In: Ciências sociais UNISINOS: revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Band 50, Heft 1
O presente trabalho tem por objetivo investigar a identidade do envelhecimento a partir das memórias das travestis com idade acima de 40 (quarenta) anos da cidade de Maringá, no Paraná, baseando-se nos estudos da oralidade de suas memórias, bem como a compreensão que as travestis possuem da velhice em relação ao próprio corpo, a visibilidade de ser travesti e como a transformação de seus corpos lhes dá suporte, ou não, para uma resistência à velhice. Pretende, ainda, revelar como se dá a relação do corpo enquanto transformação constante, quais implicações os processos de modificação exerceram, quais as preocupações com o envelhecimento e se o cruzamento entre ser travesti e envelhecimento lhes transportam para uma possível invisibilidade social.
Este artículo tiene como objetivo tensionar la genealogía de la categoría travesti con unproceso más amplio de "historia marica", encarnado por sujetos no encorsetados a priorien una identidad fija. A partir de la reconstrucción de situaciones etnográficas y el análisisde biografías, se argumenta que las maneras de ser y de hacer colectivas de maricasy travestis fueron construyéndose, sedimentando y subvirtiendo a través de distintasgeneraciones. Estas experiencias en común implicaron decantar saberes, significados yprácticas sociales y conjugarlos con elementos nuevos, en el marco de la continuidad enlos ámbitos de socialización, principalmente las "puestas en escena" y los espacios deencierro.
Resumen: Este artículo interroga la construcción de vínculos etnográficos en dos obras pioneras sobre travestis, con una intención retrospectiva sobre la propia investigación en una agrupación de travestis de Buenos Aires. Se reflexiona sobre la implicancia de los/as antropólogos/ as "en campo" –en tanto seres sexuados/as y generizados/as– preguntándose además sobre las formas en que son interpeladas/os durante su labor junto a integrantes de organizaciones sociales, en la que el activismo resulta ser la extensión lógica del compromiso a la reciprocidad que subyace en la práctica antropológica. Palabras clave: etnografía; travestis; trabajo de campo; compromiso; Buenos Aires Etnografando travestis: perguntas, tensões e aprendizagens sobre o "estar aí" Resumo: Este artigo indaga a respeito da construção de vínculos etnográficos em duas obras pioneiras sobre travestis, com uma intenção retrospectiva sobre uma investigação própria em um agrupamento de travestis da cidade de Buenos Aires, Argentina. Reflete-se sobre a implicação dos/as antropólogos/as "em campo" – enquanto seres sexuados e generizados – indagando, além disso, sobre as formas em que são interpelados/as durante seu trabalho junto a integrantes de organizações sociais, em que o ativismo é o resultado de uma extensão lógica do compromisso com a reciprocidade que subjaz na prática antropológica. Palavras-‐chave: etnografia; travestis; trabalho de campo; compromisso; Buenos Aires Doing ethnography with travestis: queries, tensions, and learning from "being there" Abstract: This paper analyzes two pioneer ethnographic texts about travestis and uses them as a background to a research project with a travesti organization in Buenos Aires. It addresses anthropologists' commitments as fieldworkers –as sexual and gendered beings–, and how those are questioned while working with activist organizations. Findings indicate that a researcher's own political engagement is a logical extension of the reciprocity involved in anthropological practice. Keywords: ethnography; transvestites; fieldwork; engagement; Buenos Aires ; Este artículo interroga la construcción de vínculos etnográficos en dos obras pioneras sobre travestismo, con una intención retrospectiva sobre la propia investigación en una agrupación de travestis de Buenos Aires. Además de reflexionar sobre la implicancia de los/as antropólogos/as "en campo" -en tanto seres sexuados/as y generizados/as- me pregunto sobre las formas en que somos interpeladas/os durante nuestra labor con integrantes de organizaciones sociales, en la que el compromiso con sus proyectos políticos resulta ser una condición de posibilidad para la investigación.
