tornaram-se atores importantes no processo de cidadanização da homossexualidade no Brasil. Tomo como referência dois contextos históricos distintos. O primeiro deles situa-se entre finais dos anos 1970 e meados dos anos 1980, quando o movimento começa a se organizar no Brasil. O segundo, no qual se desenvolve minha própria experiência de pesquisa, corresponde, grosso modo, à primeira década dos anos 2000.
O objetivo deste artigo é mostrar, sob a ótica da sociologia, alguns aspectos sobre a homossexualidade e o preconceito latente existente em nossa sociedade. Recorre-se à literatura nacional e internacional para esta discussão que tem como conceito central a homofobia e como foco estratégico, a análise do trabalho de Émile Durkheim. A busca pelo respeito e pela dignidade homossexual passa pela criação de leis, movimentos e manifestos populares, pois a aceitação do "diferente" é o principal fator para a efetivação de garantias de direitos desse segmento social. A educação tem um papel especial visando à mudança cultural, cabendo-lhe, mais que ensinar matérias, incentivar a convivência, o diálogo, e os projetos que promovam a riqueza da diversidade humana.
O estudo tem por objetivo conhecer como se deu o processo de revelação da orientação sexual na família de jovens adultos homossexuais masculinos, a partir da perspectiva destes. Trata-se de um estudo descritivo, transversal e qualitativo. Foram entrevistados 17 homens homossexuais, com idade média de 25,5 anos, no mês de abril do ano de 2014, na cidade de Uberaba. Utilizou-se a Técnica da História de vida e uma entrevista semiestruturada para a coleta dos dados. As entrevistas foram analisadas com base na Análise de Conteúdo. Nota-se que a família é de suma importância diante da revelação da orientação sexual, tanto no início quanto nos desdobramentos da homossexualidade. Conclui-se que a revelação da orientação sexual pode variar de acordo com cada família e que o apoio mútuo colabora para que o processo seja menos doloroso para todo o núcleo familiar.
Este artigo pretende discutir algumas concepções sobre homossexualidade e gênero produzidas no discurso da Psicologia. Com esse objetivo, questionários com questões sobre estes temas foram aplicados a estudantes do curso de Psicologia de uma universidade brasileira. Os resultados apontam para uma rejeição de posições preconceituosas acerca das minorias sexuais e de gênero. Por outro lado, as respostas também apontam para uma assimilação do discurso politicamente correto, mas sem uma mudança significativa na concepção binária acerca da produção das identidades sexuais e de gênero ou sobre a formação de novos modelos de família no mundo contemporâneo. Por fim, destaca a necessidade de mais espaço no currículo de formação em Psicologia para a discussão de temas como a diversidade sexual e de gênero.
Este artigo trata de uma reflexão sobre o mal-estar contemporâneo que se constitui em torno da homossexualidade, seja na clínica, na saúde e na educação, com base em relatos de fragmentos de um caso clínico de um paciente do gênero masculino em serviço de Clínica-Escola, e que apresentava como queixa dificuldade para se relacionar socialmente devido aos conflitos em torno de sua homossexualidade, além de um quadro fóbico e ideações suicidas. No decorrer dos atendimentos foi identificada uma crise de identidade sexual, tipicamente característica da fase de adolescência, potencializada, principalmnte, devido às pressões sociais e familiares que, em hipótese, se constituíam base para os diversos sofrimentos apresentados. Utiliza-se de conceitos psicanalíticos oriundos da psicanálise e de aportes da Resolução 001/1999 do Conselho Federal de Psicologia para problematizar o estatuto da homossexualidade diantedo discurso científico e social. Conclui-se que antes de se fechar qualquer diagnóstico de um quadro de fobia e outras psicopatologias, faz-se necessário uma discussão sobre o peso culpabilizador atribuído à homossexualidade na atualidade.
A questão motivadora da presente pesquisa é de que forma o direito, em seus diversos campos (civil, criminal e previdenciário) vem tratando as questões de gênero no que se refere a homossexualidade. Para tanto, tornou-se necessário mapear e discutir a produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, utilizando como indicadores os descritores "direito e gênero", bem como "direito e homossexualidade" na base de dados do Portal de Periódicos e do Banco de Teses e Dissertações da Capes.
Este trabalho se propõe a refletir sobre o artigo de opinião Gays avançam sobre Belos Jovens que têm como foco a produção de sentidos acerca da homossexualidade. O presente artigo foi publicado no jornal piauiense Diário do Povo. A seleção e análise do artigo ocorreram no período de abril e julho de 2015. Trata-se de um estudo sobre mídia, tendo o artigo de opinião como objeto de análise, com discussão acerca das categorias de ideologia, discurso e poder. Nessa perspectiva, podemos partir da seguinte questão: quais sentidos são produzidos pela mídia acerca da homossexualidade? Para responder à questão, este trabalho fundamenta-se nas perspectivas teóricas de Pinto (2002), Dijk (2008), Thompson (1995). Como resultados, percebe-se que o artigo constrói uma imagem negativa dos homossexuais como indivíduos promíscuos que seguem um estilo de vida que o autor considera errado, associando-os a imagem de transgressores da lei, que não respeitam as outras pessoas, estimulando o preconceito e discriminação.