Este artigo tem por objetivo problematizar a tematização do outro pela Filosofia. Dialogando com imagens do cinema e da televisão, procura identificar quais as imagens ou os conceitos do outro, produzidos na história da Filosofia. De forma esquemática, apresenta as imagens do outro como bárbaro (Aristóteles); exótico (Montaigne); civilizado (Voltaire); inferno (Sartre), para, ao final, ensaiar uma "não-imagem" do outro como diferença radical, proposta pela filosofia da diferença de Deleuze.
Aventurar-se no pensamento em filosofia não depende, a princípio, do uso necessário dos arsenais da razão. Antes, seria necessário lançar-se em seus domínios e ficar à espreita dos seus acontecimentos. Somente quando esses ocorrerem teremos como distinguir os que coincidem enormemente com o que já fazemos e pensamos, e os que trazem o novo. Talvez aí, de fato, algum empenho tenha sentido. Assim, ao me deparar com os escritos da filosofia da diferença, de maneira especial com os de Deleuze, Guattari e Foucault, foi possível deslocar a minha prática docente em filosofia dos moldes da filosofia maior e vislumbrar a filosofia em sua menoridade. Aliás, pelo inusitado dos acontecimentos que atravessam nossas salas de aula, penso que seja possível sugerir aos alunos que inventem suas próprias regras de fazer filosofia, segundo uma nova maneira de confecção, um novo estilo que lhes seja próprio, ou seja, que tomem os autores da história do pensamento como matéria de entretimento, por meio de novas composições que não aquelas que os textos filosóficos já oferecem; que selecionem autores que endossam aquilo em que pensam, fazendo uso intensivo deles; que traiam os autores, respeitando-os o máximo, sem reproduzi-los.
In the thought of Charles Taylor, the relationship between authenticity and multiculturalism involves fundamental elements of contemporary society, such as the formation of identities, the politics of recognition, the mass communication. Although controversial, these concepts gain harmony and coherence in thought Taylor, thanks to his philosophical method of the historical knowledge of the most important traditions that form the Western thought. The authenticity understood as mere assertion of individuality creates a conflict for the common good, because it would imply the idea of exclusion and its default would be an erroneous fudamentation of authenticity. Taylor's solution is to take the concept of authenticity in the sense of community, that is to say, in the sense of the person, the being naturally open to others, the place of achievement of authenticity.
A proposta deste artigo é refletir sobre educação e alteridade a partir da filosofia de Michel Serres, que por ser um filósofo das relações, fornece elementos instigadores e desafiantes. Considera-se que a educação só se efetiva em circunstâncias em que há uma acolhida real ao diferente; isto é, a diferença, nesta perspectiva, é condição fundamental de todo ato educativo. Para pensar a educação, assim compreendida, o principal referencial deste artigo é a obra Filosofia Mestiça de Michel Serres, mais precisamente, o prólogo da obra, no qual o filósofo apresenta a história de Arlequim, aquele que no final se transforma em Pierrô. Com Arlequim, Serres leva a pensar a acolhida ao diferente, através da multiplicidade, do multicor e da mestiçagem, elementos constituintes desse personagem multifacetado. Porém, o processo educativo não termina aí. Ao final, a resultante das tantas marcas impressas pelos diferentes encontros é a soma branca, isto é, Arlequim se transforma em Pierrô. É na passagem de Arlequim a Pierrô que a educação, enquanto relação com a alteridade, se evidencia em Filosofia Mestiça. Este trabalho se propõe, pois, pensar as condições de uma acolhida hospitaleira à diferença.
O presente artigo pretende propor um determinado ensino de filosofia para jovens, hoje, na escola, que seja uma forma de ação política transformadora do mundo. Partimos da contextualização de nossos tempos como tendo a vida tomada pela política em sociedades de controle para defendermos a ação de criação de mundos possíveis a partir do mundo dado e imposto pelos mecanismos de poder que nos capturam. A possibilidade de criação não é mérito de poucos, está ao alcance de qualquer um, do homem comum. Uma ação educativa da filosofia na escola poderia ser a de fazer os alunos passarem por uma experiência filosófica em seu pensamento como uma disciplina de criar conceitos, dentro dessa perspectiva de incentivar a criação de outros tantos mundos possíveis e diferentes.
A vida aristocrática indica a educação individual, a educação da solidão e a educação do destaque, que requer a autocrítica como elemento para a autossuperação da grande individualidade. Portanto, não se trata de uma educação para todos, mas para os que têm reverência por si mesmos. Neste artigo, pretendemos apresentar as razões que fundamentam a educação aristocrática em Nietzsche e que encontram sentido na compreensão do mesquinho, do medroso, do estúpido, na massificação humana. Para este exame, a contextualização dos condicionantes da massificação e do aprisionamento humanos encontra espaço. A metodologia utilizada na investigação consiste na revisão bibliográfica, dado que se trata de pesquisa filosófica da educação. Os resultados encontrados apontam para a necessidade de um novo perfil de homem, capaz de superar esse estado de pequenez, mesquinharia e medo.