Resumo. Este artigo analisa possibilidades de purificação que visam superar a exclusão simbólica de travestis e transexuais do espectro de inteligibilidade do humano, uma vez que essas pessoas vivem e manifestam socialmente uma ruptura com a matriz heterossexual. A partir de observações etnográficas de encontros do movimento LGBT e específicos de travestis e transexuais no Brasil, assim como de entrevistas com travestis e transexuais que são consideradas como lideranças dentro do movimento, são abordados dois caminhos de purificação da diferença que se mostraram mais relevantes: a medicalização e a politização das identidades "travesti" e "transexual". Além disso, destaca-se uma possibilidade menor de relativa purificação que passa pelo uso do glamour como meio de superação das adversidades. Palavras-chave: travesti; transexual; medicalização; militância; purificaçãoLa (im)posible pureza: medicalización y militancia en las experiencias de travestis y transexualesResumen. Este artículo discute estrategias de purificación orientadas a superar la exclusión simbólica de travestis y transexuales del espectro de inteligibilidad de lo humano, al romper con la matriz heterosexual. A partir de la observación etnográfica de encuentros del movimiento LGBT, y en particular, de travestis y transexuales en el Brasil, así como de entrevistas a travestis y transexuales consideradas líderes de ese movimiento, se abordan dos caminos de purificación de la diferencia que se han mostrado como más relevantes: la medicalización y la politización de las identidades "travesti" y "transexual". Se destaca, además, otra posibilidad de purificación relativa, que pasaría por el glamour como medio de superación de las adversidades.Palabras clave: travesti; transexual; medicalización; militancia; purificaciónThe (im)possible purity: medicalization and activism in travesti and transsexual experienceAbstract. This article discusses strategies of purification to overcome the symbolic exclusion of travestis and transsexuals from the spectrum of human intelligibility, as they break hetero-sexual matrix. Based on ethnographic observation conducted at LGBT movement and–particularly–trans movement meetings in Brazil, as well as interviews with self-identified travesti and transsexual activists, two purification paths considered most relevant are analyzed: the medicalization and politicization of "trans" identities. Additionally, a third possibility of relative purification is highlighted: glamour as a way of overcoming adversity. Keywords: travesti; transsexual; medicalization; activism; purification
O artigo pretende realizar uma análise das experiências sociais das travestis com o aprisionamento, especialmente no que se refere à produção de (in)visibilidade e violência. Na perspectiva do feminismo intersecional e da criminologia crítica, bem como tendo por base teórica o método materialista histórico, entende-se que as travestis são penalmente selecionáveis não apenas em razão de suas identidades de gênero, como também em virtude de sexualidade, classe social, raça/etnia e estética – passando por um processo de criminalização somente experimentado por elas no cárcere. Isso significa que as relações de opressão a que estão submetidas consideram todas essas dimensões da diferença humana e que em seus corpos manifesta-se a própria questão social, expressando as desigualdades decorrentes da experiência com a pobreza, com o racismo, com a transfobia/cissexismo e com os padrões estéticos. Tal análise é fruto de dissertação de mestrado em Serviço Social e tem como base entrevistas realizadas com travestis, seus companheiros de cela e técnicos penitenciários, além da observação participante de oficinas ocorridas com elas na prisão e com o movimento social organizado de travestis.
El trabajo se propone analizar las formas mediante las cuales el Estado argentino regula las corporalidades que desafían el binarismo genérico. A partir del año 2003 surgieron una serie de regulaciones orientadas bajo el ideario del respeto a la identidad de género de travestis, transexuales y transgénero como un derecho humano. Interesa analizar los factores que hicieron posible dicho cambio regulativo, así como los modos en los que en dichos posicionamientos estatales son definidos el travestismo, la transexualidad y la transgeneridad y el concepto de identidad de género. Guía el presente trabajo la hipótesis de que nuevas fronteras de lo humano son instituidas bajo la noción de derecho humano a la identidad de género. Atento a dichos planteos, se analizan tres documentos oficiales a fin de abordar críticamente los sentidos presentes en los mismos.
El enfoque epistemológico del trabajo se basa en el método arqueológico desarrollado por Michel Foucault, particularmente en lo que respecta a su modo de entender los documentos como componentes de entramados discursivos históricamente constituidos. La estrategia metodológica central es el análisis de fuentes secundarias de datos: documentos textuales oficiales abordados bajo la técnica del análisis de contenido cualitativo.
Discussões teóricas e estudos empíricos recentes mostram que, nas sociedades contemporâneas, as identidades sexuais e de Gênero realmente vividas extrapolam as rígidas dicotomias homem/mulher e masculino/feminino que fazem parte do projeto da ordem social moderna. Este trbalho apresenta uma pesquisa em andamento dobre experiências de vida de travestis e transexuais atualmente radicais na cidade de Curitiba, que etem por objetivo obetr uma maior compreensão dos processos de construção de identidade nesta população "transgênero". Identificamos como particularmente importantes os processos de interação social através dos quais as nossas informantes se autodefinem e são definidas pelos outros. Constatamos qua as fortes dicotomias sobre gênero que ainda operam na cultura atual fornecem tanto os termos com os quais as travestis e transexuais se autodefinem, quanto as bases para a estigmatização à qua continuam sujeitas.
Objetiva-se discutir o processo de intervenção desenvolvido junto a travestis que enfrentam condições de extrema vulnerabilidade social. O trabalho foi desenvolvido em uma casa-pensão onde moravam e trabalhavam como profissionais do sexo, pautando-se nos pressupostos das Metodologias Participativas. Foram realizados 20 encontros, trabalhando-se os seguintes temas: condições de vida e moradia, relação com familiares e companheiros, relação com as drogas, acesso aos serviços públicos de saúde, autoimagem e relações com o corpo. Através da intervenção, favoreceu-se o fortalecimento dos laços grupais, bem como o desejo de cuidarem de si, refletindo acerca da condição de vulnerabilidade que vivenciavam e de formas para sua superação.