A partir de fontes primárias e secundárias, materiais documentais e bibliográficos, este ensaio almeja discutir os vetores de institucionalização da política do patrimônio cultural no Brasil do século XX. Propomos dois principais vetores: 1) a escala do monumento; 2) a escala do cotidiano. O objetivo, portanto, é compreender as trajetórias institucionais erguidas na contingência do campo de produção simbólica e seus respectivos conflitos. Tem-se em vista, dessa maneira, localizar os principais agentes intelectuais mediadores e a formação dos quadros administrativos em uma arena de disputa política, institucional e, sobretudo, discursiva.
Este artigo apresenta uma discussão teórica sobre o tema do patrimônio cultural. Inspirado por Michel Foucault, o texto almeja proceder uma análise de discurso tomando como objeto de investigação a gênese e estrutura da racionalidade patrimonial. Nesse sentido, o argumento se ergue em 4 partes: 1) primeiro, mostro os fundamentos teóricos de uma ordem discursiva; 2) depois, reproduzo os enunciados de autores canônicos, mostrando como se constrói a disposição epistemológica da categoria "patrimônio"; 3) ainda, conduzo uma discussão sobre a ordem simbólica estatal, sobretudo o modo pelo qual a categoria de patrimônio cultural se ajusta ao projeto da modernidade, qualificando a integração do estado-nação; 4) por fim, discuto a dispersão dos enunciados do patrimônio cultural brasileiro na política do Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional – IPHAN.
Resumo:
Este ensaio pretende lidar com os problemas colocados à reflexão sociológica pelo processo de globalização, especificamente no contexto da segunda metade do século XX. Quais temas, objetos e conceitos que, desde então, desafiam a compreensão do mundo social? Em que medida o mundo contemporâneo se transformou e quais os impactos dessa transformação para a nossa reflexividade? Partindo dessas questões preliminares, o texto elaborado se estrutura em três principais partes: 1) primeiramente, argumenta-se sobre o contexto de surgimento das ciências sociais e a historicidade de suas categorias de análise e o modo como a mudança social, nesse caso, o processo de globalização, nos colocou em face de novos desafios para a reflexão sociológica; 2) posteriormente, procuramos pensar o processo de reestruturação do capital e do trabalho após 1970, colocando o problema posto pela noção de "trabalho imaterial" e "capital humano"; 3) posteriormente, nos dedicamos à compreensão do sistema cooperativo das Nações Unidas e o modo pelo qual, nesse contexto, se estabelecem tensões com a estrutura do Estado-nação, sobretudo a partir da emergência de um novo emblema sociológico: o discurso da diversidade.
Palavras-chave: diversidade; imaterialidade; globalização; pensamento social.
Abstract:
This essay aims to deal with the problems placed to sociological thought by the globalization process, specifically in the context of the second half of the 20th century. What themes, objects and concepts have since challenged the understanding of the social world? To what extent has the contemporary world been transformed and what are the impacts of this transformation on our reflexivity? Based on these preliminary questions, this papper is structured by three main parts: 1) first, it argues about the context of the emergence of social sciences and the historicity of its categories of analysis and the way in which social change, particularly, the globalization process, has brought us new challenges for sociological thought; 3) later, we try to think about the process of restructuring of capital and labor after 1970's, facing the problem posed by the notion of "immaterial labor" and "human capital"; 2) afterwards, we dedicate ourselves to understanding the United Nations cooperative system and the way in which, in this context, tensions are established with the structure of the nation-state, especially from the emergence of a new sociological emblem: the discourse of diversity.
Keywords: diversity; immateriality; globalization; social thought.
Na fronteira da história da arte com a antropologia cultural, o proposta desse ensaio almeja promover o encontro das ideias de Aby Warburg com as de Franz Boas. O mote para a costura teória desse autores é exatamente o problema da origem da expressão artística, ressaltando, para tanto, questões relativas à forma e conteúdo. Observamos que, por um lado, a origem da expressão artística encontra explicação pela ancestralidade dos hábitos motrizes, na fabricação técnica dos objetos da vida cotidiana, cuja necessidade psicológica se acha no prazer do virtuose em dominar formas compelxas. Por outro lado, a origem da expressão artística funda-se na ordenação cosmológica do mundo, no efeito de vinculação simbólica, cuja necessidade psicológica se exerce pela empatia mimética que visa apreender o imponderável da existência.
Este artigo propõe discutir o processo de alinhamento entre o conceito de "cultura" e a matriz discursiva do desenvolvimento dentro do contexto histórico de transformação dos modos de regulação do capitalismo global na segunda metade do século XX. Primeiramente, pretende-se apontar para o vínculo entre cultura e economia no interior do debate sobre as indústrias criativas. Posteriormente, a partir da análise de uma série de documentos da UNESCO, busca-se rastrear as estratégias discursivas para legitimar o princípio da diversidade cultural no âmbito da cooperação internacional para o desenvolvimento. Por fim, recorre-se a um documento foco - Nairobi Plan of Action -, amparado por uma intertextualidade documental relacionada, a partir do qual será possível compreender o protocolo de disseminação dos modelos prescritivos das indústrias criativas mundo afora.
O presente texto é produto de um desafio proposto como trabalho de conclusão da disciplina "O Poder Simbólico na Sociologia Reflexiva de Pierre Bourdieu". O desafio consiste na realização de um cruzamento entre uma prática fílmica e uma prática analítica-sociológica. O método utilizado para evocar o cruzamento do filme com a teoria é, basicamente, a construção, segundo o esquema analítico de Bourdieu, da trajetória social do personagem Máiquel, do filme "O Homem do Ano". Assim, o modelo teórico de Bourdieu aparece conforme a descrição dos eventos/cenas julgados mais importantes. É necessário explicitar que a intenção desse movimento não é tomar o filme como ilustração dos fundamentos da teoria, mas realizar uma espécie de interlocução entre as duas práticas sem, com isso, confundi-las. Dentre as múltiplas questões levantas, pode-se dizer que a problemática do "destino social" recebe um merecido destaque. O objetivo é obter como resultado, através dessa interlocução cautelosa, uma plausível reflexão de caráter sociológico.