A igualdade, presente na educação de rebanho e que justifica a democracia, nivela o desenvolvimento humano por baixo, para o pior, de modo que se tem uma sociedade cada vez mais fraca. A educação aristocrática, ao contrário, privilegia o desenvolvimento da autonomia do indivíduo; nesse caso, a diferença constitui a meta a ser alcançada pelo filósofo. Não se trata de pensar a diferença como oposta à igualdade, de forma estanque, mas a diferença existe na igualdade. Neste artigo, apresentaremos a crítica de Nietzsche à democracia, da mesma forma que sua crítica à igualdade. Além disto, analisaremos o sentido da educação aristocrática no contexto da hegemonia prussiana, além de aspectos fundamentais da filosofia de Nietzsche, com destaque para a vontade de potência. Com esses elementos, pretendemos argumentar que, paradoxalmente, a educação de rebanho se revela importante como estímulo à educação aristocrática, da mesma forma que a igualdade também indica a necessidade da diferença como possibilidade de plenitude do filósofo do futuro, muito livre; então, é na diferença que a educação aristocrática se estrutura.
O presente artigo objetiva pensar a ideia de formação a partir da perspectiva da filosofia da diferença: O texto mobiliza uma crítica à ideia de formação compreendida ao logo da tradição clássica e toma por meio das inferências de Nietzsche e Deleuze uma ideia de além-formação, esta é compreendida para além dos pressupostos identitários e festeje a transversalidade, a singularidade, o fluxo e a intensidade. Essa perspectiva exercita uma espécie de movimento turbilhonar que não aceita a representação do mero instalado, mas marca o corpo na imanência do acontecimento diferencial que se caracteriza pela aventura da sua existência. Como um corpo que sente e que luta e labuta no eterno jogo de criação. Assim, o grande acontecimento se configura pelo movimento e o aprendizado se faz na sua própria instalação de si, exercendo a multiplicidade, a inocência da criação. Sem determinações ou enclausuramentos. Essa formação pensa a transformação em toda sua potência de vida.
In the current study of conflicts, dominant visions tend to underline the decisive role of primordial ethnic or religious identities. This primordialist perspective, however, takes attention away from other important causes that contribute to the emergence and perpetuation of conflict, namely deep socioeconomic inequalities between groups. Departing from Sudan's North-South conflict, its origins and the evolution in the conflict resolution and peacebuilding models that culminated with the signature of the 2005 Comprehensive Peace Agreement, we argue that effective and sustainable peace strategies in Sudan (and elsewhere) imply addressing the more structural inequalities at stake and the deconstruction of simplistic views of the role of ethnicity and religion. Adapted from the source document.
Este texto faz parte de uma pesquisa de doutorado realizada no Laborarte/ UNICAMP, com foco central na história de vida artística de Denise Stutz, bailarina brasileira, e seu percurso de atuação desde a década de 1970 até os dias atuais. O recorte aqui refere-se ao seu período de questionamento com a dança e sua experiência no campo teatral e da performance, em um momento de ruptura estética e existencial. Esta pesquisa alia voz e corpo em seus aspectos sensíveis, adotando como procedimento metodológico na pesquisa qualitativa, a transcriação de suas narrativas orais e as análises de movimento integradas às análises de espetáculo das narrativas cênicas de obras de referência na trajetória da bailarina. Costurando as reflexões estéticas vividas e encenadas podemos constatar a potência da arte da dança como modo de percepção, transformação e criação de si mesmo, e desta dança como discurso pronunciado pelo corpo-sujeito no mundo e para o mundo circundante.
Objective: To investigate generating feelings of psychological distress in nursing technicians before the process of suffering and death of the patient in a clinical unit, which is justified by the unexpected experiences and constant of daily stress faced by the nursing staff. Method: It is a qualitative and descriptive study. Data were collected through interviews with technical from clinical unit and analyzed by analysis of speech in thematic modality. Results: Feelings of frustration and powerlessness were seen by the subjects, resulting in pain, relieved by the use of some mechanisms such as religion. Conclusion: It is believed that foster opportunities for discussion about the process of death and dying, in its many cultural and scientific views can minimize suffering.
Objective: The study aims to know the experience of mastectomized woman face to falling ill and surviving breast cancer. Method: It is a qualitative study, carried out with five women that have survived breast cancer, were mastectomized, had a high degree of resilience and were treated at the Oncology Unit of the Teaching Hospital in southern Brazil. Data collection has occurred at home, from august to October 2011, through semi-structured interviews and thematic analysis. The ethical aspects were respected. Results: The experience of cancer was permeated by many feelings for these women, but they have found strength in the support of their family, friends, religion and faith. After the treatments, they have sought alternative ways to survive with quality. Conclusions: Nursing has a key role in evaluating needs of the mastectomized woman and contributing to her social reintegration